[Resenha] Dolores Claiborne

Dolores Claiborne

Título Original: Dolores Claiborne

Autor(a): Stephen King

Editora: Suma                        Páginas: 240

Lançamento: 2024                 Suspense, Horror

Tradução:  Regiane Winarski

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Publicado nos anos 1990 como Eclipse total e há décadas esgotado no país, um dos livros mais aclamados de Stephen King retorna ao mercado brasileiro em edição especial da Biblioteca Stephen King, com nova tradução e conteúdo extra. Dolores Claiborne é um suspense poderoso e inesquecível sobre uma mulher que esconde um segredo perturbador. Faz décadas que Dolores Claiborne trabalha para Vera Donovan, milionária dona de uma mansão na ilha Little Tall, no Maine. Determinada, com três filhos para criar, Dolores enfrentou desde o início a personalidade tempestuosa da patroa e, diferente de incontáveis antecessoras, conquistou a confiança da mulher e a estabilidade no emprego. Quando Vera morre em um acidente, porém, todas as suspeitas caem sobre a funcionária. Questionada pelas autoridades, Dolores faz uma confissão e revela, durante seu testemunho, algo inesperado pela polícia: uma história sobre um relacionamento abusivo e a misteriosa morte de seu marido, que ocorreu trinta anos antes, em Little Tall. Publicado no Brasil com o título Eclipse total e adaptado para o cinema em 1995, com atuação de Kathy Bates, Dolores Claiborne é um suspense psicológico de tirar o fôlego. O relato comovente e inquietante da protagonista faz deste um dos romances mais originais de Stephen King.

E temos novidades na coleção Biblioteca Stephen King, a Suma acabou de trazer a nova edição de Eclipse Total, agora publicado como Dolores Claiborne.

A personagem central da história é a que da título ao livro, Dolores Claiborne, uma mulher que teve um vida complicada, seja no trabalho por aguentar uma patroa tempestuosa e de humores bastante volúveis, seja em casa na luta para criar três filhos e aguentar os abusos do marido. 

Quando a patroa rica morre ao cair da escada, deixando tudo que tinha para a empregada, as suspeitas recaem sobre Dolores. E ela, disposta a provar que não matou Vera Donovan, vai até a delegacia dar seu relato dos acontecimentos. 

O que acontece é que ao narrar sua jornada ao lado de Vera, Dolores não apenas tenta mostrar como não seria capaz de matar a patroa, como também revela um segredo enterrado há mais de trinta anos e sua dura jornada de guerreira para sobreviver. 

Novamente Stephen King cria um suspense psicológico incrível, de não deixar seu leitor fiel colocar o livro de lado. Toda a história de Dolores me fisgou desde as primeiras linhas e segui imersa em sua jornada tão intrigante por essas quase 250 páginas.  Um fato curioso é que só temos um capítulo no livro, mas não pensem que incomoda, ao contrário, isso ajudou a manter a narrativa mais consistente e firme, sem interrupções. 

É uma leitura densa, pesada, cheia de intensidade e que aborda violência e abuso de maneira crua e direta. Não é algo fácil de digerir, mas assim como em Rose Madder, King nos faz superar a angústia e aflição ao nos dar uma personagem forte e batalhadora, a qual acabamos torcendo naturalmente e querendo que ela tenha um final feliz. 

A história é toda narrada por Dolores enquanto ocorre o depoimento na delegacia e desde o começo, apesar de Dolores relatar fatos fortes e até tristes, é uma leitura que me fez rir muitas vezes. Essa mulher com sua honestidade e jeito de falar todo abusado de quem não tem mais nada a perder, é peculiar, inesquecível e dona de um humor ácido. 

Esse tom duro de Dolores, direto e sem tentar tapar o sol com a peneira, foi o que me fez gostar demais dela. Tanto ela, como Vera, foram duas mulheres que tiveram que ser astuciosas para se salvar. E mesmo na distante condição social de ambas, as duas foram confidentes, amigas inusitadas (a relação delas era bem de gato e rato) e cúmplices em "pequenos acidentes". 

O suspense ao redor de cada segredo que Dolores guardou é muito bem construído e só no final King revela toda a verdade. 

Eu amei esse livro! Não sabia nada sobre a história e me surpreendi a cada página. O autor até faz referência a outra de suas obras, ocorrida no mesmo tempo que Dolores viveu e agora também quero conferir essa outra história. 

Dolores Claiborne é sobre superar medos, lutar por quem amamos e por nós mesmos. É sobre saber a hora de falar, sobre a hora de calar e sobre a hora de agir. Como dizia Vera Donovan, as mulheres têm escolher como ser para sobreviver. Eu recomendo muito!

"Dolores?

Olhei para trás e ela assentiu de um jeito engraçado, como se soubesse de coisas que não tinha nada que saber. 

Às vezes, a gente precisa ser muito filha da puta pra sobrevier. Às vezes, ser uma filha da puta é a única coisa que uma mulher tem para se agarrar. "

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