[Resenha] Quarto

Quarto
Título Original: Room
Autor(a): Emma Donoghue 
Editora: Verus                      Páginas: 350
Lançamento: 2016               ISBN: 9788576861317 


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Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la. O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack. Mas ela sabe que isso não é suficiente, para nenhum dos dois. Então, ela elabora um ousado plano de fuga, que conta com a bravura de seu filho e com uma boa dose de sorte. O que ela não percebe, porém, é como está despreparada para fazer o plano funcionar.

Quarto, de Emma Donoghue, publicado pela Verus Editora, vem sendo bem comentado nos últimos meses desde que ganhou uma adaptação para as telonas como O Quarto de Jack e recebeu indicações ao Oscar. Não levou o prêmio de melhor filme, mas a atriz Brie Larson que interpreta a protagonista, ganhou a estatueta como melhor atriz. Isso com certeza fez a trama ficar  em maior evidência.

O livro apresenta a história de uma jovem que foi sequestrada aos dezenove anos e mantida em cativeiro por um homem. Constantemente estuprada por seu captor, não demorou para que ficasse grávida e foi assim que Jack veio ao mundo: dentro de um quarto.

A única realidade que o garoto conhecia era aquela existente entre as quatro paredes de seu cativeiro, mas para ele aquilo é todo o mundo. “O lá fora” - como ele chama em sua inocente percepção o além do quarto -, é algo praticamente impossível e insano. 

Quando ele completa cinco anos e a Mãe (ele acha que esse é o nome dela, por isso a letra maiúscula) começa a falar sobre família, como chegou ali e tantas outras coisas além da quarto, ele fica irritado e acredita que ela está ruim da cabeça. Mas pouco a pouco ela o convence que existe algo mais lá fora e que eles precisam fugir do Velho, custe o que custar. A Mãe arquiteta um plano e conta com a esperteza do seu garotinho para que dê certo e assim ambos fiquem livres.

A narrativa é toda pela voz de Jack e ele nos mostra através de toda sua inocência, um mundo entre quatro paredes. Lá é o universo dele, ao ponto de haver uma interação do menino com cada elemento que está dentro do quarto. Ele conversa com os móveis, com uma planta e assim por diante. Para nós seria uma situação claustrofóbica, terrivelmente  sufocante, mas para ele é um porto seguro, é sua vida.

É claro que o conforto que Jack sente, a aceitação de sua situação limitadora é por conta da forma que a mãe lutou para que ele tivesse uma vida feliz e “normal” dentro das possibilidades apresentadas. Ela o amou e tentou suportar todos os abusos apenas para preservar a infância de seu bebê. O maior exemplo desta proteção é ela mantê-lo todas as noites dentro de um guarda-roupa, para que durante as “visitas” o Velho, o monstro,  não veja Jack.

Pode parecer mentira, mas Jack era feliz e teve um infância cheia de amor, brincadeiras e histórias além da imaginação. É um exemplo de como o ser humano é versátil e se adapta ao meio onde vive.

A situação é horrível, mas acho que seria uma narrativa mais aterradora se fosse contada pela Mãe. Ao ser passada ao leitor pela voz do menino, é suavizada pelo seu olhar puro e sem malícia,  todas as vezes que ele usa palavras erradas para se expressar, mesmo que seja em um momento muito sério, a tensão é um pouco quebrada e você se pega sorrindo por ver que uma criança é um símbolo de bondade e esperança em um mundo cheio de maldade.

Eu acreditei que a história se passaria toda dentro do quarto, mas mãe e filho vão ter seu momento fora do quarto e aí vamos acompanhar a adaptação de ambos em uma vida normal.

Achei as partes dentro do quarto as mais marcantes e, sem dúvidas, as mais dolorosas. O momento “lá fora” poderia em alguns aspectos ter sido mais desenvolvido, tive a sensação que a autora quis falar de muitas coisas e acabou deixando algumas pelo caminho sem muitas explicações. Por exemplo, o sensacionalismo que a imprensa criou ao redor do caso foi citado. mas deixado de lado rapidamente, a relação dos pais da Mãe poderia ter sido mais explorada, assim como a saída de Jack e de sua Mãe da clínica e o recomeço. E o Velho? Eu gostaria de ter visto ele recebendo sua sentença.

Embora eu tenha sentido falta de mais detalhes sobre estes aspectos da trama, ainda assim considero o livro grandioso e único. Eu entendo que explorar tais pontos pelo olhar de Jack não seria tão fácil, somente se a Mãe também tivesse voz na narrativa e por isso foi aceitável.

E admiro a coragem da autora de expor uma criança da maneira como Jack foi exposto. Ela não teve medo de nos fazer ver maldade, violência e abuso sexual pela ótica de um ser tão inocente. Você sabe que ele não tem noção do que realmente significa metade das coisas que nos relata, mas nem por isso deixa de ser menos revoltante.

Em suma, Quarto é um livro sobre o lado mais feio da humanidade e também sobre sobrevivência,  mas acima de tudo é sobre o amor de uma mãe por um filho. A jovem foi capaz de deixar seu martírio de lado e tornar um cativeiro um lugar bonito, aconchegante e um lar de amor. Enquanto para ela o quarto era o fim, para Jack era o começo. O amor é um sentimento que existe em vários tipos de relações: amor de amigos, de irmãos, de amantes, mas em nenhuma versão este sentimento é tão sublime quanto a que está presente entre uma mãe e seu filho, pois é sua forma mais generosa e livre de interesse. É incomparável. Leiam!



21 comentários:

  1. Eu não sabia que era um livro! Estava ansiosa para ver o filme e agora estou ansiosa para ler o livro. Como sobreviver? kkkkk

    Beijos,
    Postando Trechos

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  2. Eu tenho muita vontade de ler esse livro e assistir ao filme. O enredo é muito interessante e eu amei a sua resenha!
    Mil Beijos!
    http://pensamentosdeumageminiana.blogspot.com.br

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  3. Oi, Cida!
    Eu ainda estou me preparando psicologicamente para assistir ao filme.
    O livro também deve ser bem comovente.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio Mês das Mulheres em Dobro
    Porcelana - Financiamento Coletivo

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  4. Eu já tinha visto este livro diversas vezes na biblioteca, mas até então eu não tinha interesse em lê-lo. Porém quando eu soube da adaptação, fiquei desejosa para ler.
    Pensar que vidas ficaram tantos anos presas em um minúsculo quarto, já mostra ser uma estória linda e emocionante.
    Quero ler o livro para saber como é a estória contada pelos olhos de Jack e quero também assistir ao filme assim que possível.
    Bjs!

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  5. Olá :)
    Apesar de ser um livro que deve ser ótimo, não leria por causa da temática pesada, mas adorei ler a resenha!

    Beijos

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  6. Quero ler esse livro, mas não sei se aguentaria, a temática parece um pouco pesada para mim... Sou daquelas que fica com o livro na cabeça depois por semanas.
    Beijos
    Mari
    www.pequenosretalhos.com

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  7. Olá, Cida.
    Estou louca para ler esse livro desde que vi o trailer do filme. Eu desconhecia esse livro até então. E sua resenha só me deixou com mais vontade de ler. Eu entendi o seu ponto de vista e acredito que a história teria sido melhor contada se tivesse a narração dividida entre os dois, mas acho que o charme do livro está exatamente nisso.

    Blog Prefácio

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  8. eu estou com vontade de ler esse livro, acho que a sua resenha não só me ambientou ao livro, mas deu toda a singeleza da história!
    Jack é feliz porque sua mãe criou esse ambiente, ele não conhece outra forma e se adapta a que tem, triste, mas uma realidade
    um livro tocante
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  9. Olá,

    Estou criando coragem para ler esse livro, vi o trailer no cinema e a história é tocante.

    Parabéns pela resenha!


    www.booksimpressions.com.br

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  10. Oi, tudo bem?
    Que resenha mais linda.
    Confesso que conhecia o livro só por nome e só fui descobrir sobre o que era na cerimônia do Oscar.
    Quero muito ler e assistir
    Bj


    @saymybook
    saymybook.blogspot.com

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  11. Oi Cida!
    Assisti ao filme e me apaixonei pela história. Tão delicada e emotiva, preciso ler esse livro com urgência. Certeza que vai me arrancar lágrimas.
    Beeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  12. Oi Cida, Tudo bem?
    Eu já conhecia “O Quarto de Jack”, mas não sabia que ele era uma adaptação. Achei a trama do livro tocante, e talvez no futuro eu me arrisque a lê-lo.

    *bye*
    http://loucaporromances.blogspot.com.br/

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  13. Preciso ler esse livro. Resenha após resenha me pego achando esse jogo que a autora fez para lá de interessante, tentar contar uma situação seria como essa através do peculiar olhar de crianças é ousado e eu gosto de ousadia na literatura.

    Pandora
    O que tem na nossa estante

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  14. Amei a resenha!!! Chocada!!
    Mesmo assim é tudo que eu já esperava que fosse. Imagine só quando eu ler este livro, mesmo sabendo o que esperar, ainda assim, aposto que vou chorar horrores!

    Bjks

    Lelê

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  15. Oie Cida! Tudo bem?

    A Carol acabou de resenhar este livro no blog, e amou tanto! E eu acabei de pegar emprestado, então, fora das leituras para o blog será meu próximo livro. Preferi ler antes de assistir a adaptação.
    Parece ser um livro muito pesado e em cima de um tema tão sombrio, como você disse, surgiu algo bonito por parte da mãe do menino. Nem consigo imaginar uma situação dessas e criar um filho dessa forma, então já admiro a personagem.
    O livro pelo ponto de vista do menino deve ser mesmo a coisa mais linda. Estou louca pra ler e depois poder conferir a adaptação!!
    Adorei a resenha, foi muito sincera e soube expressar o quão delicado é Quarto.

    Beijo!
    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/

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  16. Olá! Adorei sua resenha. Tenho esse livro,mas não estava tão interessada.Depois de sua resenha com certeza vou ler. <3
    Beijos!

    http://nomundodaka.blogspot.com.br/

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  17. Cida!
    A autora foi bem corajosa de verdade, porque abordar um tema tão forte quanto o abuso sexual e pelo olhar infantil, deve ser bem difícil mesmo.
    “Saber de cor não é saber: é conservar aquilo que se deu a guardar à memória.” (Michel de Montaigne)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de março com 4 livros 3 ganhadores, participem

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  18. Tenho muita vontade de ler esse livro (desde que vi o trailer do filme) e infelizmente ainda não tive oportunidade de lê-lo. Já ouvi muitos comentários positivos, e isso só fez a minha curiosidade aumentar. Acho que o fato de uma criança narrar a história, principalmente por causa da igenuidade, transforma o livro em algo singular. Acho que vou gostar muito do livro. E é uma pena que a leitura não te agradou em certos pontos, mas acontece k Beijo!

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  19. Oi, Cida!
    Eu estou simplesmente louca para ler esse livro. Por todas as resenhas que já li, concluo que o fato do livro ser narrado por Jack foi a melhor opção, mesmo.
    Até então não sabia que havia uma parte relatando a vida fora do quarto e fiquei chateada de saber que não é relatado o que acontece com o Velho, mas é como você disse, sendo pela ótica de Jack é aceitável

    Beijos,
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  20. A relação de mãe e filho nesse livro parece intensa e emocionante, estou simplesmente louco para poder ler! Todo mundo falando bem, preciso ler/assistir Quarto o quanto antes. Abraços!
    bookdan.blogspot.com

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  21. Oi Cida!
    Eu só assisti o filme, mas gostei muito da história. Jack é encantador e a situação é mesmo horrível. Concordo com você que seria ainda mais aterradora se conhecêssemos a história pela visão da mãe, mas acho que o que diferencia a história é justamente vermos pelos olhos inocentes do Jack. Acho que deve ser mesmo uma leitura excelente :)
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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Um grande beijo!