[Resenha] A Caderneta Vermelha

A Caderneta Vermelha
Título Original: La femme au carnet rouge
Autor(a): Antoine Laurain
Editora: Alfaguara                        Páginas: 135
Lançamento: 2016                       ISBN: 9788556520135
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Caminhando pelas ruas de Paris em uma manhã tranquila, o livreiro Laurent Letellier encontra uma bolsa feminina abandonada. Não há nada em seu interior que indique a quem ela pertence — nenhum documento, endereço, celular ou informações de contato. A bolsa contém, no entanto, uma série de outros objetos. Entre eles, uma curiosa caderneta vermelha repleta de anotações, ideias e pensamentos que revelam a Laurent uma pessoa que ele certamente adoraria conhecer. Decidido a encontrar a dona da bolsa, mas tendo à sua disposição pouquíssimas pistas que possam ajudá-lo, Laurent se vê diante de um dilema: como encontrar uma mulher, cujo nome ele desconhece, em uma cidade de milhões de habitantes?
A Caderneta Vermelha, de Antoine Laurain, lançamento da Alfaguara é um livro curtinho, mas que resume perfeitamente o significado da frase “Menos é mais”. O autor conseguiu trazer uma história envolvente, interessante, intrigante e completa em poucas páginas e me deixar totalmente encantada por um possível romance, fora dos moldes, ambientado na bela Paris.

Eu admito! Foi Paris que logo me atraiu para o livro, eu sou apaixonada por histórias nesta cidade, adoro ser transportada para suas ruas e me sentir parte de uma cenário romântico e sofisticado em igual medida. No entanto, não foi apenas o local que chamou atenção, a ideia geral também é promissora. Imaginem se interessar por uma pessoa e, quem sabe se apaixonar por ela, a partir do conteúdo de sua bolsa?

Laure foi assaltada de madrugada na entrada do prédio onde morava e o ladrão levou sua bolsa. A agressão a deixou ferida e em estado grave.

Na manhã seguinte ao assalto o livreiro Laurent Letellier achou a bolsa e acreditando ser produto de roubo, resolveu entregar para a polícia. Contudo a lotação na delegacia fez com que ele adiasse a entrega do objeto. Em casa Laurent acabou abrindo a bolsa na busca por uma identidade da dona e daquele momento em diante cada um dos objetos que a mesma guardava intrigaram o livreiro: o perfume, as fotos, a maquiagem e uma caderneta vermelha que parecia ser a válvula de escape da dona da bolsa. Quantas anotações emotivas e passionais. Que mulher seria tão intensa?

Não havia documentos e disposto a encontrar a resposta para tal pergunta e devolver a bolsa, Laurent resolveu encontrar a dona da bolsa e da caderneta vermelha.

Será possível conhecer e desvendar uma pessoa pelo que ela carrega em uma bolsa e por algumas anotações aleatórias? Eu acredito que o que levamos conosco diariamente é bem revelador e até  então não tinha parado para analisar isso profundamente, mas esta história é capaz de mexer com a gente nesse sentido e nos fazer avaliar nossa própria bagagem. Eu comecei a olhar minha bolsa e imaginar a impressão que causaria em um completo estranho. Gostaria muito de saber o que pensaria sobre mim.

Um livro? Gosta de ler. Carregador de celular e guarda-chuva? Pessoa precavida. Maquiagem e acessórios? Pessoa que se cuida e até mesmo vaidosa. A cor e modelo da bolsa? Revela um estilo, que pode ser clássico, moderno ou arrojado. E uma caderneta/diário? Permite a quem ler invadir a privacidade do outro, conhecer o nosso interior.

E voltando para a história, não há como saber se Laurent encontrará a mulher misteriosa, no entanto a sua jornada investigativa é muito envolvente. É baseada em memórias, lugares, cheiros, objetos e impressões. Ela vê Laure apenas como um borrão, mas aos poucos este borrão vai tomando forma. A narrativa se alterna entre Laurent e Laure e  mesmo tendo informações privilegiadas sobre o paradeiro dela, nós a conhecemos de verdade junto com ele.

Laurent se viu diante de uma mulher quebra-cabeça. Um silhueta imprecisa, como se estivesse atrás de uma vidraça coberta de vapor, um rosto semelhante àqueles que encontramos nos sonhos e cujos traços se embaralham quando tentamos rememorá-los.

É uma história diferente e em muitos aspectos simples, mas que fala sobre tantas coisas em suas entrelinhas, coisas que nos fazem pensar sobre a vida e escolhas. É simples por não apresentar nada revolucionário ou fantasioso.

A narrativa prende fácil, nos fazendo imaginar mil e um finais românticos daqueles com encontros épicos que marcaram filmes antigos e considerados clássicos. Tudo se passa nos dias atuais, mas a atmosfera de tempos antigos prevaleceu comigo todo o tempo. A história é bastante íntima e pessoal, você mergulha na alma dos protagonistas e vive momentos de pura nostalgia. Inspira sonho e romance, definitivamente o clima elegante de Paris é feito para os amantes. 

Os outros homens tinham tido acesso ao seu corpo… nunca haviam aberto por completo a porta de sua mente.


E por mais que seja estranho considerar a atitude de Laurent corriqueira, pois ele irá bem longe nesta busca e poderia ser considerado um perseguidor maluco, não dá para ver algo de perigoso em seus atos. Eu sei que se fosse minha bolsa eu me assustaria, mas por ser um livro e o autor nos dar a chance de saber sobre o caráter da pessoa em questão,  eu vi que ele era bom e por isso me recusei a encaixá-lo no mundo de desconfiança no qual vivemos, preferi a versão de herói romântico.

Eu adorei! Há graça e beleza em toda a trama, mas vai além disso. É um mergulho na vida de um homem e uma mulher que passaram por experiências marcantes e perdas em sua vidas e poderiam ter se tornado pessoas tristes e solitárias, mas ao contrário disso levaram suas vidas se cercando de coisas boas como amizades, escolhas de carreira que os fizessem felizes e não apenas bem sucedidos e a busca constante por alegria e amor. Eu fechei o livro não apenas encantada com a graciosidade e sensibilidade da trama, mas cheia de fé na esperança, na bondade e no romance.

Além de Laure e Laurent, existem outros personagens na trama, a participação dos mesmos é um ponto de apoio para os protagonistas, mas a filha destemida do livreiro consegue se destacar e mostrar como é bom a amizade e cumplicidade entre pais e filhos. A garota é singular.

A Caderneta Vermelha é uma livro com uma história poética e deliciosa, cheio de referências culturais sofisticadas. Apresentando um universo atraente, desperta aquela vontade de fazer as malas e refazer os passos dos personagens pelas ruas, cafés e livrarias de Paris.

E durante tão charmoso passeio a expectativa pelo encontro de Laure e Laurent é elevada. Não vou dizer o que aconteceu, mas garanto um final sem pontas soltas e notável. Eu recomendo. Gente! Não deixem este livro passar. Torcendo por mais histórias do autor.

Pode-se sentir nostalgia daquilo que não aconteceu? O que nós denominamos “pesares”, e que concerne às sequencias de nossas vidas em que temos quase certeza de não haver tomado a decisão correta, comportaria uma variante mais singular, que nos envolveria numa embriaguez misteriosa e doce: a nostalgia do possível.

17 comentários:

  1. Certo, recomendado desse jeito fica difícil deixar o livro passar... Uma resenha que do começo ao fim coloca uma luz tão positiva sobre um livro não pode ser ignorada!

    Pandora
    O que tem na nossa estante

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  2. Adorei a resenha e a oportunidade de conhecer um bom livro que não conhecia.
    Bjs
    http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/

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  3. achei o enredo em si romântico, ainda não conhecia essa aposta da editora, mas ja estou apaixonada!
    Paris, a terra do amor!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  4. Amei a resenha e também gosto de histórias que envolve esta cidade tão linda que é Paris.A história aparenta ser divertida e curiosa, como Laurent busca encontrar Laure

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  5. Olá, Cida.
    Já quero ler esse livro também. Essa é a primeira vez que vejo ele mas não tem como não se interessar. Também adoro histórias que se passam em Paris. E de agora em diante vou prestar mais atenção a bagunça da minha bolsa, vai que hehe.

    Blog Prefácio

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  6. Oii! Eu adorei a sinopse do livro, já tinha lido outras, mais agora estou convencida á ler, está incrível!
    O livro eh mto dominador, prende a atenção da gte!
    Bjs!

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  7. Oi cida!

    Eu gosto das edições da Alfaguara! E poxa se só vc contando a sinopse eu já fiquei totalmente presa e curiosa, imagina lendo o livro! Vou colocar na lista de leituras com certeza!

    Bjs, Mi

    Pop Notas

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  8. Oi Cida,
    Adoro esses livros sobre destino, não simpatizei com a capa do livro mas a premissa me interessou. Daria uma chance.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  9. Oi Cida
    Fiquei lendo a sua resenha e imaginando a história... Pensando nas coisas que levo na bolsa e tudo mais. Você me deixou completamente curiosa para saber mais sobre esse livro. Queria ler ele agora :)
    Parabéns pela sua resenha, ficou nota dez
    Beijinhos
    Renata
    Escuta Essa

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  10. Oi :)

    Comecei a resenha achando que não ia gostar nenhum pouco do livro, vivo julgando pela capa, e essa não me chama muita atenção. Me enganei, foi só começar a ler que me encantei com a história. Engraçado, eu também romantizei o personagem, ao invés de pensar que ele era um doido, rs.
    Mais um pra lista de desejados!
    Bjs!

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  11. Oi, Cida!

    A sinopse deste livro me lembrou "Charlotte Street", um dos meus livros favoritos. Esta capa, além da ambientação, está super convidativa... Também fiquei apaixonada.
    A história parece ser cativante e bem fofa, daquelas que a gente lê em uma tarde e fica com um sorriso bobo quando termina a leitura, rs.
    Adorei sua resenha e fiquei muito curiosa para saber o que aconteceu com eles!

    Beijocas.
    http://artesaliteraria.blogspot.com.br

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  12. Mulher, ando encantada com estes livros curtinhos e com grandes histórias. Li alguns assim mês passado e ando caçando mais obras neste estilo.
    Então, claro, esse já está na lista ♥
    Amei!!!
    Livro lindo, história perfeita, resenha incrível!

    Bjks

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  13. Oi, Cida!
    Histórias ambientadas em Paris também me encantam. Já tinha lido outra resenha a respeito desse livro e ficado com vontade de ler. De fato nossos gostos e as coisas que carregamos conosco dizem muito sobre nós. Não sei se acredito em um paixão despertada por esses objetos, mas com certeza eles são capazes de despertar curiosidade e interesse suficientes para, como Laurent, ir em busca de um encontro com a dona deles.

    Beijos, Entre Aspas

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  14. Oi, oi Cida!
    Amo história que nós envolvem com essa leveza, não conhecia o livro mas adorei sua resenha!
    Beijos!
    Borboletas de Papel | Fanpage

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  15. Oie Cida =)

    Confesso que não tinha prestado muita atenção nesse livro, mas agora depois de ler a sua resenha fiquei bem curiosa. É um tipo de narrativa diferente da qual estou acostumada a ler. Se tiver uma oportunidade vou dar uma chance com certeza!

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  16. Que resenha incrível! Eu amei cada segundo da sua narrativa sobre ela. Eu já vi esse livro em uma livraria, mas não sei porquê, tive a impressão que a leitura seria chata e nem li a sinopse! Como me enganei! O livro é sensacional e leve, estou com uma vontade enorme de ler agora. Beijos!
    O Reino Encantado de uma Leitora

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  17. Oi Cida!

    Que resenha belíssima hein? Parece ser daqueles livros românticos e poéticos que mexem com a gente. Não conhecia, mas confesso que já entrou na minha lista de próximas compras.

    Beijos

    Vivian
    Saleta de Leitura
    http://www.saletadeleitura.blogspot.com.br/

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