[Resenha] Alice no País das Armadilhas

Alice no País das Armadilhas
Título Original: Alice in Deadland (Alice in Deadland #1)
Autor(a): Mainak Dhar
Editora: Única                      Páginas: 256
Lançamento: 2015               ISBN: 9788567028781
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O planeta Terra foi devastado por um ataque nuclear, e boa parte de sua população se transformou em Mordedores, mortos-vivos que se alimentam de sangue e, com sua mordida, fazem dos humanos seres como eles. Alice é uma jovem humana de 15 anos que mora no País das Armadilhas, nos arredores da cidade que um dia foi Nova Déli, na Índia. Ela nasceu nessa nova realidade aterrorizante e teve de aprender a se defender sozinha desde cedo. As coisas mudam quando Alice decide seguir um Mordedor por um buraco no chão: ela descobre a estarrecedora verdade por trás da origem das criaturas e se dá conta da profecia que ela mesma está destinada a consumar — uma profecia que se baseia nos restos chamuscados do último livro encontrado no País das Armadilhas, uma obra chamada Alice no País das Maravilhas . Uma mistura incomum de mitos, teorias conspiratórias e Lewis Caroll, Alice no País das Armadilhas pode parecer mais uma história de zumbi, mas é uma metáfora instigante de como tendemos a demonizar aquilo que não compreendemos.

Alice no País das Armadilhas é o primeiro volume da série Alice in Deadland, do escritor indiano Mainak Dhar. Eu confesso que não sabia que era uma série quando optei pela leitura da obra, minha motivação foi a associação com Alice. Eu sou apaixonada pela história de Lewis Carrol e fiquei imaginado que esta seria uma adaptação bem bizarra de Alice no País das Maravilhas (que não deixa de ser uma história assustadora também em algumas partes) e embora existam referências, no geral a história seguiu por um caminho único.

A nosso mundo foi destruído na grande Insurreição. Os EUA afundados em dívidas foram abatidos pela China, mas não antes de disparar grandes ataques com armas além de nossa imaginação e deixar apenas ruínas para os sobreviventes. No entanto o maior impacto que a humanidade sofreu foi com o surgimento dos Mordedores, mortos-vivos que querem nos devorar. São zumbis, isso resume a história: nosso planeta virou um grande monte de entulho e os humanos que restaram vivem em assentamentos de pura miséria matando um zumbi por dia para ver um novo amanhecer.

Alice é uma jovem nascida no País das Armadilhas e nunca brincou de boneca em sua vida, nem tampouco se perdeu em um livro, na verdade ela nem sabe ler e a única vida que conhece é a de lutar, mirar e atirar nos Mordedores. No entanto, quando se vê presa em um abrigo destas criaturas, percebe que muito do que ouviu não está de acordo com a realidade. Eles não são monstros raivosos e sem intelecto, mesmo que não tenham ideias brilhantes, possuem em certo entendimento e podem, sim, viver com os humanos em paz. Ao conhecer a Rainha dos Mordedores, Alice vê suas crenças caírem por terra e é surpreendida com a revelação de que é a salvadora do mundo, aquela que vai abrir os olhos de todos e revelar a verdade por trás da  Insurreição e dos Mordedores.

Este livro foi uma grata surpresa, achei genial esta realidade onde temos mortos-vivos representando mais do que uma praga que precisa ser dizimada, aqui eles podem fazer parte da sociedade e conviver em paz conosco. Sempre que encontro histórias com estas criaturas elas precisam desaparecer e aqui isso não é necessário. Vi humanidade nesta abordagem, afinal um zumbi/Mordedor, é apenas um humano que foi infectado com algo, morreu e voltou. Por que não ter uma oportunidade de ser mais que um monstro? Afinal vampiros também não são mortos-vivos e têm todo tipo de chance?

No entanto, embora os Mordedores sejam parte importante do enredo,  não são o foco central e sim uma consequência do que realmente importa, que é a razão do mundo ter ficado assim e quem está por trás disso. A protagonista Alice inicialmente não acredita que possa ter uma conspiração por trás da Insurreição, nem mesmo que existam pessoas dispostas a manter o eterno caos, mas quando nota que os Mordedores são menos perigosos do que acreditava, ela começa a questionar e decide lutar pela liberdade e uma chance de recomeçar.

As pessoas ao redor, embora relutantes, são logo contagiadas pela energia e destemor da garota e então seguimos por um caminho sem volta para uma revolução, cheio de pequenas batalhas, onde vitórias e derrotas equilibram a balança e deixam a trama mais vibrante.

A narrativa flui fácil e eu que amo distopias me vi cativa rapidamente. Adorei a forma como o autor nos inseriu neste universo de devastação sem perder tempo com grandes descrições, ele optou por ação desde a primeira página e conforme a protagonista avança vamos descobrindo os detalhes e entendendo a situação e sua gravidade. É uma imersão sutil e de efeito, de maneira natural aceitamos esta nova realidade e torcemos para que o mundo seja reconstruído. Há muita intriga, mentiras, jogos políticos e dominação militar, mas acima de tudo, há o sonho de liberdade e democracia.

Os personagens são linha dura e não é uma histórias para crianças. Alice é muito badass e embora seja bem jovem e você possa achar um absurdo ela ser tão destemida, não é algo tão infundado assim, já que cresceu neste mundo onde matar significa sobreviver. Então ela assumir a liderança de uma revolução é aceitável, claro que ela não acerta em tudo e sofre muitas perdas constantemente. É derrubada, chora e levanta com humildade para continuar. É falha e por isso totalmente real e humana. Adorei Alice, que a cada página me surpreendeu mais e mais com sua força.

Sabem, é muito legal ver que as pessoas perderam-se de suas raízes e precisam recuperar o passado para assim construir um futuro. As recordações ganham então um significado maior e coisas que hoje podem ser banais para nós, representam ali algo de valor inestimável. Há tanta crítica social nesta história, uma abordagem tão atual que poderia ser facilmente aplicada ao nosso momento presente. Na guerra de Alice vi semelhanças com muitas das disputas que temos acontecendo ao nosso redor.

Nos momentos finais o ritmo ficou um pouco mais lento de forma que o leitor dá aquela relaxada e leva um belo susto com o desfecho. Eu não imaginei Alice naquela situação. Eu adorei e achei bem inteligente, só não curti muito por a série ser grande, pelo que vi existem sete volumes, assim fica minha torcida para que sejam logo publicados aqui.

O homem provara ser o mais ciumento dos amantes, preferindo destruir a Terra, em lugar de abrir mão dela.



9 comentários:

  1. Oie Cida =)

    Eu estava começando a me empolgar com o livro até que cheguei na parte dos zumbis. Sério eu tenho medo desse "bichos" rs...
    Amo distopias e confesso que fiquei tentada, mas zumbis t.t

    Ótima resenha!

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  2. oi flor, faz um tempinho que a editora não tem lançamentos que me agradam e como ainda não resolvi dar uma oportunidade as distopias fico de pé atrás
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  3. Então pelo que entendi, os outros são outras histórias. Esse tem fim. Certo??

    Oh, só pelo fato de ter zumbis, já amei!!!

    Nem precisava falar mais nada. Podia ter feito a resenha assim:

    "Tem Alice, tem zumbis. Ponto." kkkkkkkkkkkkkkk

    Só isso e já quero.

    Bjkssssssss

    Lelê

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  4. Oi Cida,
    Gente sete volumes, o pessoal anda numa preguiça de publicar continuação que dá até receio de comprar.
    Eu gostei muito da proposta , também amo a Alice e fico curiosa com as releituras que fazem sobre..

    Ótima resenha.

    tenha uma ótima sexta.
    Nana - Obsession Valley

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  5. Cida!
    Achei que era uma releitura do conto de Alice no país das maravilhas, oq ue de certa forma é, porque é um história bem diferente de Alice.
    Achei bem bacana também essa história de os zumbis terem oportunidade de viver uma vida 'normal'.
    Achei bem criativo.
    “Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.”(Carlos Drummond de Andrade)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participem do nosso Top Comentarista, serão 3 ganhadores!

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  6. Oi Cida, sua linda, tudo bem
    Como você eu adoro Alice no País das Maravilhas, uma das minhas história preferidas. Então, quando soube dessa lançamento fiquei super empolgada, pena que não consegui solicitar o livro para a editora dentro da quota. Não fazia a menor ideia de que tinha um enredo distópico, por trás dessa história. O trecho final que você colocou, me deixou emocionada, pois é a pura verdade. Estou super curiosa para descobrir quem está por trás disso tudo. Adorei a sua resenha e não vejo hora de ler!!!!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  7. Oi Cida, tudo bem?
    Eu não costumo ler distopias, mas achei muito interessante ter zumbis e a maneira como a autora desenvolveu a história.
    Até me interessei a ler, mas desanimei quando soube que a era série e tão longa... Mesmo assim vou deixar anotado aqui na minha listinha de futuras aquisições.
    Bjus
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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  8. Oi Cida! Que título de livro legal! Que trocadilho incrível! Enfim, me parece ser um livro de zumbis diferentes! Confesso que o tema já estava até me cansando um pouco!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  9. Sou apaixonada pela história de Alice e saber que tem zumbis nesse livro já prendeu a minha atenção totalmente. Sou fascinada, então já quero para ontem.
    Adorei essa resenha empolgante, preciso do livro para ontem rs

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