[Resenha] As Gêmeas do Gelo

As Gêmeas do Gelo
Título Original: The Ice Twins
Autor(a): S.K. Tremayne 
Editora: Bertrand Brasil       Páginas: 362
Lançamento: 2015               ISBN: 9788528620528
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Um ano depois de Lydia, uma de suas filhas gêmeas idênticas, morrer em um acidente, Angus e Sarah Moorcroft se mudam para a pequena ilha escocesa que Angus herdou da avó, na esperança de conseguirem juntar os pedaços de suas vidas destroçadas. Mas quando sua filha sobrevivente, Kirstie, afirma que eles estão confundindo a sua identidade — que ela é, na verdade, Lydia — o mundo deles desaba mais uma vez. Quando uma violenta tempestade deixa Sarah e Kirstie (ou será Lydia?) confinadas naquela ilha, a mãe é torturada pelo passado — o que realmente aconteceu naquele dia fatídico, em que uma de suas filhas morreu?'

Inquietante.

A Gêmeas do Gelo, de S.K. Tremayne, lançamento da Bertrand Brasil, é um livro com uma história dramática e cheia de entrelinhas, pois da premissa da morte da filha de uma casal enveredamos numa trama cheia de segredos, mentiras e dramas. Uma história que nos incomoda, que nos deixa inquietos na busca por respostas.

Sarah perdeu uma das filhas gêmeas em um acidente na casa dos pais. Durante um momento no qual as duas garotas estavam sozinhas na varanda, uma delas caiu e não sobreviveu. Todos acreditaram que tivesse sido Lydia, mas quatorze meses após o ocorrido a gêmea sobrevivente pergunta para mãe porque ela continua lhe chamando de Kirstie e não pelo seu verdadeiro nome que é Lydia.

Imaginem o choque desta mãe ao encarar a possibilidade de ter considerado morta a filha errada? É em meio a mudança que tem como intuito um recomeço para a família, que Sarah começa a se questionar sobre a veracidade do que sua filha afirmou. Kirstie ou Lydia? Quem é a menina que está viva?

A narrativa ocorre tanto em primeira como em terceira pessoa. Em primeira pessoa temos o POV de Sarah, de forma a poder seguir a jornada desta mulher para tentar entender o que foi que aconteceu. Quando a narrativa muda de pessoa, passamos a observar o marido dela, Angus, e então notamos que Sarah não está nos revelando tudo, na verdade não temos certeza se ela realmente consegue fazer isso, é uma narradora duvidosa. Sinceramente não tive certeza se poderia confiar em Sarah, se ela relatava  a realidade ou o que achava real. A questão da sanidade da personagem é gritante.

O começo é um pouco lento e vai revelando como está sendo a mudança da família de uma casa na cidade para uma ilha distante. A morte da menina mudou a dinâmica dos Moorcroft que já não era tão simples e, o luto aliado ao estresse,  resultou em uma crise financeira séria  e eles precisando de um recomeço, não só pela questão de redução de custos, mas também para se reencontrarem.

Intercalando como a situação atual, Sarah relembra os primeiros anos de relacionamento com o marido: um amor praticamente à primeira vista, um casamento de muita paixão, uma crise conjugal após o nascimento das gêmeas e até o adultério.  Notem que este ritmo mais lento é necessário para que o leitor conheça os Moorcroft e os acontecimentos que viveram no decorrer dos anos. É fundamental prestar atenção nos detalhes, pois são necessários para construir o panorama geral que levará para o dia do acidente e o que está por trás disso.

Conforme o casal se instala na ilha, a história vai ganhando um novo ritmo. Temos Sarah investigando para descobrir se confundiram as meninas, a adaptação ao novo local de moradia, as dificuldades de Lydia/Kirstie na nova escola e até mesmo as atitudes suspeitas de Angus e seus pensamentos tortuosos sobre a esposa.

É uma trama cheia de entrelinhas como citei, não é apenas a questão de ter ou não confundido as meninas, aí só arranhamos a superfície.  Há aqui um casal cheio de arestas na relação para aparar e com cada novo fato sobre eles que vamos sabendo fica praticamente impossível acreditar que um dia se amaram, e mais ainda, que vão conseguir levar adiante a união da família. Há ainda a questão da criação das meninas, que aparentemente foi conduzida de maneira errônea e relapsa, não que eles fossem pais ruins, mas acredito que precisavam de apoio neste processo e a falta deste mostra como Kirstie e Lydia foram afetadas.

Independente de qual delas esteja viva, vemos que a individualidade de ambas nunca foi respeitada ou mesmo considerada. Os pais agiam como se uma fosse extensão da outra, formando um único ser. Não importa o uso de roupas diferentes, elas eram consideradas uma unidade e ao ver como a sobrevivente está perdida, sem nem mesmo ter certeza de qual delas é, você nota como a criação agiu de maneira nociva em sua personalidade. É uma menina solitária, pois acostumou-se a ser apenas parte de algo e com dificuldades de se desprender do passado e seguir em frente. É uma situação de partir o coração e fascinante ao mesmo tempo. Eu não tenho contato com gêmeos, mas se a relação for tal qual descrita no livro, é algo incrível.

É uma história densa. A aflição dos personagens é palpável e sufocante. Eu sentia que tanto Sarah como Angus estavam vivendo numa situação que era um constate pisar em ovos, eles se sentiam incomodados um com o outro. Tudo é tão vivo, tão real. Mas ao mesmo tempo que eu queria ver um ponto final e uma solução, eu não cheguei a torcer por eles, pois não me liguei a nenhum dos dois, já que não têm aquele carisma nato que instiga uma aproximação. São duas pessoas que estão mentindo, escondendo coisas e a sensação de que faziam isso por puro egoísmo é ainda mais espantosa.

Eu posso dizer que ao fechar o livro eu entendi Angus em partes, acabei reconsiderando muito do que pensei sobre seu jeito escorregadio e obscuro; já Sarah foi aquela personagem que se revelou uma Caixa de Pandora. Que mulher absurdamente detestável e com um conteúdo que deveria ter ficado oculto.

As Gêmeas do Gelo é uma história cheia de drama e tristeza. Há um lado obscuro evidenciado pelo clima sombrio da ilha que nos faz considerar ação sobrenatural e tal questão não é explicada claramente, deixando a cargo do leitor decidir se foi algo de outro mundo ou apenas resultado de desgaste emocional e mental.

Contudo, deixando de lado o sobrenatural, nem de longe é uma história absurda e fantasiosa, pelo contrário, é muito realista. Nós poderíamos viver aquilo ou mesmo acompanhar de perto algo no mesmo estilo. É sobre família com cara de comercial de margarina que esconde segredos sujos. É sobre criar filhos, casamento antes e depois da maternidade, fidelidade, mentiras, distúrbios psicológicos, solidão, traumas e amor.

É simples se você for analisar, sem invencionices, mas é plausível  e bem conduzida. Com um começo mais lento para ir evoluindo por um ritmo que transmite uma contagem regressiva, chega num desfecho que literalmente é a calmaria depois da tempestade. E que tempestade reveladora. 

Foi uma leitura envolvente e até mesmo assustadora, eu comecei a ler numa tarde e enveredei pela madrugada. Gostei da densidade do enredo, do toque sombrio e da imprevisibilidade. Senti falta de carisma nos personagens principais, realmente eu gostaria muito de ter me apegado com um deles. 

E claro que eu considerei todo o tempo um assassinato, é óbvio que esta pessoa desconfiada pensou isso. Imaginei também que Angus, Sarah ou Lydia/Kirstie estavam ficando loucos. Se eu estava certa ou errada? Recomendo que leiam para saber. 





12 comentários:

  1. Oi Cida! Nossa, que resenha incrível, esse livro parece ter uma profundidade psicológica imensa e personagens bastante intensos! Gostei bastante de saber a respeito dele, me interessei por essa leitura! ;)

    Jéssica Patrício - pitadadecinemaeleitura.blogspot.com

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  2. Oi, Cida!
    Uau pra sua resenha! Ainda não havia lido uma tão completa como a sua. Parabéns! Se antes eu já queria ler esse livro, agora virou necessidade.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  3. Oi Cida.
    Gostei bastante da resenha, a estória me parece ser muito boa, todo esse mistério envolvendo a morte da outra irmã, me deixou bem angustiada e ansiosa para ler o livro.
    Boa Noite.

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  4. Cida, só pela sinopse ja da pra perceber que o livro vai ser daqueles de dar um nó na cabeça da gente! vai ser daquelas histórias que voce não vai largar enquanto não terminar! justamente o que preciso

    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  5. Oi, Cida! Livros que exploram o lado psicológico sempre me ganham! Perder um filho em qualquer circunstância deve ser uma dor horrível, mas nesse contexto todo que você descreveu deve ser ainda pior. Fiquei intrigada com várias coisas e com bastante vontade de ler o livro.

    Beijos, Entre Aspas

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  6. Cida, querida, eu já fiquei aflita lendo a resenha, imagina o livro! Me convenceu completamente! O livro parece ser realmente denso e intenso! Parabéns pela resenha!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  7. Oi Cida,
    Realmente fiquei curiosa em relação ao livro e esse lado de drama sombrio deixa a gente com vontade de iniciar a leitura rsrs.
    Parece ser um livro bem intenso de se ler.
    Bjs e um bom domingo!
    Diário dos Livros
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  8. Oi Cida!
    Tinha me interessado por esse livro, mas não era uma prioridade de leitura. Isso até ler a sua resenha. Fiquei muito curiosa para ver todas essas nuances e entrelinhas. Adoro histórias que exploram isso e que brincam com as dúvidas do leitor o tempo todo (gostei até de que fica em aberto se tem um quê de sobrenatural ou não). Enfim..segredos, mentiras e histórias inquietastes são comigo mesmo, rsrs. Adorei a dica.
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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  9. Oi Cida, tudo bem?
    Uau, que dica! Adorei.
    Achei o enredo instigante e fiquei muito curiosa. Apesar de aparentar ser um drama, daria um ótimo suspense. Posso considerar como suspense? Hahaha!
    Beijos,

    Priscilla
    Infinitas Vidas

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  10. Oii! Parece um livro com um suspense angustiante e eu adorei a capa e a premissa! Ja falei que adoro livros que falam de gemeos porque lembram minhas irmãs gemeas hahah quero mto ler :D

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  11. Nossa Cida!
    Que livro!
    Precisando ler um livro eletrizante como esse, que faz correr adrenalina e nos deixa em dúvida.
    Amei!
    “Muitas palavras não indicam necessariamente muita sabedoria.” (Tales de Mileto)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  12. Olá! Que livro heim... rsrs
    Parece ser uma história mto legal, bastante aterrorizante tbm, isso que chamou atenção...Adoro livros desse gênero!
    Bjs!

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