[Resenha] Uma Chama Entre As Cinzas

Uma Chama Entre As Cinzas
Título Original: An Ember in the Ashes (An Ember in the Ashes #1)
Autor(a): Sabaa Tahir   
Editora: Verus                      Páginas: 432
Lançamento: 2015               ISBN:  9788576863502
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Laia é uma escrava. Elias é um soldado. Nenhum dos dois é livre. No Império Marcial, a resposta para o desacato é a morte. Aqueles que não dão o próprio sangue pelo imperador arriscam perder as pessoas que amam e tudo que lhes é mais caro. É neste mundo brutal que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. Eles não desafiam o Império, pois já viram o que acontece com quem se atreve a isso. Mas, quando o irmão de Laia é preso acusado de traição, ela é forçada a tomar uma atitude. Em troca da ajuda de rebeldes que prometem resgatar seu irmão, ela vai arriscar a própria vida para agir como espiã dentro da academia militar do Império. Ali, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia — e, secretamente, o mais relutante. O que Elias mais quer é se libertar da tirania que vem sendo treinado para aplicar. Logo ele e Laia percebem que a vida de ambos está interligada — e que suas escolhas podem mudar para sempre o destino do próprio Império.
Uma Chama Entre as Cinzas brilha entre os lançamentos de fantasia do ano de 2015, posso até mesmo dizer que se sobressai entre os livros deste gênero não importa o ano de lançamento. Eis aqui uma uma história que mexe profundamente com os leitores de maneira visceral, seja pela brutalidade apresentada, seja pelos ideais de liberdade, igualdade, poder e lealdade presentes em cada linha. São tantos os aspectos que fazem este livro ser espetacular e uma das minhas melhores leituras, que é impossível listar todos, só lendo para sentir na pele. E vou contar um segredo, eu quase não li, tinha visto book trailer no site da autora e não vi nada demais, ainda bem que eu não me deixei levar por esta primeira impressão.

É uma série, mas até para aqueles que torcem o nariz para este fato, eu peço que arrisquem, pois em seu livro de estreia, Sabaa Tahir, conseguiu apresentar uma escrita bem desenvolvida e madura, uma história envolvente, um universo de fantasia original com personagens marcantes.

A ambientação da história ocorre em um Império, seu governante é o Imperador Taius, descendente da gens Taia (gens é o como eles chamavam as famílias, temos gens Aquillus, Veturia, entre outras). No entanto, segundo as profecias seculares dos místicos Adivinhos, esta dinastia está chegando ao fim.

Entre os soldados da academia militar Blackcliff, surgirá o novo imperador, sendo assim, no dia da formatura dos novos Máscaras (nome dado aos soldados de elite do Império Marcial), são escolhidos quatro aspirantes para disputar as Eliminatórias, o vencedor ocupará o lugar de Taius após sua queda.

 



Cabe destacar que, como em todo Império, há os que dominam e aqueles que são dominados. O poder, aqui, é dos Marciais e fica para os Eruditos a posição de povo subjugado, contudo conforme a história avança e vamos tomando conhecimento de como o Império surgiu, nos damos conta que nem sempre foi assim, houve uma inversão de papéis, na qual fica difícil julgar quem é vilão ou mocinho, todos têm sua parcela de culpa e colhem os frutos do que plantaram. Um Império banhado em sangue e sem inocentes.

Aprendemos em cada página sobre a eterna disputa ente estes povos e sobre todo os misticismo e magia que há no local. São diversas lendas que acabam sendo na verdade mais do que boatos e histórias para criança dormir. Existem criaturas sobrenaturais (ghuls, efrits, o Portador da Noite, etc), antigas profecias, homens e mulheres imortais que lêem mentes e prevêem o futuro, soldados letais, tradições infernais e muita, mas muita, intriga, ambição e traição.

Laia e Elias são os protagonistas, dois jovens oriundos de povos rivais e que vivem realidades totalmente opostas. Ela é uma erudita que tornou-se espiã da Resistência para salvar a vida do irmão. Ele é um Máscara, um soldado treinado para aniquilar os fracos, mas que não acredita no que faz. Os dois são diferentes em vários aspectos, mas totalmente idênticos em outros. Ambos querem paz, querem por fim na tirania e ver seus povos vivendo como iguais. Há no coração e na alma de cada um deles uma chama, uma vontade de mudar e revolucionar. Elias e Laia desejam fervorosamente construir um novo mundo e quem sabe, sejam os únicos com força, coragem e determinação para alcançar este objetivo.

Esta vida não é sempre o que pensamos que será – diz Cain – Você é uma chama entre as cinzas Elias Veturius. Você vai brilhar e queimar, devastar e destruir. Você não pode mudar isso. Não pode parar.

Você é cheia, Laia. Cheia de vida e sombras e força e espírito. Você está em nossos sonhos. Você vai queimar, pois é uma chama entre as cinzas. Esse é o seu destino.

Eu não só fiquei fascinada com toda a estrutura da história, destacando os aspectos políticos e culturais, como também me encantei pelos personagens. Sejam eles justos ou não, o fato é que são bem construídos e convincentes. Não só os protagonistas roubam a cena, os coadjuvantes têm igual importância no enredo, com destaque para a impiedosa comandante Keris, a controversa Helene Aquilla, o enigmático adivinho Cain, a escrava Izzie e o rebelde Keenan. Não posso deixar de dizer que mesmo os homens sendo fortes, são as mulheres que dominam e os colocam no chão facilmente. Eu me surpreendi com cada uma delas.

Laia é a dança selvagem de uma fogueira tribal, enquanto Helene é o azul frio da chama de um alquimista.

Em relação a Elias e Laia, nossos protagonistas-narradores, eu digo que gostei dele logo de cara e no caso dela, só depois da metade do livro. Por qual motivo? Bem, Elias tinha suas mil dúvidas e medos, mas nunca se sentiu menos do que era por isso, ele se dava valor; já Laia desmerecia a si mesma todo o tempo, considerava-se a pior e menos capacitada pessoa do mundo para fazer qualquer coisa, e essa sua baixa auto-estima me deixou muito irritada. Contudo a autora reservou para ela uma evolução lenta e dolorosa, ao final do livro temos em Laia uma mulher para admirar, sem nem perceber, virei sua fã. Há fragilidade na força de Elias e determinação na fraqueza de Laia.

A narrativa é fluida na voz de Elias e Laia, vamos ter capítulos alternados que nos permitem ver o Império num todo, não nego que a curiosidade de descobrir como os caminhos dos dois jovens vão se cruzar é imensa. E aí você imagina algo previsível quando isso acontecer, que ambos vão cair de amores e tal, mas não. Embora haja uma atração inegável, eles também têm laços com outras pessoas e na verdade nada romântico acontece, pois o foco é sobreviver e derrotar a tirania. O sentimento que existe entre Laia e Elias é difícil de definir e acredito que só no próximo volume iremos saber no que vai dar.

A brutalidade lembra os livros de Martin e o sangue jorra em igual medida, há tanta maldade e violência que você pensa como é possível alguém ser assim tão cruel ( a comandante Keris ganha o troféu neste quesito), só que Uma Chama Entre as Cinzas mexeu comigo bem mais, pois não é só estratégia de ataque para conquistar, há o lado humano muito mais destacado e isso é o que parte mil vezes o coração do leitor a cada morte, a cada luta e a cada fracasso daqueles que gostamos.

Impressionante! Não é para ser bonito (ainda que consiga ser algumas vezes), e sim imprevisível, doloroso, sangrento e revoltante.   É impossível transmitir a grandeza da obra, então leiam e se deixem consumir por esta chama. Favorito!

Existem dois tipos de culpa – digo em voz baixa. Aquele que é um fardo e aquele que lhe dá um propósito. Deixe que a culpa seja seu combustível.  Deixe que ela te lembre de quem você quer ser. Trace uma linha em sua mente e nunca mais a ultrapasse. Você tem uma alma. Ela foi ferida, mas está aí. Não deixem que tirem isso de você, Elias.



10 comentários:

  1. Aí mdssssssssss, capa perfeitaaaaa! Fico agoniada quando leio livros com mortes, parece que uma parte de mim se foi. Mas não tem coisa melhor quando vejo em uma resenha que a leitura marcou o leitor de alguma forma! Fico logo curiosa pensando se aconteceria a mesma coisa comigo, por isso é fato que já salvei o nome dele no bloco de notas. Adorei sua escrita, bjssss
    Blog Menina da Livraria

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  2. Estou me sentindo um alien por ainda não ter lido esse livro.
    Parabéns pela resenha! Ela ficou magnifica!
    Essa história me lembra um pouco Snow Like Ashes, que infelizmente ainda não foi publicado aqui.
    Beijos
    Balaio de Babados | Participe da promoção Natal do Babado

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  3. não conhecia este livro, Cida, até porque não ser muito a minha cara não devo ter prestado muita atenção nele
    não sei se leria, não creio que estou preparada para tantas mortes hahaha
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  4. Oi Cida! Interessante o enredo, estou com saudades de ler um bom livro de fantasia, com narrativa fluida, como vc citou. Curti, vou conferir!


    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  5. Oii Cida, tudo bom?

    Li esse livro no começo do mês e até agora a história ainda está fresquinha na minha cabeça. Amei Laia, as partes sob a narrativa dela foram as que mais me prenderam. Embora tivesse menos ação do que sob a narrativa do Elias, achei que as partes da Laia eram bem mais interessantes. E a cozinheira hein? Sou super curiosa pra saber do passado dela.
    Esse pra mim foi o melhor livro do ano até agora! Louca pela continuação

    Beijokas

    naprateleiradealice.blogspot.com.ar

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  6. Olá!
    Depois de tantos elogios fiquei louca para ler o livro, amo fantasia e essa história de máscaras e eruditas me deixou bem intrigada.


    http://whoisllara.blogspot.com.br/

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  7. Olá,
    Recebi esse livro e estou com vontade de ler, mas ainda não tive oportunidade, até porque estava com uma ressaca literária braba até esses dias.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  8. Cida!
    Gosto dos livros sanguinolentos...kkkk
    Não tenho nada contra as séries, o maior problema é ficar esperando os próximos livros saírem.
    Ando tão enrolada com as leituras que até tenho vontade de ler vários livros novos, mas cadê o tempo?
    “Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias.” (Fernando Pessoa)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participem do nosso Top Comentarista de Dezembro, serão 6 livros e 3 ganhadores!

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  9. Há dias estou curiosa para ler mais sobre esse livro, amo demais fantasias. Estou participando de vários sorteios desse livro, espero ganhar um :)
    A resenha me deixou com mais vontade do que eu já estava. Ler sobre novos mundos e imaginá-los para mim é maravilhoso. A história me lembrou não sei porque o livro 'A Rainha Vermelha', eles são totalmente distintos mas, ambos falam de mundos divididos pelos que possuem e não possuem poder. A parte chata de livros que possuem continuação é ter que esperar meses e às vezes anos pela sua continuação, até hoje espero sair 'As Crônicas de Gelo e Fogo- Os Ventos do Inverno'. Enfim, adorei a história :)

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  10. Já tinha visto esse livro, e assim como sua primeira impressão, não havia me chamado a atenção. Depois de você listar tantos pontos positivos fiquei bem curiosa para ler, gosto muito de livros de fantasia. Só fiquei um pouco com o pé atrás com esse sangue que jorra, kkkkk...

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