[Resenha] O Que Há De Estranho Em Mim

O Que Há De Estranho Em Mim
Título Original: Sisters in Sanity
Autor(a): Gayle Forman 
Editora: Arqueiro                 Páginas: 224
Lançamento: 2016               ISBN: 9788580414806 
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Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade.  Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão. Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece.

Existem alguns livros que leio sem nem mesmo conferir a sinopse. Isso acontece quando a obra é de algum autor que gosto muito e Gayle Forman faz parte parte do time daqueles que têm lugar garantido na minha estante. Comecei a ler sua obra sem saber bem o que esperar e a cada livro me surpreendo com a qualidade e intensidade de suas histórias. O meu preferido é Eu Estive Aqui, mas os seis que já li me agradaram demais.

Brit viu sua família ser destruída quando a mãe foi acometida por um grave problema mental e acabou indo embora. Ela e o pai, sempre tão alegres, passaram a viver como uma sombra do que eram e quando ele se casou outra vez as coisas ficaram piores.

A garota buscou refúgio na música e logo estava tocando com uma banda. Só com os amigos músicos sentia-se à vontade e pelo menos naqueles momentos conseguia saber o que era estar alegre novamente. Entretanto, em casa nada era tranquilo e as constantes brigas acabaram por fazer com que seu pai achasse melhor internar a filha em um local que trataria de aplicar a devida correção nos "desvios de caráter" da mesma. Será que o pai de Brit escolheu o melhor caminho?

A linha que separa a rebeldia de um transtorno psicológico pode ser tênue. Como diferenciar uma fase pela qual seu filho está passando de um problema que pode levá-lo a própria destruição? Eu acredito que em muitos casos seja difícil separar, mas com Brit vemos que ela não precisava de tratamento e sim de amor, de ter de volta o pai atencioso e alegre que fez parte de sua infância.

Pode até ter sido por medo, mas o fato é que senti muita raiva deste homem que preferiu lavar as mãos e deixar a filha aos cuidados estranhos para ser “tratada”. O que agrava mais a situação é que o local onde ela teve que ficar era uma completa fraude. A Red Rock não dava apoio e tentava curar suas internas, ao contrário, por meio de humilhação, disputas, confinamento, privação e serviço braçal, fazia com que as garotas ficassem a um passo de perder a sanidade.

Vemos com clareza que a maior parte das internas não tinha problema, claro que algumas precisavam de ajuda e nestes casos ficaram ainda piores, mas muitas estavam ali por não seguirem modelos de vida aprovados pelos pais e pelas pessoas ao seu redor.

Estar acima ou abaixo do peso, gostar de pessoas do mesmo sexo ou mesmo gostar muito de transar, estas são algumas das “doenças” que a Red Rock prometia curar. Que absurdo! E o mais triste é que  embora seja uma obra de ficção, sabemos que existem muitos por aí que encaram jovens nestas situações com maus olhos, com extremo preconceito.

É impossível ficar imune ao descaso com que as meninas são tratadas, o único sopro de esperança vem da aliança que Brit forja com V, Bebe, Martha e Cassie. Elas se apoiam mutuamente para impedir que a Red Rock as quebre e assim percam a sanidade. Cada uma delas é uma personagem com uma história de vida tão interessante como a de Brit e as “irmãs”, com se intitulavam, vão nos fazer torcer por sua liberdade e recuperação da dignidade roubada.

O Que Há de Estranho em Mim é primeiro livro de Forman, mas tão impactante quanto as obras atuais. Novamente ela me surpreendeu por conseguir mexer com meu emocional de forma tão acentuada. Logo nas primeiras páginas a covardia do que foi feito com a protagonista me atingiu e vi mais uma vez o poder que a autora tem de destruir o leitor ao destruir seus personagens. Não é qualquer um que em menos de dez páginas vende um drama e faz você querer lutar por algo ou alguém.

Eu desejei bater naquele pai, naquela madrasta e derrubar Red Rock. Angústia e revolta foram os sentimentos que me dominaram. E pensar que podemos nos deparar com uma situação dessas a qualquer momento, faz pensar sobre como a incompreensão e preconceito são destrutivos.  O interessante é entender que nesta trama quem precisava de ajuda não eram os filhos e sim os pais. Brit demorou, mas mostrou ao dela que ele precisava enfrentar os próprios medos e não jogá-los para a filha. Os pais são nossos mentores, mas não são infalíveis e podem ficar muito perdidos às vezes, ao ponto de mesmo sem querer, magoarem os filhos.

Tanto o título nacional quanto o original caíram bem. O nosso é um pensamento que com certeza dominou as meninas todo tempo, afinal elas foram abandonadas pelos pais e imaginaram o que havia de estranho nelas para serem deixadas pata trás.  O original representa o laço que salvou cada uma dela da loucura e da solidão. 

Gayle Forman sabe envolver e contagiar seus leitores. Suas histórias me fazem sofrer, mas também comemorar quando surgem as vitórias.  Os personagens se tornam reais para mim e saem das páginas. 

Nesta obra ela aborda as problemáticas relações em família, as crises adolescentes que fazem parte do processo de auto-afirmação e descoberta, a dor da perda, o luto por aqueles que mesmo vivos nos deixaram de alguma forma, o preconceito e a intolerância. Contudo, apesar de termos tantos temas pesados e tristes, há algo que mostra que sempre há esperança:  a amizade das meninas e a coragem para sobreviver dia após dia e enfrentar aqueles que queriam destrui-las. As Irmãs são um exemplo de garra e uma inspiração para todos nós. Nunca duvide de si mesmo. Não tema cair e sim tenha coragem para levantar. 











24 comentários:

  1. Oi, Cida!
    Esse é o único livro da Gayle que realmente me despertou o interesse pra ler. Curto livros que abordam temas nesse estilo.
    Se eu já fiquei angustiada com sua resenha, imagina com a leitura...
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio do livro Marianas | Porcelana - Financiamento Coletivo

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    1. Oi Lu! Leia Eu estive aqui também, a temática é bem densa.

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  2. Oi Cida!
    Ainda bem que não li esse livro, porque eu também iria ficar com raiva de diversos personagens!
    Mas parece ser um livro muito bom, que bom que você gostou.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  3. Olá!

    Cada vez que leio uma resenha sobre esse livro me dá ainda mais vontade de ler. A história aborda uma questão tão polêmica e tão presente na relação de pais e filhos, que serve de alerta para todos. Já li alguns livros da autora, e suas histórias são realmente tocantes. Parabéns pela resenha!

    www.booksimpressions.blogspot.com.br

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  4. eu gostei bastante da mensagem que a trama passa, o sofrimento e a depressão são situações que merecem cuidados adequados e não serem situações para charlatões se aproveitarem como foi o acontecido com os donos da Red Rock, ou ponto é que a autora traz para seu livro temas atuais que alguns pais não conseguem lidar com diálogo e buscam erroneamente intervenção médica crendo naquilo como a solução, mas não são problemas que precisam de medicamentos ou tratamentos de choque, mas situações que requerem tempo e atenção dos progenitores, além de respeito e apoio!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  5. Adorei a resenha!!
    Confesso que quando vi esse livro não imaginava isso tudo, e fiquei mais entusiasmada para lê-lo. Ainda não conheço a escrita da Gayle Forman e acho que esse é um ótimo livro para começar. Também gostei muito de saber que pelos menos elas tinham umas as outras para se apoiar e ajudar a seguir em frente, acho a amizade umas das coisas mais preciosas dessa vida!!!
    Vou adiantar ele nas leituras, beijos :)

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  6. Oi Cida! A temática é bem forte, né? O bom é que foge um pouco do que a gente está acostumado a ver quando se trata de problemas adolescente.

    A autora é realmente muito boa!

    Bjs, Mi

    Pop Notas

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  7. Adorei a resenha, ainda não li, mas fiquei curiosa.

    Te seguindo
    http://blogdaadilene.blogspot.com.br/

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  8. Olá, Cida.
    Nossa que arrependimento agora. Algum tempo atras ganhei um sorteio e esse livro estava no meio para ser escolhido e escolhi outro. Eu não sabia que ele era tão forte assim. Já li dois livros da autora e gostei bastante, mas esse me pareceu estar em outro patamar. Parabéns pela ótima resenha.

    Blog Prefácio

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  9. Oi Cida!
    Eu já li um livro da Gayle Forman e não me apaixonei pela escrita dela.
    Talvez seja por seus personagens viverem a 'crise da adolescência', sabe? E eu estar buscando algo mais maduro. Mas já que você gostou, vou deixar anotado aqui para dar uma chance. ;)
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  10. Esse livro está bombando na blogosfera literária , e todas as resenhas que leio dele são super positivas, falando da mensagem de superação e inspiração que a autora passa com sua ótima narrativa. Abraços!
    bookdan.blogspot.com

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  11. Oi, Cida. Tudo bem?
    O único contato que tive com a autora Gayle Forman foi com o livro Eu Estive Aqui, que por coincidência é um dos seus preferidos dela.
    A escrita da autora é maravilhosa, e a forma como ela trata temas tão fortes de uma maneira delicada e real, nos faz querer conhecer mais e mais de suas obras. E saber que mais uma vez, ela nos trouxe uma trama cheia de preconceitos, dores, perdas e crises familiares não posso deixar de adicionar O Que Há de Estranho em Mim em minha lista de leituras.
    Bjs!

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  12. Oi Cida, tudo bem?
    Estava com saudade do seu cantinho *-*
    Ainda não li nada da autora, mas a trama despertou meu interesse. Gostei de saber que a protagonista conseguiu dar a volta por cima apesar dos obstáculos.

    *bye*
    http://loucaporromances.blogspot.com.br/

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  13. Faço bastante isso de começar a ler um livro sem ter lido nem mesmo sua sinopse. Na maioria das vezes me surpreendi positivamente.
    Estou ansiosa pra ler esse livro há um tempo, sua resenha aumentou ainda mais minha curiosidade.

    Parabéns e sucesso. bjs
    http://complexandolivros.blogspot.com.br/

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  14. Olá, Cida, tudo bem?

    Finalizei a leitura deste livro sábado, e após termina fiquei em um estado de transe, revivendo os acontecimentos do livro na minha cabeça, foi uma estória simplesmente fascinante, entrou para lista de meus favoritos com certeza, assim como você fiquei com muita raiva da atitude do pai dela, o ódio e todas as coisas que ela sentia era super merecido, eu mesma não sei o que faria no lugar dela! Eu Jamais o perdoaria, adorei todas as irmãs, todas são marcantes, e se pudesse leria de novo e de novo, adorei a resenha.

    Beijinhos

    http://resenhaatual.blogspot.com.br/

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  15. Oi amiga!
    Linda resenha =)
    Da Gayle só li Apenas Um Dia e adorei, ainda preciso ler Apenas um ano, mas tô esperando Apenas uma Noite ser lançado pra completar a história. Também tenho vontade de ler Eu estive aqui. O enredo que O que há de estranho em mim já não me interessou tanto, mas pela resenha pude observar que é uma ótima obra pra quem se identifica com a temática.
    Beijos... Elis Culceag.​ * Arquivo Passional *

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    1. Oi Elis! Os lançados pela Arqueiro não têm este lado tão romântico como Apenas Um dia e Apenas Um Ano, são mais fortes, contudo todos me agradaram.

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  16. Adoro livros com problemas familiares!!! Certeza que vou curtir este.
    Não sabia que era o primeiro.... Que bom saber que ela começou já no caminho certo.

    Amei a resenha!!!!

    Bjksssssss

    Lelê

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  17. Oi Cida, tudo bem?
    Ótima resenha! De forma geral, a história parece ser bem revoltante. Fico feliz que a protagonista tenha encontrado apoio na amizade.
    Beijos,

    Priscilla
    Infinitas Vidas

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  18. Oi, Cida!
    Curti bastante os outros livros da Gayle, então acho que vou gostar desse, apesar da pegada meio diferente e mais "pesada".
    Não sabia que esse é o primeiro livro da autora... Estou com bastante expectativa em cima dele hahaha espero gostar como você!
    Beijoss
    www.vidaemmarte.com.br

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  19. Oi Cida!
    Devo confessar que apesar de ter gostado da escrita da Gayle, Se Eu Ficar me decepcionou tanto que não tenho vontade de ler mais nenhum livro dela! Mas mesmo assim, fiquei bem curiosa sobre esse livro, em especial por tratar de supostos distúrbios de personalidade e da adolescência dessas garotas. Vou esperar para ler mais alguma resenha, para decidir se confiro ou não o livro, mas acho que vou acabar dando uma segunda chance pra autora.

    Um beijo!
    http://winterbird.com.br

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  20. Cida!
    A autora traz sempre temas bem polêmicos e que nos faz pensar.
    Já li os outros livros anteriores dela e bem curiosa por ler esse que é ainda mais tocante em seu enredo.
    “Não basta saber, é preferível saber aplicar. Não é o bastante querer, é preciso saber querer.” (Johann Goethe)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de março com 4 livros 3 ganhadores, participem!

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  21. Já li muitas resenhas positivas sobre esse livro, mas Cida a sua superou todas porque além de relatar o que o leitor pode encontrar nessa história você soube argumentar expondo suas impressões de forma que me deixou ainda mais empolgada para comprar e ler esse livro.
    Com certeza a autora tem um jeito único de discutir assuntos considerados polêmicos, mas de grande importância na formação do caráter dos leitores, sem apelar para dramas excessivos.
    Enfim parabéns pela leitura e pela resenha fantástica. Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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  22. Esse livro me chamou atenção pela capa, achei bem legal a forma como o título foi posicionado (estudante de Edição de Livros aqui haha) mas parece ser uma história meio tensa 😬

    Beijos!
    Isa.
    www.maladememorias.com

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Um grande beijo!