[Resenha] A Metade Sombria

A Metade Sombria
Título Original: The Dark Half
Autor(a): Stephen King 
Editora: Suma                      Páginas: 464 
Lançamento: 2019               ISBN:9788556510778
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Criar George Stark foi fácil. Se livrar dele, nem tanto. Há anos, Thad Beaumont vem escrevendo, sob o pseudônimo George Stark, thrillers violentos que pagam as contas da família, mas não são considerados “livros sérios” pelo escritor. Quando um jornalista ameaça expor o segredo, Thad decide abrir o jogo primeiro, e dá um fim público ao pseudônimo. Beaumont volta a escrever sob o próprio nome, e seu alter ego ameaçador está definitivamente enterrado. Tudo vai bem. Até que uma série de assassinatos tem início, e todas as pistas apontam para Thad. Ele gostaria de poder dizer que é inocente, que não participou dos atos monstruosos acontecendo ao seu redor. Mas a verdade é que George Stark não ficou feliz de ser dispensado tão facilmente, e está de volta para perseguir os responsáveis por sua morte.

Stephen King sempre consegue me surpreender. Quando acredito que já vi todas as suas extravagancias, abro um livro e encontro uma nova, uma mais arrepiante.

Em A Metade Sombria, King me assustou desde as primeiras páginas. Não precisou de vampiros, de carro assassino e nem de um gato amaldiçoado de cemitério para me dar calafrios. Ele apenas abriu a cabeça de um homem e mostrou o que habitava lá dentro.

A descrição pode soar estranha, mas literalmente é isso que acontece. Ele abre a cabeça de seu protagonista logo no começo e o que sai dali não é nada bom.

Thad Beaumont é um renomado escritor que tem vendido livros e mais livros, mas não com seu nome real e sim sob o pseudônimo George Stark.

Quando escreve como Stark, ele muda totalmente. As histórias são mais sombrias, pesadas e ele próprio adquire uma personalidade mais carregada. É como se Thad se libertasse de certas amarras e mostrasse um lado seu obscuro, um que sentiria vergonha, mas que aprecia mesmo que seja contra tudo o que há de bom no mundo.

No entanto, apesar do sucesso como Stark, ele decide enterrar o pseudônimo e faz isso com bastante alarde. Thad dá uma entrevista barulhenta, com direito a fotos em cemitério, revelando sua identidade secreta e dizendo que a partir daquele dia George Stark morreu.

Uma série de assassinatos têm inicio após a entrevista e as pistas indicam Thad como suspeito. Então vem a parte bizarra. Stark não quer morrer.  

O pseudônimo ganha vida e passa a assombrar seu criador. Ele mata sem piedade, acaba com todos aqueles que participaram de seu encerramento e quer vingança, quer uma voz própria e vai fazer com que Thad o liberte.

Quem é Stark? É outra pessoa? É um Thad com dupla personalidade? Quem de fato mata e alucina?

São perguntas que serão respondidas no decorrer da leitura. Nesta obra King se aventura profundamente na mente, nos desejos sombrios e nas várias facetas da personalidade de um ser humano. É intenso acompanhar a jornada de Thad e Stark, criador e criatura.

É uma história densa, onde tive a impressão de não estar lendo apenas uma ficção, mas uma obra que trazia os próprios anseios e frustrações do autor. Assim como Thad, King também escreveu livros mais perturbadores psicologicamente, que mostravam um lado sombrio de si sob o pseudônimo de Richard Bachman. Diferente de Thad, ele não se revelou de bom grado e sim foi descoberto, o que o deixou irritado por não poder ter mais aquela válvula de escape.

E a relação de George X Stark nos faz pensar se não estamos lendo sobre King X Bachman. É difícil não se perguntar o quanto A Metade Sombria não é um relato verdadeiro e real, o quanto dos sentimentos de revolta dos personagens não são a revolta do próprio King.

Teorias a parte, vamos voltar a trama e a forma como captura o leitor. Apesar de assustadora, é envolvente e instigante. Não dá para deixar de lado antes de saber quem vai ganhar a batalha, se criatura ou criador.

A forma como tudo é descrito e desenvolvido, de forma a mostrar o pseudônimo ganhando vida, é fascinante. King deu asas a imaginação para tornar possível Stark ganhar vida e ser alguém, um alguém que causou muitos estragos.  Há sim um mundo fantasioso na obra, mas que se torna realista de uma forma sutil para o leitor. Nós sabemos que algumas coisa aqui são improváveis ( ou talvez não), mas ainda assim acreditamos nelas.

O autor cria o embate entre os personagens evidenciando suas disparidades, suas oposições e ainda assim provando que são ambos os dois lados de uma mesma moeda. Quem vence, se cara ou coroa, é uma dúvida até o desfecho. Até lá seguimos com cenas de terror psicológico e outras carregadas de violência. Descrições sangrentas compõe a obra e a própria descrição de Stark é pesada e nem todos vão ter força para encarar.

Eu gostei de passear pelas mentes perturbadas destes escritores, de ver seus conflitos de interesses e seguir em uma corrida contra o tempo com Thad para ver se ele iria derrotar seu próprio fantasma e salvar sua vida e da família. É um livro de picos de adrenalina e emoção.

A Metade Sombria foi lançado em 1989 e depois de esgotado, a Suma o relançou no Brasil em edição especial na Biblioteca King. O livro, apesar de não ter sido escrito nos dias atuais, envelheceu bem e não foi uma leitura a qual me fez me sentir deslocada por conta da época. Nem senti a diferença dos anos. Eu achei bizarro e sombrio, bom demais! 


Oi! Aqui é a Jô! Vocês já leram obras da outra metade do King?





8 comentários:

  1. Oi Cida e Jô, Feliz 2020!!
    Pela sua resenha, a trama parece ser bem assustadora, mas também instigante. Confesso que nunca li nada do autor, pois não sou muito fã do gênero, mas ainda assim fiquei curiosa para saber o desfecho da batalha entre Thad e Stark.

    *bye*
    Marla
    https://loucaporromances.blogspot.com/

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  2. Oii Jô,
    eu nunca li nada do Stephen King e acho que não lerei por agora mesmo. Eu me envolvo demais nos livros e acho que esse não seria o ideal para mim. Porém, curti a premissa. Bem interessante. Gostei muito da resenha, ficou ótima.
    Beijos,
    https://blog-apaixonadaporpalavras.blogspot.com/

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  3. Oi Cida,
    Não consigo sentir vontade de ler algo do King... Queria até saber como é sua escrita e se seria fluído, mas as obras são tão caras e já ouvi tanta gente dizendo que ele é enrolão que sempre desanimo, rs.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  4. Olá, Jô.
    Eu li esse livro quando o título ainda era A Metade Negra. E foi um dos poucos livros do autor que eu realmente gostei. Ele me deu medo e fiquei muito aflita conforme as páginas iam passando.

    Prefácio

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  5. Oi, Cida!
    Por experiência própria, acho que os melhores livros do King é quando o "vilão" é o próprio ser humano. Não conhecia bem a história desse livro, mas fiquei bem intrigada nessa questão do autor e o pseudônimo. Será que tem uma inspiração em O Médico e o Monstro?
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe do sorteio Rumo aos 4K no instagram

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  6. Oi Cida, eu acho a premissa com o pseudônimo mega diferente, mais uma história bizarra do King que deve fazer todo sentido na trama rsrsrs Quero conferir!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  7. Oi Cida, tudo bem?
    Apesar de não ter o costume de ler King, achei a premissa desse livro fantástica. Já li um livro nessa vibe do Sidney Sheldon (Conte-me seus sonhos) e adorei. Acho que ia curtir A Metade Sombria também.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  8. Oi Cida!
    Nossa corage eu nao teria de ler os livros desse homi. Sao bem pertubadores, apesar de se mostrarem muito bons, masss, queria essas edicões na minha coleção nem vou mentir KKKK.

    Abraços
    Emerson
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com/

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