Nova York - A vida na grande cidade
Protagonizados por personagens singulares, as histórias reunidas neste livro registram momentos às vezes irônicos, às vezes trágicos, da vida dos habitantes da metrópole, revelando muito mais do que "um acúmulo de grandes edifícios, grandes populações e grandes áreas". Nova York: A grande cidade e Caderno de tipos urbanos são compostos de vinhetas que registram, a partir do cenário da cidade, aspectos do dia a dia de seus habitantes. Esses breves vislumbres iluminam com delicadeza desde as situações mais cotidianas até as reviravoltas mais trágicas. O olhar agudo que se revela nas vinhetas ganha em O edifício e Pessoas invisíveis aspecto mais sombrio. Nessas histórias, que são sobretudo biografias de personagens solitários e esquecidos, Eisner põe em xeque o isolamento e a indiferença impostos pela metrópole. Verdadeira obra-prima dos quadrinhos, Nova York é um registro impressionante não só da sensibilidade de seu autor mas da vida que se esconde por trás de toda grande cidade.
Oi! Aqui é a Jô e hoje é dia de
quadrinhos.
Will
Eisner é um pioneiro dos quadrinhos e nesta graphic
novel mostra, com muita sensibilidade e perspicácia, o cotidiano de uma
grande cidade.
O cenário escolhido para ambientar os
quadrinhos foi a cidade de Nova
York, mas ao finalizar a leitura percebi que poderia ser São
Paulo ou qualquer outra grande metrópole. Pessoas são pessoas em qualquer parte
do mundo. A correria do dia a dia, o progresso, as interações humanas, os
sonhos, frustrações e desejos são os mesmos, ainda que o idioma e a localização
geográfica não. A obra poderia apenas se chamar A Vida na Grande Cidade
e continuaria a fazer todo o sentido do mundo.
Há histórias de uma ou duas páginas, com e
sem palavras, que traduzem a vida real e o ser humano. A escolha da cidade foi
pela afinidade de Eisner com o local e acredito que muito do que é contado ele
próprio tenha vivido ou testemunhado. Independente disso ser fato ou mera
especulação de minha parte, afirmo que há sentimentos que transbordam e em sua
maioria melancólicos.
São diversas histórias curtas e ao final
algumas mais longas. Não vi alegria nelas, vi pessoas desesperadas, pessoas
reféns de rotinas e muita frustração. Será que as grandes cidades, tão
afobadas e gigantescas em suas avenidas sem fins e prédios com topos a perder de
vista, querem apenas nos roubar algo? Os personagens de Eisner mostram que
foram privados de alegria, que se perderam no concreto e ao final se moldaram a
pedra e asfalto. Espíritos presos ali para sempre.
Em partes muito do que encontrei em NY é
verdade, mas me recuso a aceitar não conseguir ser feliz dentro de uma realidade
como a retratada por Eisner. Há coisas boas em todo lugar e apesar da opção dele
pelo lado mais triste, eu sei que há beleza em cada grande cidade. Eu vivo em
São Paulo, sei que aqui existem tesouros e sou feliz aqui.
Eisner quis, sim, destacar os menos
afortunados e ressaltar o lado mais sombrio de suas existências. Nos deu algo para pensar em solidão e invisibilidade. Mas mais do que isso, ele
mostrou que cada pequeno pedacinho da cidade tem um significado, que cada espaço de
alguma forma é vivo, mesmo não sendo uma pessoa.
Solidão - Ainda mais pungente numa cidade grande por ser inesperada.
Sua visão singular de mundo é inteligente e
coesa. Mudei a partir desta leitura a minha visão de várias coisas e admiro a
perspicácia dele para fazer de algo comum, algo a mais. Algo grandioso.
Degraus - Os Degraus do cortiço são uma arquibancada num estádio, uma ponte levadiça, uma propriedade comum, um pequeno palco também. Assentos seguros na arena da cidade, de onde podemos assistir ao desfile da vida.
É genial. Simples degraus não mais simples
degraus. Metrôs retratados como algo além de um meio de transporte e até o lixo
sendo mais que descarte.
Lixo - A cidade grande é, afinal, uma colméia de concreto e aço na qual coisas vivas pululam. Depositando durante o curso de suas vidas o resíduo da sua existência nas incontáveis latas de lixo que repousam taciturnas em meio ao turbilhão. Urnas surradas, o repositório final das coisas de ontem.
Não é a toa que um dos principais prêmios
para quadrinhos tenha o nome de Eisner. O homem era um gênio e capaz de colocar
o real em suas HQS. Não dá para ficar indiferente ao conteúdo de Nova Iorque.
Você é afetado pelos quadros, pelas vidas de seus habitantes e por cada
experiência deles. Eu me senti muito triste com alguns casos específicos, queria
muito que no final tivesse acontecido algo melhor para certas pessoas e em
outros casos queria que determinadas pessoas não tivessem se saído tão
bem.
O Quarteirão - Na cidade grande, um vale formado pela intersecção de cavernas de concreto e aço é chamado de quarteirão. Para os seus moradores é um mundo inteiro.
O
Edifício foi para mim o melhor de Nova Iorque. Ali não temos
apenas temos o curso real do progresso e da evolução, como também o retrato fiel
de uma vida e onde vamos parar com nossas escolhas.
Resumindo. É uma leitura para ser feita aos
poucos. Não tenha pressa, leia partes pequenas a cada dia para absorver estas
pessoas, suas vidas e estes locais. Faça um tour, sinta como uma viagem. Sinta,
mais do que veja. Se deixe levar.
gostei muito mesmo da resenha, eu não leio muito quadrinhos mas gostei da premissa!
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Faz muito tempo que paquero Nova York e que ele está na minha lista de desejos da Amazon, pois amo o gênero Graphic Novel, HQs, sua resenha me deixou com ainda mais vontade de ler. Gostei sobretudo do seu ultimo paragrafo recomendando a ler aos poucos, sentindo, sentindo mais que vendo... Acho que isso serve para tudo na vida. Esse ultimo paragrafo foi uma encerramento muito bonito para uma resenha bem feita.
ResponderExcluirJaci
Uma Pandora e Sua Caixa
Oi Cida,
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas acho que ia curtir a leitura.
Tenho vontade de conhecer NY.
até mais,
Nana - Canto Cultzíneo
Oi, Jô!
ResponderExcluirPelo que vi essa HQ é quase como se fosse contos.. que interessante.
Gostei do autor abordar assuntos e aspectos tão corriqueiros, infelizmente não em um bom sentido.
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Jô
ResponderExcluirEu não leio quadrinhos, nunca me acostumei, o mais próximo que eu chego é lendo as tirinhas da Sarab Andersen.
Mas achei interessante a abordagem da história, com essa fragmentação.
Fiquei curiosa para ver os traços por dentro! Hahahaha
Beijos
- Tami
http://www.meuepilogo.com
Oii Jô, tudo bem ? Pelo que deu para perceber é uma HQ com contos, uma coisa assim né, eu achei bem diferente e gostei bastante do estilo dela.
ResponderExcluir- beijos, Carol!
http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br