[Resenha] Madrugadas de Desejo

Madrugadas de Desejo
Título Original: The Wicked Wedding of Miss Ellie Vyne
Autor(a): Jayne Fresina
Editora: Única                      Páginas: 288
Lançamento: 2015               ISBN: 9788567028736
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Um jogo de mistério e sedução que não terminará a menos que os dois se entreguem. A Inglaterra do século XIX é elegante, charmosa e aventureira. Um lugar onde é difícil não se deixar levar pelos deliciosos (e perigosos) jogos que lords e ladies libertinamente experimentam. Não poderia ser diferente na bela Brighton, o lar de Ellie Vyne e James Hartley: inimigos declarados desde a infância. Ellie sempre foi uma mulher de ideias a frente de seu tempo, temperamento forte, ousada e, principalmente, avessa a todas as tentativas de suas irmãs para lhe arrumarem um marido. Afinal, com 27 anos era um absurdo ainda perambular sozinha por aí. E é claro que James, um dos solteiros mais cobiçados da cidade, fazia questão de deixar clara sua desaprovação. Durante suas misteriosas escapadas, Ellie rouba algo muito precioso de James, que não terá paz até descobrir a identidade do ladrão. Querendo ou não, eles estão cada vez mais próximos. Como resistir ao charme de James e levar sua mentira adiante? Nesse jogo de perdição, Ellie arriscará tudo, inclusive seu coração. Enquanto James tenta desvendar o segredo da jovem, o desejo proibido que surge entre os dois será capaz de romper com todas as regras da alta sociedade inglesa.
Eles nasceram para desafiar e quebrar as regras. Ellie e James contra o mundo.

Madrugadas de Desejo, de Jayne Fresina, é o segundo volume da série Sydney Dovedale, publicada no Brasil pela Única Editora. Se você está perguntando quando o primeiro foi lançado aqui, já aviso que ainda não foi, mas como esta é uma daquelas séries onde cada livro conta a história de um casal, dá para entender bem sem necessidade de ler os demais, mas é claro que vamos encontrar pessoas e locais em comum em todos os volumes.

Eu não resisto estes romances de época, mesmo com suas fórmulas prontas, são receita certa de diversão, contudo nestes últimos dias tive duas grandes surpresas ao encontrar obras que fugiram um pouco dos moldes que estou acostumada. Em um dos casos me surpreendi com uma história mais dramática do que divertida, embora tivesse momentos mais leves, já em Madrugadas de Desejo ocorreu exatamente o oposto, eu ri demais com todas as confusões e situações inusitadas vividas pelo casal de protagonistas, e a surpresa ficou por conta da total falta de importância que deram aos costumes e comportamentos limitadores da época.

A história de passa na Inglaterra em diversas cidades, mas na maior parte do tempo ficamos em Sydney Dovedale, local onde Ellie Vyne e James Hartley passaram boa parte da juventude.

Ellie é uma moça com quase trinta anos e que sabe se virar. Não está nem aí com sua condição de solteira, nem tampouco faz diferença como consegue obter dinheiro para ajudar as irmãs com seus dotes e o padrasto com suas contas. A família vive tentando fazer com que Ellie leve uma vida mais tradicional, mas ela continua escandalizando desde a realeza até o mais humilde morador de Londres com seus comportamento livre, seu riso solto e os muitos noivados dos quais escapou. Ela até mesmo joga em clubes e ganha muito dinheiro nas cartas, claro que secretamente e vestida como um homem. Foi exatamente o ganho de um de seus jogos que colocou James de volta em sua vida, o homem mais belo e irritante que ela já conheceu e aquele que um dia disse palavra pouco elogiosas sobre ela.

James é um libertino famoso, que com quase quarenta anos está sendo visto pelas mulheres com um bom amigo, não mais um amante e, segundo as palavras de seu atento e inteligente mordomo Grieves, é o peso da idade que faz isso. James se recusa a aceitar que está ficando velho, e até mesmo que precisa de uma esposa, mas eis que em um baile de máscaras conhece uma mulher fascinante, que o leva a considerar a vida de marido. Em seis meses de busca, nada da bela dama, em seu caminho surge apenas a indecorosa e detestável Ellie Vyne.

Aos olhos do mundo, eles eram dois personagens notórios com pouca esperança de redenção.

Os Hartley e os Vyne tem uma longa história, depois que a mãe de James fugiu com o tio de Ellie, as famílias tornaram-se inimigas e estes dois, desde muito jovens, foram alertados que eram proibidos um para o outro. Toda vez que Ellie e James se encontram uma briga acontece, e ouso dizer que ela sempre vence com sua língua afiada, mas a atração mútua é grande e logo vemos que vai ser difícil resistir, ainda mais quando ele descobre que Ellie é sua dama do baile. Isso não é um spoiler, pois a autora revela isso logo no primeiro capítulo, são as descobertas que temos adiante vão ser verdadeiras surpresas.

Ellie e James nos passam aquela impressão inicial de que sempre se odiaram, mas conforme vamos vendo sua aproximação é que notamos que sempre resistiram um ao outro, e a atração estava lá. Ele quer casar com Ellie, e para isso vai precisar convencer esta garota das vantagens de ser sua esposa, pois uma coisa é certa: ela gosta de ser livre.

Eu achei muito divertida a interação do casal e virei fã de ambos logo de cara. Ele por seu jeito carente de ser, pois atrás da libertinagem escondia diversas rejeições – até mesmo da família-, era um homem doido para ser amado. Ela é inteligente, corajosa e destemida, mas no fundo possui a mesma carência, não por ser rejeitada, mas por não encontrar alguém que a admire como é, alguém que não queira mudá-la.

Desde a forma como concordaram em tentar uma relação, até mesmo a maneira como viviam, foram bem diferentes dos demais romances que li do gênero, pois não há aquela preocupação com honra, costumes ou a fama que vão adquirir. Ellie alega ter amantes e ele não procura uma noiva casta e pura, pela primeira vez eu vi um comportamento tão liberal. Eu acredito que isso se deu por conta de nenhum deles ser parte direta da aristocracia, embora James seja rico, não é tão ligado com a nobreza e assim não carrega o peso das tradições em suas costas.

Não há aquele romantismo meloso, entre eles existe algo mais maduro e pé no chão, mas nem por isso menos cativante. A vontade de que vejam que foram feitos um para o outro e admitam que se amam me invadiu, mas o momento demorou para chegar por serem tão teimosos.

A narrativa em terceira pessoa é leve e cômica, os personagens, sem exceção, adoram manter pequenos segredos escandalosos e têm comportamento bem ousado. Seus erros e defeitos foram apontados não como imperfeições, mas como desafios constantes. Em certos momentos parecia uma novela, com tantas voltas e reviravoltas. Também foi possível ter uma visão dos outros três casais que protagonizarão os demais livros, sendo que duas das mocinhas aqui ainda são muito jovens, uma delas, Lady Mercy, roubou a cena com sua irreverência e iniciativa.

Eu simplesmente me diverti demais com toda esta história, há de tudo um pouco: escândalos, intrigas, traições, filhos bastardos, acordos de amantes, apostas e propostas indecentes e até um velho “conde” golpista, e  eu não poderia deixar de citar um mordomo incrivelmente perspicaz e hilário. Amei a história e não vejo a hora de ler os demais, meu único estranhamento ficou por conta da tradução, que usou alguns termos bem atuais, não consegui ver os personagens fazendo uso de algumas daquelas expressões em meados de 1820, acredito que algo mais rebuscado era o comum, contudo não atrapalhou meu aproveitamento da obra.

Em suma, Madrugadas de Desejo não segue o estilo mais classudo de alguns romances de época, ele traz personagens de vida mais simples e menos aristocráticos, mas seus comportamentos livres foram muito empolgantes, mais vivos e reais. Uma história carismática e totalmente adorável.

Sydney Dovedale
Madrugadas de Desejo




11 comentários:

  1. Gente, eu fico vendo os títulos originais e os títulos brazucas de alguns livros. Como esse, por exemplo. Da onde esse povo tira criatividade pra isso? Por isso criei uma coluna lá no blog pra eu poder desabafar minha revolta hahahahha
    Voltando à resenha, romances de época não são muito a minha praia mas, pelo que li ali em cima, esse parece que iria me agradar.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  2. flor,estou lendo e espero me surpreender e muito nas próximas páginas porque o começo não me arrebatou ainda
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  3. Cida!
    Adoro romances de épocas, principalmente os ambientados no século XIX.
    Gostei de saber que os protagonistas não se importam com as convenções sociais e são fortes, determinados e obstinados.
    Realmente é um tanto diferente dos outros romances de época.
    Quero ler.
    “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.”(Charles Chaplin)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  4. Quando você falou que era o segundo livro da série, já estava pronta para pular a resenha para o fim, até ler que o primeiro nem foi lançado e os livros são meio que independentes.. kkk Romance de época não é o meu forte, apesar de eu sempre amar as capas, mas você me ganhou quando disse que riu muito e que não há romance meloso. Agora fiquei curiosa para ler. Beijos, Mi

    Blog Recanto da Mi

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  5. Oi, Cida
    Esse romance de época parece que foge um pouco do comum. Mas acho que até seria algo positivo colocar um pouco de drama, não muto, claro.
    Quanto aos diálogos eu prefiro que as expressões estejam de acordo com a época.
    Espero ler o livro em breve e quem sabe também aprová-lo.

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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  6. Amo romances de época e esse me chamou a atenção e eu quero muito ler.

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  7. Adoro romances de época, mas confesso que fiquei intrigada por esse ser o segundo livro de uma série em que o primeiro ainda não foi lançado, aí fiquei me perguntando por que não lançaram o primeiro e assim sucessivamente por ordem, por que apesar de os livros não precisarem ser lidos em ordem seria bem melhor, mas pretendo ler Madrugadas de Desejo e sua resenha está ótima.

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  8. Oi!
    Amo romances de epoca este ainda esta na minha minha lista de compra .
    Espero em breve poder ler lo.
    Parabéns pela resenha!
    Bjos

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  9. Romances de epocas são as minhas paixões, esse livro é o próximo da minha ''listinhas'' que vou ler.

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  10. Não conhecia essa série...Faz tempo que não leio romances de época. Pela capa esse me lembrou da seleção, na verdade, estão usando bastante o estilo dessas capa.
    Famílias inimigas não poderia faltar né? kkkkk

    Gostei de saber que é bem divertido e cheio de elementos. Pelo título pensei que fosse um livro hot.

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  11. não conhecia a série.
    os romances de épocas são maravilhosos... a forma como os autores do livro do gênero descrevem o cenário em que a história se passa é incrível, pois nos sentimos dentro daquele local.
    eu não gosto muito de romance. mas os livros de romance de época chamam a minha atenção. então, acho que futuramente pretendo começar a ler esse gênero.
    por ele parecer ser um romance de época diferente, não sei se eu leria, pois gosto dos que são mais fiéis áquela época. claro que pe bem difícil achar um livro assim, mas pretendo começar a ler um livro que chegue mais perto do real daquela época.
    mas a história é bem interessante.

    beijos

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