[Resenha] Não Era Você que Eu Esperava

Não Era Você que Eu Esperava
Título Original: Ce n'est pas toi que j'attendais
Autor(a): Fabien Toulmé
Editora: Nemo                      Páginas: 256
Lançamento: 2017               ISBN:9788582863671
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Como lidar com uma filha com deficiência? Nesta graphic novel autobiográfica, Fabien Toulmé fala com emoção, humor e humildade sobre um encontro inesperado de um pai com sua filha que possui Síndrome de Down. O casal enfrenta o nascimento de uma criança especial. É como uma tempestade inesperada, um furacão. Quando a menina nasce com a síndrome, até então não diagnosticada, a vida de Fabien desmorona. Indo da fúria à rejeição, da aceitação ao amor, o autor fala sobre a descoberta de como é ser diferente.

Não Era Você Que Eu Esperava é uma graphic novel autobiográfica que conta a história de um homem que não sabia como lidar com o fato de ser pai de uma criança  portadora de Síndrome de Down.

O pai em questão é o próprio autor, Fabien Toulmé, que inicia sua narrativa mostrando o começo da gravidez da esposa Patricia. Eles já tinham uma filha e eram aquele tipo de família que vivia se mudando. Na verdade por causa dele, que não conseguia ficar por muito tempo em um lugar e estava sempre em busca de novidades.

Toulmé não é uma pessoa de gênio fácil e a mulher dele tinha muita paciência para levar o casamento. A impressão que ele me passou foi a de ser um cara não totalmente amadurecido e que queria tudo do seu jeito, não abrindo margem para aquilo que fugisse ao que desejava. Apenas sua vontade prevalecia. Ele mostra claramente que pessoas deficientes lhe causavam desconforto e alguns comentários que fez em algumas partes de história demonstram certo preconceito. Toulmé não explica muito bem esta sua aversão, se foi algo que lhe ocorreu e o deixou assim, mas chega a ser meio desesperador o medo que tem de que sua segunda filha venha a ter algum problema.

Ele e Patricia, por conta das mudanças constantes de residência, são acompanhados por muitos médicos e nenhum identifica que o bebê tem um problema. Quando Julia nasce, Toulmé é o primeiro a notar e logo recebe a notícia que a filha tem Síndrome de Down e com isso ele entra em profunda depressão.

Embora ele e a esposa tenham sido surpreendidos, quem é retratado como vítima é ele. Toulmé não nega que não consegue aceitar a filha, que não consegue gostar da criança e que acredita que o mundo está lhe pregando uma peça.

Sabe, eu acho que ele foi corajoso demais ao mostrar a forma como rejeitou a filha e estava ali por obrigação e não por amor. Sua história não foi contada para despertar simpatia, mas ser realista. Ele poderia muito bem ter nos mostrado como foi um pai exemplar, como lutou bravamente para fazer a filha ser aceita e tal, mas não. Ele mostrou como foi preconceituoso e egoísta, como deixou a esposa se virar no começo e como demorou para entender que Julia não era menos sua filha do que a mais velha que não tinha deficiência nenhuma.

Eu não concordei com a maior parte das atitudes de Toulmé, mas apreciei a honestidade da HQ. Adorei ver alguém não ter medo de mostrar atitudes que não são bonitinhas e mostrar sentimentos reais. Dá para entender a frustração de Toulmé. Ele foi cruel? Sim, mas para uma pessoa tão acostumada a ter tudo do jeitinho que queria, ver a vida tomar um rumo inesperado não é fácil. Ele, com o tempo mudou suas atitudes, mas acredito piamente que não sabia mesmo lidar com aquilo tudo e, no fundo, não era uma má pessoa.

Como já citei, ele foi corajoso. Contar sua história de maneira tão nua e crua foi ousado. e Toulmé assumiu o risco de ser criticado, mas pra mim ele foi sincero. Seu relato é sobre superação, sobre mudanças e sobre crescimento pessoal. A filha o fez ser um homem melhor, fez enxergar o mundo além de si, a ser um pai e um marido de verdade. Não é um relato sobre uma criança com Sindrome de Down e sim sobre como aprender a ser pai de uma criança assim. É sobre viver e aprender com os desafios da vida. É para entender que filhos também ensinam os pais. 






11 comentários:

  1. Oi, Cida!
    Menina, eu não sabia do que se tratava a história. Deve ser muito tocante mesmo. E esses traços estão fofos.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe da Folia Literária 2018: cinco kits, cinco sortudos.

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  2. Oi Cida,
    Achei interessante o autor contar sua própria história, e fiquei curiosa para acompanhar seu caminho de aprendizagem.

    *bye*
    Marla
    loucaporromances.blogspot.com.br/


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  3. ja havia lido algumas outras resenhas a respeito e gostado bastante da proposta
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  4. Oi Cida, uau que história!! Realmente a honestidade dele chama atenção, talvez seja algo que muitos pais passam, mas não conseguem dizer... fiquei bem interessada na HQ!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  5. Oi! Não conhecia, mas realmente, contar a história de uma maneira assim tão crua é se expor pra todo tipo de opinião possível. Acho que tudo acontece nas nossas vidas para nos ensinar alguma coisa, então talvez a filhinha dele tenha vindo agora para ajudá-lo a superar esse preconceito. <3

    Beijo!
    www.controversos.com

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  6. Oi Cida, tudo bem?
    Ainda não conhecia esse, valeu pela dica
    Blog Entrelinhas

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  7. Oi, Cida

    Eu já conhecia o livro e, apesar de não curtir GN's, eu até daria uma chance pra essa, pois parece ser uma história muito interessante.
    Acho que eu teria muita raiva dele, mas concordo que ele foi corajoso em não mentir ou maquiar seu preconceito inicial.

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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  8. Olá, Cida.
    Acho que ele foi bem corajoso mesmo ainda mais hoje em dia que você não pode fazer nada de errado que já é o monstro. Eu não sei como reagiria se acontecesse comigo. Acredito que bem poucas pessoas estão preparadas para ter um deficiente na família. Mas mesmo não sabendo como agir, acho que o amor está lá, mesmo que ele tenha que aprender com a própria filha como foi o caso. Se der eu vou ler.

    Prefácio

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  9. Oie Cida =)

    Não conhecia a graphic, mas acho que ia gostar muito desse toque realista que ela aborda. É tão difícil você encontrar pessoas que dão a cara a tapa e que expõem seus piores lados que só isso já deve deixar a leitura interessante.

    Com certeza eu vou passar raiva também, de ver o modo como ele trata a filha, mas uma leitura que desperta a emoção é sempre uma leitura válida.

    Beijos;**
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

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  10. oi Cida,

    Não conhecia a história, mas parece ter um tema interessante para se abordar, ultimamente estou vendo mais graphic novels e gostando bastante.
    bjs
    http://diarioelivros.blogspot.com.br/

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  11. Oi Cida,
    Que temática dessa Graphic e ainda francesa. Deve ser uma leitura impactante. Tenho uma pessoa na famíla que é portador e lembro mt bem o preconceito inicial de algumas pessoas. Dica anotada!

    bjs
    Nana - Canto Cultzíneo

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