[Resenha] A Villa

A Villa

Título Original: The Villa

Autor(a): Rachel Hawkins 

Editora: Record                              Páginas: 299

Lançamento: 2023                         Suspense, Assassinato    

Tradução: Irinêo Netto  

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Duas escritoras passam um verão numa maravilhosa villa italiana. Um assassinato ocorrido décadas antes na casa volta para assombrá-las. A villa é um verdadeiro suspense gótico da autora best-seller Rachel Hawkins. Quando jovens, Emily e Chess eram inseparáveis. Porém, agora, aos trinta e poucos anos, a conexão entre as duas se perdeu quase por completo. Mas uma coisa ainda as une: a escrita. Emily é autora da série de relativo sucesso da detetive Petal Bloom, e Chess é uma tremenda best-seller, guru de autoajuda para mulheres. Por isso, quando Chess sugere que elas passem um tempo em uma villa italiana, Emily logo aceita a proposta, aproveitando a oportunidade para se reconectar com a melhor amiga e quem sabe retomar um plano do passado de escreverem um livro juntas. A villa Aestas, no vilarejo de Orvieto, é um destino de férias exclusivo atualmente, mas, em 1974, ainda não era tão famosa, quando era conhecida como villa Rosato. No verão daquele ano, a villa recebeu um famoso hóspede: o astro do rock Noel Gordon, que, numa tentativa de inspirar sua veia criativa, convidou o músico em ascensão Pierce Sheldon, a namorada de Pierce, Mari, e a meia-irmã dela, Lara, para passar a estação inteira na Itália com ele. Entretanto, sem saber, ele deu início a uma série de eventos que levou Mari a escrever um dos mais importantes livros de terror de todos os tempos, Lara a compor de um dos álbuns de folk-rock mais famosos do século XX... e a um assassinato brutal. Conforme Emily se envolve cada vez mais na complexa história da villa, ela passa a acreditar que há detalhes omitidos nos eventos do fatídico verão de 1974, que talvez o assassinato de Pierce não seja só uma aventura envolvendo sexo, drogas e rock’n’roll que deu errado, mas que algo muito mais sinistro ocorreu ― e que talvez haja pistas escondidas nas agora icônicas obras deixadas por Mari e Lara. Quanto mais perto Emily chega da verdade, mais aumenta a tensão entre ela e Chess. E, quando segredos obscuros do passado vêm à tona, traições imperdoáveis do presente vêm à luz, e, antes que o verão acabe, a villa parece querer reivindicar mais uma vida. Inspirado em Fleetwood Mac, nos assassinatos da “família” Manson e no infame verão que Percy e Mary Shelley passaram com Lord Byron no Château de Chillon ― onde nasceu a ideia de Frankenstein ―, A villa é um convite a um legado fatal    .

Em 1974, o astro do rock Noel Gordon, alugou a Villa Rosato para ser seu refúgio criativo. Ele levou com ele um grupo um tanto curioso e um tanto problemático, composto por seu traficante particular, um jovem músico em busca de sucesso, a esposa deste músico Mari que no futuro seria conhecida com um grande nome feminino entre escritores de terror e a irmã de Mari, Lara, no futuro uma grande estrela da música. Naquele verão grandes canções foram compostas e grandes histórias escritas, mas o que marcou o lugar não foram seus hóspedes talentosos e sim um assassinato brutal. 

Nos dias atuais conhecemos Emily e Chess, duas amigas de longa data que apesar de inseparáveis na juventude, se afastaram na vida adulta. Para tentar uma reaproximação, Chess convida Emily para passar um tempo com ela na antiga Villa Rosato, agora Villa Aestas. Lá as duas podem se dedicar a terminar seus novos livros e reforçar o laço que tinham. Só que as férias perfeitas acabam sendo um estopim para que Emily perceba  que essa  amizade não é tão boa assim.  Ela vai notando isso conforme se envolve no passado da Villa, conforme descobre coisas sobre Noel, Mari e Lara e percebe que sua vida está tão cheia de relações tóxicas e perigosas como a deles. Será a Villa o palco de uma nova tragédia?

Eu já li alguns livros de Rachel Hawkins, todos com uma pegada sobrenatural, uma pitada de fantasia e aventura. Histórias leves, divertidas e até doces. A Villa foi minha primeira experiência lendo um suspense escrito por essa mulher e definitivamente posso dizer que Hawkins também se sai bem neste gênero. Nem parece a autora das história que falei, ela conseguiu criar em A Villa uma história densa, pesada, com um clima tenso do começo ao fim, causando no leitor uma expectativa por acontecimentos trágicos e fatais a cada nova página virada. 

É uma história adulta, embalada por rock and roll, com mistério, que aborda assassinato, depressão, abusos, drogas, luto, sexo e traição. 

Eu adorei todo o clima tenso da história e a forma como mesmo a autora apresentando os personagens, sabemos que ainda não está sendo dito tudo o que há sobre eles. Tanto Emily e Chess, como os personagens de 1974,  escondem enormes segredos e precisamos ir vendo as camadas de cada um sendo tiradas para entender quem são, o que são capazes de fazer e o que sentiam. 

A cada nova descoberta o leitor se vê sendo surpreendido. Ninguém aqui é o que parece ser e nem os fatos apresentados de começo são como foram mostrados. Nada é simples, envolve muito de relações humanas, relacionamentos tóxicos e amores não correspondidos ou correspondidos em excesso. O passado foi para mim o mais envolvente, por ter mais complexidade nas pessoas e em suas vidas. O ano de 1974 com certeza rouba a cena e assim como Emily  no presente, somos sugados para dentro dele. 

Eu admito que nem de longe imaginei a verdade sobre o que tinha acontecido e se não bastasse a autora ter apresentado um desfecho bem elaborado e de cair o queixo, ela ainda reserva para Emily e Chess, nos dias atuais, algo um tanto insano, talvez ainda mais sombrio do que o ocorrido em 1974.

Sem dar detalhes de cada acontecimento para não soltar spoiles, só posso dizer que A Villa é uma história de suspense com enormes reviravoltas, permeada de emoções e muita tensão psicológica. Possui em sua trama personagens femininas fortes, que por um tempo foram cegadas pelo amor, mas depois conseguiram abrir os olhos e trilhar novos caminhos. Eu curti demais e recomendo. 

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