[Resenha] O Resto da História

O Resto da História

Título Original: The Rest of the Story

Autor(a): Sarah Dessen 

Editora: Harper Collins        Páginas: 352

Lançamento: 2019               ISBN: 9788595085510

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Emma Saylor perdeu a mãe ainda criança. Quando seu pai decide se casar de novo e seus planos para o verão dão errado, sua única alternativa é passar a estação na casa de sua distante família materna. Assim, Emma parte em uma jornada de autoconhecimento para entender suas origens, encontrar respostas de dúvidas que nem sabia ter e descobrir o valor de fazer parte de duas famílias. Ao confrontar uma nova realidade e ouvir os segredos sempre sussurrados sobre a mãe, Emma vai contar com a ajuda de seu antigo amigo de infância, Roo, que, além de ser a pessoa com a chave para desvendar os segredos do passado de Emma, faz o coração da garota palpitar. Estas, com certeza, serão férias que Emma Saylor lembrará para sempre.

Sarah Dessen é uma das minhas autoras favoritas de YA, mas infelizmente quase não temos publicações dela no Brasil. Ano passado, eu nem acreditei quando vi que a Harper Collins estava lançando O Resto da História, fiquei feliz demais por poder ler um trabalho novo dela.

Emma Saylor é uma adolescente que perdeu a mãe aos dez anos, mas se formos analisar a realidade, ela havia perdido anos antes, desde que a mãe afundou no vício de drogas e álcool.

Quando o pai de Emma resolve se casar novamente, ela se vê prestes a começar uma nova vida, em outra casa, construindo uma nova família. Durante a lua de mel, a jovem iria ficar na casa de uma amiga, mas devido a imprevistos não foi possível e Emma se viu sem ter onde ficar. 

Então, surgiu a ideia de ela ficar com a avó materna, em uma cidade na beira de um lago. No entanto, Emma nem sabia desta parte da família da mãe e pela primeira vez se deu conta que uma parte de sua história não era completa, que de fato nunca soube quem foi sua mãe.

Não me lembro de ter lido um livro de Dessen que não tivesse cara de verão e com esse não foi diferente. Suas histórias tem esse calor, esse clima vivo que o verão traz e iluminam a gente conforme vamos lendo. São histórias acolhedoras, quentes e muito reais. Além disso, sempre trazem boas reflexões e otimismo. Em grande parte começam com um drama, que vai sendo trabalhado de maneira delicada, ás vezes ganha um romance e por fim nos leva por uma jornada pessoal, muito boa, de cada protagonista.

Emma é aquela menina que foi protegida pelo pai ao excesso. Ela, de fato, não chega a ser mimada, mas é aquela pessoa que não conhece muito bem o mundo. Para ela, em sua ingenuidade, todos tinham uma vida confortável como a sua. 

Ao ver a vida do pessoal da família da mãe, Emma fica espantada com garotas de sua idade trabalhando desde cedo, uma rotina de muita correria e preocupação com dinheiro e futuro. Algo para ela novo, que sempre viu-se em uma vida planejada.

Ainda que a vida no lago seja essa, o pessoal de lá é feliz e determinado. Ao seu modo, as garotas e rapazes da idade de Emma, com certeza mais maduros do que ela, sonham e riem com alegria e muita vida. Isso mostra para ela uma outra forma de viver, de ver que suas raízes são mais profundas do que imaginava e que naquele lugar, finalmente, vai saber sobre o passado da mãe. Na excessiva proteção dada pelo pai, ele sempre evitou contar a filha sobre quem havia sido a mãe dela.

É uma história realista, que fala de autodescoberta, amadurecimento, superação de perdas, descobertas, perdão e família. A abordagem sobre família é muito emocionante. A sensibilidade da autora para tratar de laços que nem sempre são fáceis, foi excelente e muito genuína.

No todo a história parece tratar de pessoas reais, aqui ou ali, algo vai lembrar você mesmo. Os personagens tem muito carisma e fiquei especialmente apaixonada pela galera do lago. Adoraria passar um tempo no hotel da avó de Emma. North Lake, o lugar que tudo é ambientado, é muito convidativo, aconchegante e a narrativa da autora conseguiu me transportar até lá.

Emma começa como uma garota sem voz, sem vontade própria e muitos problemas de ansiedade. Aos poucos ela vai se encontrando, entendendo a si mesma e dando os primeiros passos com as próprias pernas. A evolução é gradativa e convence. No final ela não se torna a super menina, mas mostra que está no caminho certo para ser feliz consigo mesma e com as pessoas ao redor.

Eu amei O Resto da História e já estou com saudade da grande e animada família de Emma Saylor.

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