[Resenha] Eu Estive Aqui

Eu Estive Aqui
Título Original: I Was Here
Autor(a): Gayle Forman 
Editora: Arqueiro                 Páginas: 240
Lançamento: 2015               ISBN: 9788580414233
Eu Estive Aqui ||Compre||     ||Skoob||  ||Goodreads||
Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo... Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal? A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos. Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo... e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida. Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.
Eu Estive Aqui é o quarto livro de Gayle Forman que leio e posso dizer que a cada nova obra eu fico mais fã desta mulher. Suas histórias são tão vivas e reais. Os personagens falhos e comuns. Como nós desejam, e precisam, ser felizes, mas muitas vezes a vida de cada um traz desafios tão grandes que a força para superá-los quase não é encontrada. Contudo eles conseguem superá-los e quando isso acontece nos dão aquele  momento de alegria sem igual, como se fossem amigos muitos próximos.

Meg e Cody cresceram juntas, mas ao passo que a primeira sempre se destacou, a segunda sempre foi o lado mais discreto da dupla. Cody, que era filha de mãe solteira, sempre viu a vida e a família de Meg como algo perfeito, tudo que sonhava para si.

Quando Meg deixou a cidade para fazer faculdade e Cody começou a trabalhar como faxineira, os laços entre elas ficaram frouxos. Cody, mesmo que contra vontade, sentia inveja do que a amiga tinha e preferia ignorá-la a revelar o ressentimento de não ter algo semelhante, mas no dia que a notícia do suicídio de Meg chegou tudo mudou.

Cody não poderia voltar atrás e ser a amiga que a outra precisava. Elas nunca mais poderiam ir num show juntas e rir, paquerar e beber sem medo do amanhã. Meg estava morta e aquilo era para sempre. A dor por não ter estado com ela no último ano deu lugar à algo mais forte e destruidor: culpa. 

Se tivesse ligado de volta? Se tivesse respondido aquele e-mail? Se? Se? Se? Tantas perguntas sem resposta, mas uma incomodava mais do que todas: Por que Meg havia feito aquilo?

A oportunidade de desvendar o que estava por trás daquele ato veio no momento que os pais de Meg pediram à Cody para buscar as coisas da filha na república de estudantes em que vivia. Lá, pela primeira vez, Cody percebeu que não conhecia a verdadeira Meg, nem o que ela carregava no coração.

O livro é narrado em primeira pessoa por Cody e é um relato atormentado de uma jovem que acreditava ter culpa na morte da amiga. Ela achava que poderia ter evitado aquele desfecho de alguma forma e na busca por redenção acaba envolvendo-se com os estudantes que viviam com Meg e até mesmo com o affair da amiga, o belo músico Ben.

Logo nas primeiras páginas eu tive duas fortes impressões. A primeira era que Cody poderia ter realmente feito algo com Meg e a segunda que a morte dela não tivesse sido suicídio. Estas suspeitas me acompanharam por todo a leitura, e quando mais coisas Cody descobria mais convicta eu estava de que algo ali estava muito errado. 

Não vou dizer se eu estava certa ou errada, mas posso dizer que o que Cody aprendeu - e nós também -, é que por mais próximo que sejamos de alguém, nunca, nunca mesmo, vamos conhecer esta pessoa de verdade, tampouco esta pessoa vai nos conhecer. É algo característico do ser humano ocultar seu lado que considera mais obscuro e falho, mesmo que para muitos não pareça assim. O que pensamos sobre nós mesmos é o fator decisivo na hora de agir assim.

Cody era uma garota humilde e de vida difícil,  foi a primeira vez que li um livro onde uma jovem americana de 18 anos se contentava em ser uma faxineira e sentia-se mais confortável assim do que ir em busca de seus sonhos e de uma universidade.

Nesta fase, especialmente nos EUA, os jovens geralmente estão dando duro na escola afim de conseguir boas notas e entrar numa universidade de nome, saindo assim da casa dos pais e seguindo para a vida adulta, mas Cody foge desse estereótipo e ainda vive com a mãe, Tricia. Elas têm um relacionamento estranho, que a princípio parecia mais o de duas irmãs, mas aos poucos entendi o distanciamento de Tricia e porque agia daquela forma. Ela não havia nascido para ser mãe, no entanto, sua frieza aparente escondia uma mente arguta. Na hora certa mostrou que amava Cody e lhe disse não o que ela queria ouvir, mas o que precisava ouvir. Ela não foi uma mãe perfeita, mas foi a melhor dentro de suas limitações.

Engraçado que apesar de tudo isso, Cody não esbanja carisma, nem me cativou logo de cara. Atribuo isso a sua maneira rude e indelicada com todos, principalmente com aqueles que queriam ajudar. Tantas oportunidades estavam ali e ela não agarrava por ser tão fechada e temerosa, foi preciso uma longa jornada para finalmente abrir seu coração e deixar as pessoas chegarem perto.

A busca pela razão da morte de Meg acaba sendo uma busca por si mesma. Cody sofre e amadurece, enfrentando seu medos e finalmente encontrando seu verdadeiro eu e redenção. Aos poucos eu fui entendendo a garota e finalmente aceitando-a, até admirando. Ela não só superou o luto e a vida sem muitos recursos, mas medos e a culpa.

Fiquei extremamente mexida pela história destas duas jovens, com o coração apertado boa parte do tempo e ansiosa por respostas. A narrativa de Gayle é envolvente, com uma certa dose de mistério e muito fluida. A carga emocional é alta e aborda temas muito sérios e relevantes.

Algo em particular me deixou chocada, apavorada seria a palavra exata e eu ficava me perguntando se era apenas ficção ou se a autora tinha se baseado em algo verídico. Aqui me refiro ao site de apoio aos suicidas “Solução Final”. Quando digo apoio é no sentido de dar conselhos e fornecer formas eficazes de se matar. Gente, que coisa horrível! Quanta manipulação e doença, eu não consegui aceitar aquilo, ver pessoas se apoiando e parabenizando outras pela “decisão”. 

Real ou ficção? Bem, só nas notas da autora no fim do livro tive minha resposta. Gayle baseou sua história em fatos reais, então sites assim realmente existem, onde o suicídio é tratado como o simples ato de tomar um cafezinho.

Eu Estive Aqui foi uma leitura incrível. Uma história que poderia ser apenas sobre duas amigas mas foi além, mostrando a triste verdade sobre a morte prematura, o luto, a dor daqueles que ficam e as condições que levam alguém a chegar no limite e buscar na morte o refugio. Não é frescura, é uma doença na maior parte das vezes e precisa ser vista como tal, não como objeto de descaso ou zombaria, mas como algo sério.

Meg e Cody, cada uma do seu modo,  passaram uma mensagem para nós, uma mensagem de vida e motivação para superar e ser feliz. Um grito de alerta para a juventude. Eu adoraria ver este livro sendo lido em escolas, compartilhado entre  jovens e adultos. Gostei da abordagem realista, contada de maneira simples e jovial, mas certeira.


8 comentários:

  1. Oiiii =DD
    Nossa eu to em divida com esta autora porque ainda não consegui pegar nada dela para poder ler, mas eu juro que no momento que vi sobre esse livro eu fiquei interessada.
    Isso de amizade e os segredos e mentiras revelados é sempre muito intrigante né??
    E concordo com você, suicídio jamais pode ser algo que deve ser tratado como frescura ou fraqueza!
    Ameei sua resenha!
    Bjoos
    http://chacombolacha.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Cida!
    Difícil a abordagem do livro, porque falar sobre suicídio é delicado demais.
    Já li 3 livros dela e gostei demais da forma como escreve, embora aqui o enredo seja totalmente diferente dos anteriores.
    Gostaria muito de poder ler.
    “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.”(Mahatma Gandhi)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participe no nosso Top Comentarista!

    ResponderExcluir
  3. Ai, quanto sofrimento :( Mas de todos os livros, esse pareceu o mais profundo. Ou foi só impressão minha?
    Ou é sua resenha que passou isso? rs

    De qualquer maneira, eu quero ler. Já comprei o meu ebook e estou só esperando um tempinho.

    Amei a resenha. Vamos ver se minha opinião será a mesma que a sua em relação a mãe.

    Bjksssss

    Lelê

    ResponderExcluir
  4. Olá!

    Que resenha a sua, simplesmente maravilhosa! Eu tenho esse livro e será minha próxima leitura, mas não sabia que ela era tão forte e profundo. Mais do que nunca, quero ler essa obra!

    resenhaeoutrascoisas.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Oi Cida..
    Já eu nunca li nada da autora. Ele parece ter essa característica de criar personagens reais. Acho que o único livro que não pretendo ler é Se eu ficar, já vi o filme e está de bom tamanho rs
    Essa citação do site apoiando o suicido no livro eu não sabia..credo gente! Que doentio. Fiquei ainda mais curiosa para ler o livro.


    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  6. Oie Cida =)

    Eu estou dando um tempo nos livros da Gayle Forman. Depois de duas leituras um tanto frustradas, acho que é melhor dar um tempo antes que eu pegue birra da autora de vez rs...
    Estou lendo várias resenhas positivas desse livro, e quem sabe mais para frente eu volte a dar uma nova chance a autora =D

    Ótima resenha!
    Beijos e um ótimo final de semana;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary


    ResponderExcluir
  7. Oi Cida, tudo bem?

    Eu ainda não li nenhum livro da autora, mas Eu Estive Aqui eu quero muito ler. Parece ser uma história triste, mas com uma mensagem bonita. Quero ler e conhecer essa história.

    Beijos.

    http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  8. Oi Cida!

    Da Gayle Forman eu só li o primeiro livro lançado por ela, Se Eu Ficar, e achei bem legal. Pelo visto a autora segue a linha do drama mesmo e eu gosto bastante desse tipo de livro, com histórias fortes, mas realistas, personagens palpáveis e tudo. Essas que mexem com a gente né?
    Achei a resenha muito boa, a temática é forte pra quem é ligada aos amigos/as. Eu penso que ficaria até abalada com este livro, mas é uma otima dica de leitura. Vou colocar na minha lista infinita!

    Não posso mais visitar seu blog, porque sempre saio com livros a mais pra comprar hahahahaha. =P

    Beijo!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir

Obrigada por seu comentário.

Sua participação é muito importante.

Um grande beijo!