[Resenha] Kobane Calling

Kobane Calling
Título Original: Kobane Calling
Autor(a): Zerocalcare 
Editora: Nemo                      Páginas: 272
Lançamento: 2017               ISBN: 9788582864210
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Viajando como enviado de um jornal italiano, o quadrinista Zerocalcare atravessa os confins da Turquia, do Iraque e do Curdistão Sírio para chegar à cidade de Kobani ao encontro do exército de mulheres curdas, que luta contra o avanço do Estado Islâmico. A partir dessa viagem, Zerocalcare produz uma reportagem de sinceridade pungente, um testemunho indispensável e perturbador que transmite a complexidade e as contradições de uma guerra muitas vezes simplificada pela mídia internacional e pelos discursos políticos. Tudo isso com um tom inimitável, extremamente bem-humorado e ao mesmo tempo tocante – a linguagem e o universo de um autor que sabe como ninguém representar as pessoas, o cotidiano, os medos e as aspirações de sua geração. Blogueiro e autor de quadrinhos com viés autobiográfico, Zerocalcare é um fenômeno editorial de um sucesso sem precedentes na história dos quadrinhos italianos, pronto para conquistar o mundo.

Kobane Calling Ou Como Fui Parar No Meio Da Guerra na Síria, de Zerocalcare, é uma graphic novel de cunho jornalístico, onde o autor nos relata como foi sua experiência junto a Resistencia Popular Curda que luta para conter o avanço do Estado Islâmico.

Acima de tudo é sobre as pessoas na guerra, não apenas a guerra.

Eu adoro histórias em quadrinhos e nos últimos dois anos tenho feito ótimas leituras dentro do gênero. Até mesmo mangás, que achei que não me agradariam, ganharam um lugar na minha estante e no meu coração. Eu comecei a minha vida de leitora com gibis da Disney e da Turma da Mônica e hoje, mesmo ainda os lendo, o que mais busco são quadrinhos diferentes. Tive ótimas experiências com quadrinhos voltados para o público adulto, desde fantasias até biografias e, mais recentemente, resolvi me aventurar por temas mais complexos.

Kobane Calling veio bem a calhar nesta minha jornada, com seu forte conteúdo político, social e real.

Zerocalcare sabe contar uma história, por mais complexa que seja sua HQ, ele se faz entender e nos permite absorver a grave situação de Kobane,  de seu povo e da guerra que cerca a todos. Não é uma leitura para uma sentada só, fiquei alguns dias com a obra, lendo aos poucos e absorvendo a grandeza do que foi abordado. É algo muito interessante e que desperta a vontade de buscar mais e mais sobre o assunto a cada capítulo.

Tem muita informação, Zerocalcare tenta da melhor forma explicar para nós o conflito, a situação politica, religiosa e até mesmo geográfica. Ele sempre se desculpa por estes momentos mais teóricos, mas que são necessários para nos situar.

Além disso, Zero não toma partido de ninguém. Ela é imparcial nos relatos. Se tem opinião e preferência, guarda para si. Está ali para nos contar algo, não nos fazer ficar de um lado ou de outro. Apenas conta a história pura, sem nos obrigar a engolir o que os políticos e demais desejam. Acima de tudo busca sentido naquela guerra.

Li outros relatos de guerra, sempre pesados e cheios de dor, mas Zerocalcare com extremo bom humor, soube dar leveza a sua história sem nunca perder a seriedade da mesma. Sabemos a importância da situação e da guerra que ele acompanhou. Sabemos que pessoas morreram nesta luta e a esperança de paz é quase nula, mas também sabemos que independente do lado que se lute, há seres humanos ali. Pessoas com sonhos, amores, sentimentos e que são gente como a gente. A humanidade que a história tem é enorme e a irreverencia do autor é imprescindível para chegar em nosso coração e mostrar o cotidiano, não apenas as batalhas, mas a vida de cada pessoa que está ali naquela luta.

O autor até mesmo fala de si e de como foi ir para Kobane e a forma com a família lidou com isso. De uma forma ou de outra, não foi apenas uma reportagem para ele, foi uma mudança de perspectiva e uma experiência que o amadureceu. O Zero que temos na primeira página não é o mesmo da última. A transformação é evidente.

Eu adorei Kobane Calling. Não dá para afirmar que a história termina quando chegamos na última pagina, pois estamos falando de vida real e esta vida segue mesmo com o fim da reportagem de Zerocalcare. Ele compartilhou conosco um pouquinho do conhecimento que ganhou, nos mostrou uma porta de entrada para uma realidade que não é comum para nós no Brasil e com isso expandiu meus horizontes para o mundo. Não acaba aqui, foi apenas o começo e cabe a cada um que ler, decidir se segue em frente em busca de mais. Independente da sua opção, ao terminar esta graphic novel, algo de diferente vai estar com você. Leiam!



5 comentários:

  1. Oi, Cida!
    Eu também não sou muito de ler graphic novels, hqs e afins, mas estou tentando fazer um hábito. Logo eu consigo.
    Gostei da temática dessa. Interessante ver esse relato, que é tão atual infelizmente. Bom saber que a história tem uma certa leveza, apesar do assunto.
    Beijos
    Balaio de Babados
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  2. Oi Cida,

    Sempre gostei de histórias em quadrinhos e essa parece ser interessante, uma pena eu não ter pegado ela com a editora para ler.
    Fico feliz que tenha gostado.
    Bjs
    http://diarioelivros.blogspot.com.br

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  3. Oi Cida, sua linda, tudo bem?
    Saudades de você!!! Eu também cresci com os gibis da Turma da Mônica. E acho incrível que até hoje eles continuem se atualizando, semana passada li um da turminha que envolvia o universo da liga da Justiça e achei o máximo, risos.. Não conhecia esse, mas só pelo cenário da guerra já me interessou.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  4. Oiii Cida

    Livros inspirados na própria vida são em grande parte das vezes super interessantes. Acho que atualmente a Guerra da Siria e do Iraque é o foco mesmo, e qualquer livro que saiba explorar e relatar bem o tema tende a ganhar o leitor. É um conflito tão cheio de lados e motivacões que quanto mais a gente lê sempre quer saber ainda mais detalhes. Eu desde que soube desse livro coloquei ele na lista e agora coma sua resenha (a primeira que leio dele eu acho) com certeza vai permanecer na lista e espero conferir em breve.

    Beijos

    De repente, no último livro

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  5. Oi Cida,
    Essas GN da Nemo estão cada vez mais interessantes.
    Adorei a premissa dessa e também a capa. Gostei como o autor relata, sabendo dosar humor e seriedade.

    tenha uma ótima quarta =D
    Nana - Canto Cultzíneo

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