[Resenha] Inventei Você?

Inventei Você?
Título Original: Made You Up
Autor(a): Francesca Zappia 
Editora: Verus                      Páginas: 350
Lançamento: 2017               ISBN: 9788576864240
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Alex está no último ano do ensino médio e trava uma batalha diária para diferenciar realidade de ilusão. Armada com uma atitude implacável, sua máquina fotográfica, uma Bola 8 Mágica e sua única aliada — a irmã mais nova —, ela declara guerra contra sua esquizofrenia, determinada a permanecer sã o suficiente para entrar na faculdade. E Alex está bem otimista com suas chances, até se deparar com Miles. Será mesmo aquele garoto de olhos azuis com quem ela compartilhou um momento marcante no passado? Mas ele não tinha sido produto da sua imaginação? Antes que possa perceber, Alex está fazendo amigos, indo a festas, se apaixonando e experimentando todos os ritos de passagem tipicamente adolescentes. O problema é que ela não está preparada para ser normal. Engraçado, provocativo e emocionante, com sua protagonista nada confiável, Inventei você? vai fazer os leitores virarem as páginas alucinadamente, tentando decifrar o que é real e o que é invenção de Alex.
Inventei Você?, de Francesca Zappia, traz a história de Alex, uma garota que está prestes a cursar o último ano do ensino médio e sofre de esquizofrenia.

Eu não podia me dar ao luxo de tomar a realidade como algo bem definido. E não diria que odiava as pessoas que podiam, porque, basicamente, eram todas as pessoas. Eu não as odiava. Elas não viviam no meu mundo. Mas isso nunca me impediu de desejar viver no delas.

A história, narrada pela voz de Alex, me ganhou logo nas primeiras páginas e não por ser ambientada na época do ensino médio que tanto adoro e sim pela forma sensível e incerta que  ela nos fala de sua realidade. A visão da personagem não é confiável, ela deixa claro que não consegue diferenciar realidade de alucinação e desta forma você nunca sabe se o que ela está vivenciando é realmente verdade ou fruto de seu distúrbio.

Então, não é apenas a história de uma garota no ensino médio, embora o pano de fundo tenha todos os dilemas desta época e apresente bons dramas dos outros personagens que nos levam a diferentes tipos de reflexões. É um pano de fundo muito bem montado, mas o principal é a jornada de Alex tentando esconder sua esquizofrenia e lutando para parecer o mais normal possível.

Ela está começando em uma nova escola depois de ter sido expulsa da última (o motivo é mantido em suspense até metade do livro) e ali tenta recomeçar e conseguir uma bolsa para universidade.

O cotidiano dela é cheio das peculiaridades advindas de sua condição e também dos desafios de uma menina adolescente, sendo o segundo maior deles lidar com Miles, um colega de classe que é arisco, nada sociável e temido pelos demais estudantes. Para ela, ele é um enigma, já que parece demais com um garoto que ela achou ter imaginado na infância e  agora está ali ao seu lado. Miles é ou não real?

Alex é uma guerreira. Poderia ser uma pessoa amargurada e revoltada, mas é na verdade doce e cheia de esperança. É aquela pessoa em uma busca constante pelo melhor. Eu fui cativada por Alex facilmente e torci a cada instante para que sua vida entrasse nos eixos da melhor maneira possível, já que sabemos que uma cura milagrosa não viria. Desejei do fundo do coração que Miles fosse real e que ele e Alex tivessem uma chance de felicidade juntos. E não apenas por ela, mas por ele próprio também que possui uma história de vida triste e sofrida.

Ambos são adolescentes frágeis e fortes ao mesmo tempo e no levam por uma estrada de destino imprevisível. Nem todo o tempo é um caminho triste, há alívio cômico, pois Alex com sua ironia e sarcasmo diverte e mostra de maneira delicada, com cores e sensações, o que é ser esquizofrênico. Eu tinha uma visão diferente da realidade de uma pessoa assim e o livro me ensinou muito sobre o assunto, me abriu os olhos.

O ponto forte da história, para mim, foi a forma como a autora conseguiu dar vida para Alex e me envolver em suas emoções. Não há como deixar de sentir todos os seus medos e receios. Fica impossível não temer que ela termine seus dias numa instituição psiquiátrica. Meu coração doeu, ficou apertado e eu queria mergulhar dentro do livro para cuidar dela. Foi tão forte minha conexão com a garota, que terminei a leitura praticamente abraçando bem forte o livro e muito, muito, emocionada.

Inventei Você? mostra que não vimos de tudo ainda dentro do universo young adult, que existem obras originais, sensíveis e com desdobramentos surpreendentes para serem descobertas. A autora tem um dom especial para mexer com nossas emoções e uma sensibilidade única para tratar de assuntos delicados. Este livro é encantador. Torço por mais obras de Francesca Zappia no Brasil e que mais e mais leitores tenham a oportunidade de conhecer Alex e Miles.


Dizem que adolescentes pensam ser imortais, e eu concordo. Mas acho que existe uma diferença entre pensar que é imortal e saber que pode sobreviver. Pensar que se é imortal leva à arrogância, a pensar que você merece o melhor. Sobreviver significa ter o pior jogado na sua cara e, ainda assim, ser capaz se seguir em frente. Significa se esforçar pelo que você mais quer, mesmo quando parece fora do seu alcance, mesmo quando tudo está trabalhando contra você. E aí, depois de ter sobrevivido, você supera, E você vive. 



  

11 comentários:

  1. Oi, Cida!
    Confesso que achei que esse livro era mais um sick-lit YA, mas sua resenha me fez mudar de opinião e tentar dar uma chance ao livro.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  2. Oi Cida,
    Que capa bonita. Gostei muito da dica e espero ler em breve.

    tenha uma ótima quarta
    Nana - Canto Cultzíneo

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  3. Eu já estava com vontade de ler "Inventei Você?" antes, agora estou com ainda mais vontade. Adoro esses livros que mexem com agente, revelam novos pontos de vista e que no final nos deixam com o impulso de abraça-los. Você selecionou um trecho lindo do livro, me deixou emocionada!


    Jaci
    Pandora e sua Caixa

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  4. Olá! Tudo bem?
    Felizmente tem aumentado o número de livros que retratam a vida de jovens com doenças físicas e psicológicas, e confesso que até gosto desse tipo de leitura.
    Já estou te seguindo!
    Poderia me seguir tbm?

    bEIJO,
    Misto Quente! ~

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  5. Oi Cida! A Marise lá no blog leu e gostou bastante tb, mas o que mais me chama atenção na resenha foi vc ter dito que ainda não vimos tudo no YA porque eu já estou um tanto cansada do gênero, confesso, e ter algo diferente no mercado é bem animador!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  6. Adorei!!

    Primeira resenha que leio deste livro e já me apaixonei. Vai pra lista de compras. Amo livros assim e esse me pareceu incrível mesmo. Apaixonei. Mais um que você vai me fazer comprar.

    Bjks

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  7. Oi Cida!
    Não conhecia o livro nem a autora. Não lembro de já ter lido algum livro em que a narradora era esquizofrênica, fiquei interessada, pois com certeza o livro deve ensinar várias lições.

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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  8. Tenho muita vontade de ler esse livro, uma pena que meu bolso ainda não
    colaborou. kkkkkkk.
    Mas logo logo vou ler!

    Beijos
    Anne
    Literatura Estrangeira

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  9. Olá, Cida.
    Esse livro é que que tenho muita vontade de ler. E acho que por ser narrado pela garota que tem a doença, dá para se ter uma visão mais realista dela. Assim que der eu vou ler.

    Prefácio

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  10. Oie Cida =)

    Confesso que até o momento esse livro não tinha me chamado a atenção, mas depois de ler a sua resenha acho que vale a pena dar uma chance para a história.

    Tinha uma visão totalmente diferente sobre a narrativa, e agora fiquei curiosa.

    Beijos;***
    Ane Reis | Blog My Dear Library.

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  11. oi Cida, que legal! mais um livro que entra para a lista de desejados, babei bastante nele

    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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