[Resenha] Invisível

Invisível
Título Original: Marrow
Autor(a): Tarryn Fisher  
Editora: Faro                        Páginas: 256 
Lançamento: 2020               ISBN: 978-8595811003
||Skoob||  ||Goodreads||

Margô mora em uma casa caindo aos pedaços, num bairro abandonado, com sua mãe que a ignora há dois anos. Ela se sente invisível, até que a amizade com Judah, seu vizinho cadeirante, muda suas perspectivas e a desperta. Quando uma criança de sete anos desaparece em seu bairro, Margô resolve investigar o caso com a ajuda de Judah e o que ela descobre a transforma por completo. Agora, determinada a encontrar o mal, caçar todos os molestadores de crianças, torna-se a razão de sua vida. Com o risco de perder tudo, inclusive sua própria alma, Margô embarca num caminho sem volta... E o que isso diz a ela sobre si mesma? Por que decidiu fazer justiça? O que a tornou tão invisível?

Margô vive na casa que devora, na cidade dos esquecidos, que fica em um fim de mundo nos EUA. É bem essa a impressão que temos ao iniciar a leitura de Invisível, de Tarryn Fisher, publicado no Brasil pela Faro Editorial.

A jovem, que começa na história com apenas treze anos, nunca teve uma vida fácil. A mãe dela em determinado momento resolveu se trancar em casa e se prostituir. Fazia da filha sua empregada pessoal e depois a relegava ao ultimo plano de sua vida.

Margô era usada pela própria mãe como ferramenta conveniente e não vista como uma filha amada. Esta falta de carinho e atenção foram perturbando a jovem aos poucos. Quando dois acontecimentos marcantes invadiram sua adolescência (a descoberta da identidade do pai e o assassinato de uma garotinha), Margô simplesmente surtou e passou a ver a vida como um palco para ela fazer justiça, uma justiça nada comum. 

Tarryn Fisher é para mim a rainha dos personagens complexos e tenham em mente que suas protagonistas sempre se aproximam mais de vilãs do que de mocinhas. No entanto, como mencionei, seus personagens são complexos e não dá para colocar um rótulo ou estereotipar nenhum deles. Dependendo de sua forma de ver a vida, de analisar o que é certo ou errado, aceitável ou reprovável, você vai enxergar estes personagens de maneiras diferentes, podendo ou não aceitá-los.

É fascinante a forma que a autora os constrói, ela dá vida à eles de maneira única e o leitor fica grudado na obra tentando desvendar tal pessoa. Margô, assim como outras protagonistas da autora, é totalmente fora da caixa e tem seu código de moral exclusivo. Não posso dizer que aceito ou mesmo concordo com sua forma de acertar as coisas, mas por mais insano que seja, o que ela apronta faz sentido no contexto de sua vida. É um errado que por fim parece muito certo.

É complicado expressar em palavras a complexidade e ambivalência da trama e da personagem central, só lendo e seguindo os passos de Margô é que você vai entendo como a trama de Invisível é densa e de carga dramática e psicológica pesada.

Margô começa com treze anos e no decorrer dos capítulos ela vai ficando mais velha e vamos vendo sua personalidade ser moldada. Até certo ponto eu achei que sabia por onde a história ia seguir, mas então vem uma grande mudança que nos leva para um outro cenário e uma nova realidade para a protagonista.

Lá, vivendo em um mundo ao qual ela não tem familiaridade, ela segue tendo em mente que precisa ajudar os que foram feridos como ela foi e, desta forma, segue fazendo justiça com as próprias mãos. Isso leva à um grande plot twist, algo que mudou toda a minha percepção da história.

E deste momento em diante nada mais é confiável. Você duvida de tudo que leu até ali e de tudo que vai ler adiante. Até onde a protagonista viveu a realidade e até onde foi produto de sua mente transtornada?

Não dá para saber e até a última página a história não termina, na verdade ela se torna mais esclarecedora após ler os comentários finais de Tarryn Fisher, mas não conclusiva. Não que a  jornada de Margô termine em aberto, tem sim um final fechado, mas acreditar no que seja real fica a cargo de cada leitor.

Uma obra que fascina por sua maneira nada comum de contar uma história. Tarryn Fisher é uma autora incomum, que leva para dentro de cada uma de suas histórias um pouco de si e as torna uma experiência de leitura marcante, cheia de camadas e para nos fazer pensar por algum tempo. Eu recomendo!


12 comentários:

  1. Oi, Cida! Tudo bom?
    Eu acho que já comentei que tenho alguns probleminhas com a editora, né? Então prefiro não ler nada deles mesmo, independente da premissa e autor.

    Beijos, Nizz.
    www.queriaestarlendo.com.br

    ResponderExcluir
  2. Olá, Cida.
    Eu virei fã da autora depois de ler Stalker. Mas nesse livro achei ela brilhante. Porque eu particularmente adoro livros assim onde a gente termina e fica naquela dúvida se o que a gente leu era real ou não. Espero que tragam mais livros dela logo.

    Prefácio

    ResponderExcluir
  3. Livros me que trazem essa sensação de dúvida e questionamentos são incríveis. Gosto de ficar pensando e pensando sobre o que li e as vezes demora dias para a leitura sair da minha cabeça haha. Esse livro eu já conhecia, mas ainda não cheguei a ler.

    Abraço

    Imersão Literária

    ResponderExcluir
  4. Oiii Cida

    Eu quero tanto ler esse livro, a premissa é bem o estilo que gosto e essa autora parece escrever tramas bem diferentes e imprevisiveis. Tenho Stalker dela na estante, pretendo ler em breve e depois quero ver se consigo ler esse também.

    Beijos, Ivy

    www.derepentenoultimolivro.com

    ResponderExcluir
  5. Nunca li nada da autora, mas eu amo protagonistas anti-heróis e mais verossímeis do que os bons e velhos personagens bonzinhos e clichês. Eu amei a sua resenha e ela me deixou curiosíssima com esse livro.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

    ResponderExcluir
  6. Oi Cida, tudo bem?
    Me parece impossível crescer de forma normal com esse contexto da Margô. Acho bem realista que ela seja, como você descreveu, ambivalente. Achei a proposta bem interessante e fiquei curiosa pra conhecer essas personagens complexas criadas pela autora.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

    ResponderExcluir
  7. Oi Cida,
    Parece manter um bom suspense, eu adoro.
    Ainda tenho que escolher uma obra da autora para conhecer, mas já criei teorias com essa.

    até mais,
    Canto Cultzíneo

    ResponderExcluir
  8. Oi Cida, tudo bem?

    Não conhecia o livro, mas pela sua resenha já deu para sentir que a narrativa é bem intensa. Não é o tipo de livro que eu costumo ler, mas só pelos pontos positivos que você apresentou, vou arriscar e dar uma chance.

    Beijos e um ótimo final de semana;*
    Ariane Reis | Blog My Dear Library.

    ResponderExcluir
  9. Oi, Cida

    Eu tenho muita vontade de ler algo da autora por essa complexidade e ambiguidade dos personagens que ela cria. Gosto de histórias que me deixam em dúvida sobre o que eu estou lendo, então acho que essa livro ia funcionar comigo...

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

    ResponderExcluir
  10. Olá,
    Ainda não li nada da autora mas morro de vontade. Já li sobre essa complexidade dos personagens e isso me atrai bastante. Adorei conhecer melhor esse livro.

    Beijo!
    www.amorpelaspaginas.com

    ResponderExcluir
  11. Oi Cida,
    Meu primeiro contato com a Tarryn foi bem positivo, já comprei outro livro dela, mais pegado no thriller para ver se gosto também. Se sim, vou querer comprar este também!
    beeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  12. Simplesmente amei o livro , muito complexo.
    Na última reviravolta da história, a dúvida toma conta, se ele é real ou não.
    voltei algumas páginas pensando ter perdido algo rsrs.

    ResponderExcluir

Obrigada por seu comentário.

Sua participação é muito importante.

Um grande beijo!