[Resenha] O Fantasma

O Fantasma

Título Original: Phantom (Harry Hole #9)

Autor(a):  Jo Nesbø

Editora: Record                    Páginas: 490

Lançamento: 2017               ISBN: 9788501105288

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Para salvar aqueles que ama, Harry Hole precisará enfrentar seus próprios fantasmas em mais um caso brutal que abala Oslo. Depois de três anos morando em Hong Kong e tentando fugir dos traumas de sua vida como detetive em Oslo, Harry Hole retorna à Noruega. O impensável aconteceu: Oleg, o menino que ele ajudou a criar, foi preso, acusado de matar um traficante de drogas. Harry não acredita que ele seja um assassino e inicia uma caçada para prender o verdadeiro culpado. Apesar de não pertencer mais à Divisão de Homicídios, Harry tem um novo caso a resolver. Mais uma vez ele percorrerá o submundo de Oslo, onde uma nova droga está se tornando bastante popular. Mas isso não será o suficiente para salvar Oleg. Para provar a inocência do rapaz, Harry será obrigado a confrontar o próprio passado.

O Fantasma é o nono volume da série policial Harry Hole, de Jo Nesbø, publicada no Brasil pela Editora Record. Este livro vem logo após O Leopardo e como em cada nova aventura o protagonista sempre vence e perde ao mesmo tempo, eu imaginava que encontraria desta vez um Harry totalmente no fundo do poço e acabei sendo surpreendida quando ele surgiu totalmente livre da dependência química e alcoólica e voltando para a Noruega repaginado… ou quase.

Harry Hole é um excelente policial norueguês do departamento de homicídios que já desvendou os mais complexos casos no seu país e em outros (O Morcego – Austrália e Baratas – Tailândia) e se consagrou como eficaz caçador de serial killers. No entanto, ele tem problemas com drogas e álcool e vive na corda bamba por conta disso. Há ainda a questão que sempre seus casos o atingem profundamente, seja de maneira física (Hole tem várias cicatrizes) e  emocionalmente (fracasso total em relacionamentos) e com isso mesmo capturando o criminoso o policial sempre perde algo no final.

Na situação atual ele deixou a polícia há três anos e está trabalhando para empresas privadas como cobrador de dívidas, até que fica sabendo que o filho de sua ex-namorada e ainda seu grande amor – Rackel –, foi preso por homicídio e ele não consegue acreditar que o garoto que considera um filhos tenha sido capaz de ato tão cruel. Hole volta para casa disposto a provar a inocência do jovem Oleg.

Eu gosto bastante desta série e tenho um carinho muito especial por Harry Hole. Ele é um cara teimoso, destemido, de gênio forte e de um humor fora de hora que tira qualquer pessoa do sério e lá no fundo é um cara que preza justiça acima de tudo e tem um coração grande que foi partido vezes sem fim. Eu não li a série na ordem, só há pouco tempo  consegui conferir os primeiros volumes e ainda não li todos, mas a cada livro que leio vejo o quanto o protagonista sofreu e torço demais para que um dia encontre paz e alegria.

Em O Fantasma pela primeira vez vamos nos questionar se ele está certo ou errado, pois o amor que sente por Oleg parece impedi-lo de aceitar que o garoto possa ser o assassino. Hole sempre tão imparcial está envolvido demais e as emoções podem turvar sua visão. E além disso ele reencontra a mulher que ama e não pode ficar ao seu lado e todo o tempo temos a impressão de este caso não é apenas uma investigação policial e sim a oportunidade de Hole passar a vida a limpo, espantar antigos fantasmas e ter sua segunda chance de ser feliz.

E enquanto o protagonista lida com emoções, aproveita para reativar antigos contatos e mergulhar de vez na investigação do assassinato de um jovem traficante e viciado e isso nos leva por um esquema bem elaborado de tráfico de drogas e corrupção policial e política que domina Oslo no momento. Além disso há um chefão das drogas chamado Dubai que ninguém sabem quem é e descobrir a identidade e esconderijo desta figura será essencial para chegar na verdade.

Jo Nesbø vai além do crime em suas histórias, ele explora profundamente os personagens (lhes dando corpo, alma e vida) e ainda abre espaço para debater problemas atuais e relevantes. Sempre há em seus livros abordagem sobre política, economia, crises sociais entre outros problemas que nos assolam e isso dá para a trama uma consistência única e torna a história complexa e muito bem engendrada. O melhor é que cada um destes elementos acaba sendo parte do assunto principal e nada fica ali ao acaso.

Este livro foi um dos que mais me deixou confusa e sem conseguir elaborar uma teoria para o desfecho, chutei várias vezes e errei todas.  Isso ocorreu porque além do crime central, há diversos outros nas entrelinhas e até mesmo mais graves do que o que envolve Oleg. O autor pode até mesmo aproveitá-los em outros livros se quiser.

Mas nem tudo foi difícil de perceber, aqui e ali até que eu saquei logo a verdade e digo mais uma vez que acaso não existe nas obras de Jo Nesbø. Uma das coisas que mais intriga e até mesmo confunde são as partes narradas em primeira pessoa pela voz do rapaz assassinado e foi exatamente por eu acreditar que desde a primeira página era apenas ele uma vítima que não acertei o desfecho.

Estou aqui aflita pelo volume dez, preciso muito saber no que resultou de verdade a descoberta de Harry Hole, pois mesmo com a identidade do assassino sendo revelada esta história não acaba aqui. Eu adorei! Com certeza este foi um dos livros mais ligados a vida pessoal de Hole. Ah! E quem quiser me presentear com os volumes de 3 a 6 estou aceitando. Recomendo para todo amante de histórias policiais. 

Confira também as resenhas de: O Morcego, Boneco de Neve, O Leopardo e Sangue na Neve

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