[Resenha] Apenas Um Garoto

Apenas Um Garoto
Título Original: Openly Straight (Openly Straight #1)
Autor(a): Bill Konigsberg 
Editora: Arqueiro                 Páginas: 256
Lançamento: 2016               ISBN: 9788580415896 
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Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa. Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco. O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.

Apenas Um Garoto, de Bill Konigsberg, traz a história de Rafe. Ele assumiu ao 13 anos que era gay e ao contrário do que você imagina, os pais dele não ficaram espantados com a revelação, nem tampouco chateados.

Diferente da maioria das história que encontramos por aí (não todas, ok?), os pais de Rafe aceitaram tranquilamente e até organizaram uma comemoração. Logo ele se viu como “o garoto gay” mais bem aceito de todos os tempos na escola, no bairro, na família e em todo o lugar.

Legal, não é? Não para ele, que acabou se sentindo rotulado. Desta forma, cansado de todo alvoroço ao redor disso, Rafe pediu para os pais uma mudança de ares. Ele foi para Natick, uma escola só para meninos, tentando ser apenaa Rafe, apenas um garoto.

O título deste livro resume o maior desejo do protagonista, que é ser apenas um garoto adolescente e viver tranquilamente esta fase da vida. Ser rotulado como gay o deixou desconfortável, sufocado e resumido em uma palavra. Só que ele é mais do que isso e da necessidade de provar para todos seu ponto de vista acaba “voltando para o armário” na nova escola e fazendo amizade com o tipo de pessoa que antes não fazia parte de seu círculo social.

Em Natick ela passa a andar com os atletas, entra no time da escola e pela primeira vez sente-se como um garoto de sua idade. No entanto, cedo ou tarde a mentira vai se apresentar. Você sabe que ele negar uma parte de si vai entrar em conflito com o o que ele está tentando ser e o autor conduz de maneira inteligente esta jornada de Rafe em busca de si e de uma identidade que não o resuma e sim permita que mostre que é muito mais do que um menino que gosta de meninos.

Eu achei a temática deste livro interessante e muito pertinente, não estou me referindo ao homossexualismo e sim a questão dos rótulos. O autor escolheu um protagonista gay para transmitir a mensagem, mas poderia muito bem ser um alcoólatra, um viciado em drogas, alguém com depressão ou mesmo um nerd, qualquer pessoa que sempre acaba sendo rotulado por algo marcante na sua maneira de viver ou fazer escolhas.

Preconceito. Aceitação. Tolerância. Tudo junto e misturado. Acredito que ninguém é cem por cento alguma coisa, somos um pouco de tudo. Somos uma mistura louca que no final faz sentido e nos faz ser nós mesmos. Rafe retrata bem isso, era gay, era atleta, era nerd, era futuro escritor... Quem disse que um gay não poderia se dar bem com os atletas? Quem disse que o nerd não poderia jogar futebol? É instigante e revigorante a forma como tudo isso é questionado. Rótulos e estereótipos são limitadores e preconceituosos. O protagonista não se conforma com isso, embora a forma como tente lutar contra o que o incomoda não seja a melhor escolha.

Ele mente, entra em negação e se perde. Magoa as pessoas que ama e até mesmo destrói grandes possibilidades que surgem no caminho.  Acredito que Rafe não seja apenas um personagem que teve pais que o aceitaram bem demais e o fizeram passar vergonha, sua história é real e pode estar sendo vivida perto de qualquer um de nós. Então se olharmos com atenção, nós mesmo temos o hábito de rotular as pessoas, quem sabe até nós mesmos e esta história nos faz pensar como isso pode ser ruim.

É um livro jovem, mas os assuntos abordados são relevantes e importantes para leitores de qualquer idade. A jornada de Rafe é conduzida de maneira leve, descontraída e rica em detalhes, mas nem por isso os assuntos levantados são abordados de maneira superficial. 

Quanto ao protagonista e demais personagens, por mais interessante que a temática tenha sido pra mim, eu não senti uma conexão com nenhum deles. Foi estranho não se apaixonar pelos personagens.

Achei a temática fabulosa e super relevante para debate e reflexão, mas por conta da minha falta de ligação com os personagens o que senti ao fechar o livro é que Rafe me apresentou uma interessante palestra a partir de sua experiência de vida, ou seja, foi uma relação personagem-leitor impessoal. Acredito que garotos possam ter uma identificação maior com o protagonista.

Gostaria de saber se parte do que Rafe narrou,  o próprio autor não tenha ele mesmo passado por algo semelhante. 

Em suma, eu gostei do livro, mesmo tendo esta questão com os personagens.  É uma ótima história, bem escrita e atual, que me tirou da zona de conforto.

Aceitar? Tolerar? Pensem bem o que isso significa. Se é algo bom de verdade. Leiam, depois me digam como foi para vocês.


  

17 comentários:

  1. Oi, Cida!
    Justamente por focar nessa parte do rótulo que eu quero muito ler esse livro. Sem querer, sempre acabamos rotulando as pessoas e isso até influencia em como as tratamos.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Participe da promoção seis anos de Caverna Literária

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    1. Verdade Lu, é para quem leva o rótulo é um tremendo desconforto.

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  2. Oi!
    Estou muito ansioso pra ler esse livro, vi varios comentários positivos e parece ser uma boa leitura nessa questão dos rótulos. Espero gostar.
    Parabens pela resenha!
    Abraço!
    http://leituraforadeserie.blogspot.com.br/2016/11/3-anos-de-blog-sorteio.html

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    1. Oi Guilherme! Espero que leia e goste. Depois me fala o que achou.

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  3. Também senti essa aproximação do autor, como se fosse uma coisa que ele viveu. Até mais do que o protagonista. As vezes isso acontece, o autor entra na história e conta uma coisa que aconteceu com ele, e esquece que ali vive um personagem, rsrs. Mas eu gosto disso. Não sei por que. Não deveria, é um furo, tá errado, mas eu gosto, rsrs.

    Gostei do livro e gostei da resenha ♥ Pena que não tenha te conquistado tanto, mas a resenha tá linda!

    Bjks

    Lelê

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  4. achei pelo tom da sua resenha que é um livro que desperta emoções, uma trama bem humanizada por conta disso, acredito que valha a pena

    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  5. To louca pra ler esse livro, amei a resenha.
    Beijinhoos. ❤
    Amor de Lua Azul
    Instagram - Google +

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  6. Eu acredito que ninguém é uma coisa só! Somos muitos dentro de um ser, a nossa sexualidade é apenas um aspecto do prisma de coisas que podemos ser. Alguém pode dizer que penso assim por ser geminiana, mas eu observo as pessoas e vejo que todo mundo é assim múltiplo sendo um, como você disse, somos umamistura louca no que no final nos torna alguém único. Fiquei sorrindo aqui lendo sua resenha e imaginando a jornada do Rafa, fiquei com vontade de conhecer esse garoto e sua jornada de autoconhecimento. Para mim aceitar as pessoas é sempre bom, todos precisam de aceitação e espaço para ser... Vivo tentando fazer isso com meus alunos, da espaço e aceitação a eles o suficiente para que eles possam ser aquilo que desejam ser e lamento profundamente que a sociedade ainda não compreenda a necessidade de aceitação que todos temos!

    Jaci
    O Que Tem Na Nossa Estante

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    1. Oi Jaci! Há um questionamento inteligente do termo aceitação no livro. Se conseguir ler esta história me conta o que achou.

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  7. Oi Cida!

    Eu acho a premissa desse livro incrível!! O fato dele ser super aceitado e se sentir rotulado me parece bem interessante. Mesmo sem a conexão com os personagens, parece ser uma boa leitura!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  8. Oi Cida,
    Que linda a proposta desse livro!
    Eu assisto uma série que a premissa é até parecida.
    Parece ser uma ótima leitura, com uma baita mensagem. Adorei.

    tenha um ótimo final de semana.
    Nana - Obsession Valley

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  9. Oii!
    Eu já ouvi falar bastante desse livro, mas nunca li. Apesar de ser uma temática que me atrai bastante, acho que vou levar um tempo pra ler (por motivos de muitos livros na fila).
    Eu concordo com o que você fala sobre rótulos, todo mundo acaba sendo de alguma forma rotulado e algumas vezes é bem chato lidar com isso.
    Gostei muitão da sua resenha!^^
    Beijo

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  10. Olá, Cida.
    Gosto do tema proposto pelo autor para ser debatido na história. Acho que o fato de rotularmos alguém ou nós mesmo, limita muito as coisas ao redor do rótulo. Mas ainda assim não sei se leria esse livro. Fico na dúvida porque a sua resenha não é a primeira que vejo falar sobre não ter se conectado com os personagens.

    Blog Prefácio

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  11. Acho maravilhoso esses livros que trazem um grande ensinamento por traz da história. Nos faz pensar nas nossas próprias vidas e atitudes.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  12. Oi Cida,
    A premissa desse livro é interessante, eu não sei se leria nesse momento, mas não descarto para uma leitura futura.
    Bjs e um bom fim de semana!
    Diário dos Livros
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  13. Oi Cida!
    A história do livro parece ser muito interessante e tenho certeza que muitos meninos irão se identificar com o protagonista. Eu acho que também não sentiria muita conexão com ele, mas pelo visto ele conseguiu passar a mensagem que precisava.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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