[Resenha] De Olho Nela

De Olho Nela

Título Original: One to Watch

Autor(a): Kate Stayman-London

Editora: Paralela                  Páginas: 384 

Lançamento: 2021               ISBN: 9788584392094

Tradução: Alexandre Boide 

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Bea Schumacher é uma blogueira de moda plus size que tem amigos maravilhosos, uma família dedicada, uma legião de seguidores… e um coração partido. Para se distrair, toda semana ela acompanha o viciante reality show É pra casar, em que uma pessoa busca o amor verdadeiro entre vinte belos pretendentes. Justo quando Bea desiste de vez de procurar pelo amor, ela recebe uma proposta intrigante: É pra casar quer que ela seja a próxima estrela do programa. Bea concorda, mas com uma condição: ela não vai se apaixonar de jeito nenhum. O que ela quer é dar mais visibilidade para sua carreira e para outras mulheres plus size, inspirando pessoas no país inteiro a se aceitarem. Mas, quando as câmeras começam a rodar, ela percebe que as coisas serão mais complicadas do que ela esperava… Em uma narrativa montada a partir de tweets, roteiros e blogs de fofocas, Kate Stayman-London nos convida a mergulhar no mundo incrivelmente real de Bea.

De Olho Nela, de Kate Stayman-London, lançado no Brasil pela Paralela, traz a história de uma blogueira de moda que lutava pela aceitação de mulheres plus-size não apenas no universo fashionista, mas também em todos os aspectos da vida real.

No seu blog, Bea Schumacher, mostrava que o peso e tamanho do manequim não deviam impor limitações para nenhuma mulher. Ela que havia se escondido boa parta da vida, em roupas escuras e largas, quando conseguiu asas para ousar em figurinos e se mostrar, quis dividir isso como o mundo e ajudar outras pessoas a não ter vergonha de seu tipo físico.

No entanto, ainda que aparentemente bem resolvida neste aspecto de aparência, Bea lida com outros dilemas, sendo o maior deles o amor platônico pelo melhor amigo Ray. Quando eles passam uma noite juntos e logo a seguir ele desaparece do mapa e passa a ignorar Bea, ela cai em depressão e mau humor profundo.

Por acaso, em um dia que está extremamente amarga, ela assiste um reality show chamado É Pra Casar e acaba fazendo críticas bem mordazes sobre o programa. Ela detona com o perfil dos participantes (mulheres magérrimas e belíssimas) e faz a audiência cair muito. O resultado é que a produção enlouquece e quando  resolve fazer a próxima edição, convida Bea para ser a protagonista.

Bea, ainda que relutante, aceita entrar neste reality show onde o protagonista tem vinte cinco pessoas ao seu dispor para conhecer e no final assumir um compromisso. Ela teme ser exposta, mas persuadida pela produtora Lauren, aceita participar no intuito de mostrar que garotas plus size também merecem encontrar um amor.

A narrativa descolada, que mistura ao texto padrão conversas de grupos de fãs do programa apostando em quem Bea vai escolher e várias interações em redes sociais, é dinâmica e super fluida.

O livro foca tanto no universo de um reality show, quanto na questão da gordofobia. A autora mostra em Bea a forma como peso e tamanho do manequim são alvos de muito preconceito e como é difícil para as pessoas lidarem com isso. Bea vai ser a voz de luta das mulheres mais cheinhas, mas não pensem que ela é tão segura de si quanto afirmava ser.

Na jornada de Bea, vamos acompanhar a protagonista enfrentando muitos medos no programa e enfrentando a si mesma neste tempo. Ela ainda não se aceitava totalmente, tinha medo da rejeição e de sofrer. 

Eu que nem sou fã de reality show, me vi presa em cada episódio do É Pra Casar e entendo o apelo deste tipo de programa. Nós ficamos muito próximos da vidas de quem está lá se expondo, acabamos compartilhando seus dilemas e por fim torcendo para que consigam algo bom no final. Claro que dá para ter uma raiva também da atitude de certos participantes.

Bea é uma personagem muito real e eu gostei demais de ver a forma como a autora a desenvolveu e nos fez acreditar em sua vida e realidade. Até dá para esquecer que é ficção. Eu ficava aqui na ansiedade por ver como se daria cada interação delas com os rapazes. Desde o primeiro episódio do programa fui fisgada e me vi envolvida.

Há rapazes que eu detestei e outros que achei bem legais, mas vou ser sincera, não acreditei em momento algum que Bea fosse achar um amor ali. Era um programa de TV! Fica claro que a maior parte das situações são armações pela audiência e nunca dá para saber o que é sincero em relação aos sentimentos. No entanto, apesar de tanta dúvida, Bea segue tão cega quanto nós na maior parte do tempo e suas reações são cheias de emoções palpáveis e que mexem com a gente.

Eu não sei como é estar na pele de Bea, mas lendo a obra não fiquei indiferente a sua situação. Eu sei que muitas vezes ela mesmo se sabotava, mas é fácil de entender tal reação quando temos medo de sofrer. Independente de ser como ela, acho que por medo, qualquer um de nós acaba relutando para se preservar. Quem nunca deixou de arriscar por ter medo de se machucar?

Bea representa qualquer pessoa que está na busca pela coragem para lutar por seus sonhos, mas que precisa respirar fundo antes de dar um primeiro passo rumo à mudanças. Eu acho que ela se saiu bem na sua jornada, que aprendeu em determinado momento a se amar e se aceitar antes de desejar que os outros fizessem isso por ela. Ver Bea segura de si é algo incrível de se ver e posso dizer que esta leitura nos encoraja a dar uma de Bea e ir além do que achamos que seríamos capazes de ir.

Agora se você quer saber se ela casou com algum participante do programa ou mesmo com o amigo que amou durante anos, vai ter que ler para descobrir. É segredo! Amei De Olho Nela.  

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