[Resenha] O Senhor dos Ladrões

O Senhor dos Ladrões
Título Original: The Thief Lord 
Autor(a): Cornelia Funke 
Editora: Companhia das Letras                Páginas: 368
Lançamento: 2004                                   ISBN: 9788535905304
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Cornelia Funke pertence a uma categoria especialíssima da literatura juvenil: muito premiada, é best-seller em diversos países e amada por leitores de todas as idades. Não por acaso, vem sendo comparada à sueca Astrid Lindgren (de Píppi Meialonga) e a J. K. Rowling (de Harry Potter). Uma das maiores forças de seus textos é a originalidade com que trata o tema da infância e da idade adulta, um dos principais eixos de O Senhor dos Ladrões, que conta a história de um grupo de crianças órfãs que mora num cinema abandonado na cidade de Veneza. Seu protetor é Scipio, o auto-intitulado Senhor dos Ladrões, um garoto que rouba casas luxuosas de Veneza para sustentar as crianças de rua. Scipio é contratado para um trabalho especial: surrupiar uma asa de madeira da casa da fotógrafa Ida Spavento. O objeto tem propriedades mágicas, e logo todos estarão envolvidos numa aventura onde crianças viram adultos e vice-versa.
Um livro que eu não queria que acabasse...

Eu gosto muito de livros infanto juvenis e considero Cornelia Funke uma rainha do gênero. Ela sabe criar enredos cheios de reviravoltas, ambientados em cenários de magia e mistério e ainda trazer personagens que nos conquistam logo nas primeiras páginas. O talento da autora para envolver e transportar o leitor para suas histórias é incrível. Eu tinha vivido uma experiência maravilhosa em seu universo ao ler a série Reckless e em O Senhor dos Ladrões tive a oportunidade de mais uma vez me deliciar com uma obra onde fantasia e realidade se misturam de maneira verossímil, nos fazendo acreditar no impossível.

O Senhor dos Ladrões é o livro de Funke que li mais próximo de nossa realidade, pois não vamos para um mundo paralelo. Embora exista na trama um lado mágico, o forte dela são os conflitos puramente humanos e os laços que nos unem. O pontapé inicial se dá com a chegada do casal Hartlieb ao escritório do detetive Victor Getz. Esther Hartlieb quer que o detetive ajude a encontrar seus sobrinhos que fugiram de casa após saberem que a “adorável” tia pretendia separá-los. De acordo com os planos da megera, o mais novo – Bo -, seria amado e o mais velho – Próspero-, esquecido em um internato.

Próspero levou Bo para Veneza, escondendo –se nas ruas da cidade que fez parte de cada história contada pela mãe quando era viva. Aquele lugar de magia e mistério parecia ser o ideal para ter uma nova vida, mas logo a fome e o frio tornaram isso um sonho distante. A sorte destes dois foi conhecer Vespa, uma garota que vivia em um cinema abandonado com dois outros meninos – Mosca e Riccio -, os três protegidos do famigerado Senhor dos Ladrões. Os irmãos logo passaram a fazer parte deste time e então nossa história se desenrola.

É interessante como esta trama não aborda apenas uma única questão. Embora comece com a fuga dos irmãos e sua triste história, logo se entrelaça com a do próprio Senhor dos Ladrões e o grande roubo que ele planeja executar. Scipio é este intrigante personagem, um garoto tão jovem quanto seus protegidos e que não é exatamente aquilo que afirma ser.

Quem é Scipio? E será que Bo e Próspero conseguirão ficar juntos?

Enquanto buscamos respostas para tais questões, Funke vai deixando a trama mais intrigante e o roubo que Scipio e seus aliados planejam nos leva a tomar conhecimento de um objeto mágico e que está desaparecido: um carrossel.  Tal brinquedo, levado de um orfanato, pode ser capaz de envelhecer uma criança e rejuvenescer um adulto. Verdade ou mentira? Só lendo para saber.

Funke une com maestria estes diversos assuntos de forma a torná-los parte do todo. Não temos só a história dos irmãos, temos a de Scipio, das crianças do cinema, do detetive e de muitos outros personagens que surgem no decorrer do livro. Cada um deles contribuiu de maneira significativa para uma grande aventura e esbanjaram carisma. Eu sempre crio um laço afetivo muito forte com os personagens da autora, de forma que desejo que o final da historia nunca chegue, é sempre uma despedida dolorosa. 

Não dá para escolher um favorito, todos são queridos. Acho sensacional as crianças serem tão maduras e carregarem um fardo tão grande de dor e sofrimento nas costas e os adultos sempre estarem dispostos a ouvirem os pequenos e ajudar. E mais ainda, os adultos de Funke mostram que seu lado criança nunca morre, está ali para acreditar e sonhar com a magia e fantasia sempre que necessário. Embora exista um lado triste na existência de cada um deles - um  vazio que muitas vezes me atingiu - , há também o lado sonhador que desperta esperança.

Há os antagonistas? Sim! É claro que há, mas até eles não são vilões no sentido literal da palavra, são na verdade figuras mais cômicas do que más. Figuras caricatas que ao invés de dar medo, nos fazem rir.

A cada novo personagem ou assunto inserido, a história se torna mais legal. Não ficamos confusos, mas fascinados e nenhuma ponta é deixada solta ao final. É um livro único, mas eu não me importaria se tivesse uma continuação. Eu aprecio demais e valorizo as histórias que nos fazem viajar. Posso dizer que estive em Veneza e caminhei pois suas ruas antigas e misteriosas a cada página virada, é esta forma de transportar o leitor para dentro do livro que tanto faz eu admirar a obra da autora.

E claro que a mensagem que existe nas entrelinhas não pode ser esquecida. Somos questionados sobre a eterna vontade de deixar de ser criança e ser um adulto e, quando chegamos lá,  desejamos tanto nunca ter deixado a infância para trás. Somos controversos e acho que a melhor maneira de lidar com isso é a de nunca deixarmos nossa criança interior morrer. Manter um pouco de cada pode tornar a vida mais bela e divertida. Além disso,  a história ressalta a importância dos amigos, da lealdade, da confiança e da verdade. É um livro encantador, que guardarei com carinho no meu coração. Foi adaptado para as telas e embora o filme não seja tão rico em detalhes, foi bem fiel ao livro.  

Se recomendo Cornelia Funke?
Com certeza! Para toda a família. 




11 comentários:

  1. concordo com você, a agente é super controverso!
    adoraria voltar pra infância! achei que ia ser um máximo crescer!
    eu conheço mais a fama da autora do que seu jeito de escrever, mas a acho muito encantadora pelo que ouço
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  2. Oi, Cida!
    Eu tenho toda a trilogia de tinta da Cornelia, mas ainda não li.
    Esse livro não virou filme? Eu lembro que assisti um filme parecido com essa história... Até a máscara era igualzinha da capa
    Beijos
    Balaio de Babados | Participe do sorteio do livro Marianas

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  3. Olá, Cida.
    Eu nunca li nada da autora mas morro de vontade de ler Coração de tinta. Esse livro eu não conhecia ainda mas já me interessou também. E a capa é linda demais. Vou procurar o filme também.

    Blog Prefácio

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  4. Olá!
    Ainda não li nada da Cornelia e confesso que tenho muita vontade, principalmente Mundo de Tinta. Não conhecia esse livro mas adorei a sinopse, assim como a resenha.
    Abraço!
    Leitura Fora De Série

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    Respostas
    1. Oi Guilherme! Este livro é uma delícia, espero que você leia e outros da autora. Depois passa aqui e diz se gostou.

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  5. Oi Cida!

    Também adoro livros infanto juvenis e se os personagens são maduros a trama fica mais interessante! Não sabia que tinha filme, vou procurar pra ver em qualquer fim de semana desses!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  6. Oi!
    Ainda não li nada da Cornelia, mas como gosto bastante dos juvenis, tenho muita vontade de ler os livros dela. Lembro vagamente do filme, fiquei com vontade de ler o livro e rever o filme.

    Beijos,
    Epílogos e Finais

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  7. Oie!! Não conhecia este livro ainda!!! ADOREI!!!
    Vai pra lista. Comprei 3 livros da autora, mas ainda não li. Este será o próximo com toda certeza!

    Bjkssssss

    Lelê

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  8. haha eu simplesmente amo esse livro. Li quando ainda estava no ensino médio e me encantei. Amei a resenha <3
    http://gordicesliterarias.blogspot.com.br/

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  9. Nossa, comparada a J. K. Rowling, hein? Deve ser talentosa mesmo! hahah Desconhecia esse livro, mas você o resenhou com bastante empolgação parecendo que realmente é uma boa história! Ótima resenha, espero ter a oportunidade de ler alguma obra dessa autora.

    beijos
    http://infinitudedepalavras.blogspot.com.br/

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  10. Olá Cida, tudo bem?

    Esse é mais um livro que fico conhecendo aqui e já adorei de cara, adoro infanto juvenis, como você mesmo diz na resenha as mensagens que o livro mostra é muito boa fazendo todos voltarem a ser crianças, dica anotada...bjs.

    devoradordeletras.blogspot.com.br

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