Fragmentados
Título Original: Unwind (Unwind Dystology #1)
Autor(a): Neal Shusterman
Editora: Novo Conceito Páginas: 350
Lançamento: 2015 ISBN: 9788581635194
Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe. O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.
Fragmentados é o primeiro livro da série Unwind Dystology, de Neal Shusterman, publicada no Brasil pela Editora Novo Conceito. Desde que este livro foi lançado só vi críticas positivas e estava com medo de minhas expectativas elevadas não serem atingidas.
Eu confesso que livros muitos elogiados e “febre do momento”, tendem a ir para o final da minha fila de leitura, pois vejo tanto na boca do povo que acabo sabendo toda a trama antes mesmo de abrir o livro, então espero um pouco para esquecer detalhes e assim poder me surpreender.
Eu confesso que livros muitos elogiados e “febre do momento”, tendem a ir para o final da minha fila de leitura, pois vejo tanto na boca do povo que acabo sabendo toda a trama antes mesmo de abrir o livro, então espero um pouco para esquecer detalhes e assim poder me surpreender.
No entanto, com este livro isso não ocorreu, além de ter sido o escolhido para eu ler em um projeto literário, é uma distopia, gênero que não resisto e não deixo parado na estante muito tempo. Seja por um motivo ou pelo outro, o que importa é que há muito tempo uma história não mexia tanto assim comigo. Gente, que história incrivelmente estarrecedora e bela, ao mesmo tempo que consegue ser bem feia também. Eu fiquei abalada com o universo distópico criado pelo autor, onde um jovem não muito produtivo, é encaminhado para fragmentação, ou seja, tem seu corpo separado em várias partes que serão destinadas à implantação em outras pessoas.
Eu citei que jovens que não são produtivos têm este fim, mas não posso generalizar, já que existem também casos onde mesmo sendo exemplares eles têm este destino. Estes escolhidos são oriundos de famílias religiosas e criados para serem dízimos desde o momento do nascimento, são o exemplo de fé dos pais, o que na minha opinião é um ato extremamente covarde, tão covarde como o daqueles pais que não sabem lidar com filhos rebeldes e os encaminhavam para a fragmentação, e também dos responsáveis dos lares adotivos que direcionavam órfãos por caminhos errados para poderem justificar as ordens de fragmentação futuras.
Neal Shusterman nos apresenta três protagonistas que retratam cada uma destas realidades. O dízimo, o rebele e a órfã, respectivamente Lev, Connor e Risa. O segundo inconformado com seu destino resolve fugir e na sua jornada acaba envolvendo os demais. Assim a história de desenrola, mostrando toda a rota de fuga e planos para sobreviver dos três, enquanto apresenta em detalhes um mundo onde a fragmentação é aceita com naturalidade.
É algo perturbador e fascinante em igual medida. As questões de vida e morte são profundamente abordadas e questionadas, juntamente com conceitos morais e religiosos. A fragmentação em si é um grande debate, não sendo considerada um fim, visto que habilidades e memórias permaneciam nas partes do corpo implantadas e o recebedor acabava adquirindo mais do que um pedaço do outro. Só que como isso pode ainda ser vida, se o indivíduo perdeu a autonomia sobre si mesmo? Qual o valor de viver inteiro e o de viver em partes? São tantos dilemas discutidos pelos próprios personagens e tão bem fundamentados que eu me pegava oscilando todo o tempo sobre o que era correto e o que não era.
Eu não sei se um dia chegaremos nesta situação, torço para que jamais, mas não nego que foi algo tão bem apresentado que ficou crível e senti que era mesmo real. O legal de distopias é que geralmente nos apresentam situações que poderiam ser a nossas em um futuro próximo, e neste livro eu senti na pele o medo de viver algo assim. Os cenários devastados, foco de tantos livros do gênero, não são destacados aqui, o forte é mesmo o lado comportamental e psicológico, e também as guerras que deixaram as pessoas menos humanas e mais egoístas.
Fiquei aflita durante toda a leitura e com a enorme curiosidade de saber como era o tal processo de fragmentação. Sinceramente, talvez fosse melhor ter ficado sem esta resposta, pois a única sessão que foi mostrada em detalhes foi suficiente para me fazer chorar e demorar muito para dormir, tamanho o grau de insanidade, crueldade, frieza, impotência e desespero.
A história, dividida em sete partes, é compostas de capítulos curtos focados em Risa, Connor e Lev, mas também em outros personagens que desempenham papel importante no enredo geral. Há muita ação mesclada com momentos de imensa tristeza, emoção, frustração e total incapacidade de reação e ação.
Há uma transformação gradativa pela qual cada personagem passa, os endurecendo e tornando - os mais fortes do que esperado para pessoas na faixa etária de treze até dezoito anos. Connor começou como um garoto imaturo, afobado e um pouco estúpido, terminou como um guerreiro pela liberdade e dignidade da raça humana. Risa sempre foi mais centrada e esperta, ao final só ficou ainda mais adulta e responsável. Lev foi de longe o melhor personagem, sua jornada foi a mais surpreendente e ilimitada, beirando a loucura, mas mesmo assim foi ele quem ganhou meu coração e admiração. Na minha opinião, em um mundo onde era difícil determinar quem era bom ou ruim, ele conseguiu ser um herói.
Talvez. Talvez não. Você aprende uma coisa depois de ter vivido tanto quanto eu vivi: as pessoas não são completamente boas nem completamente ruins. A gente passa a vida toda entrando e saindo das sombras e luz.
Eu vi que a série conta com mais três livros que dão continuidade à luta pela sobrevivência e pelo fim da fragmentação. O final deste primeiro volume foi conclusivo para esta primeira parte da jornada, mas ainda assim há muito para ser resolvido antes um final feliz, se é que algo do tipo será possível, visto que o autor não aliviou em nada a vida dos personagens nas últimas páginas.
Eu recomendo Fragmentados para todos que amam um distopia inteligente e que tenham um emocional bem forte, pois haja coração para tantas emoções. Uma história que ainda vai permanecer muito tempo em meus pensamentos. Que venham os próximos volumes.
Eu recomendo Fragmentados para todos que amam um distopia inteligente e que tenham um emocional bem forte, pois haja coração para tantas emoções. Uma história que ainda vai permanecer muito tempo em meus pensamentos. Que venham os próximos volumes.
é um daqueles lançamentos primorosos, que dão uma apreensão, que faz com que o medo se instale tanto em quem vive a trama como quem lê
ResponderExcluirfelicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Já comecei a ler, e a minha primeira impressão é a mesma que a sua. Essa febre toda tem motivo!!
ResponderExcluirTô curtindo e vou curtir mais ainda até o final!
Amei a resenha ♥
Bjks
Lelê - http://topensandoemler.blogspot.com.br/
Desde que vi um book trailer de Fragmentados fiquei muito interessada pelo livro, pois achei bem diferente a história, e como gosto muito de distopias, acredito que irei gostar do livro.
ResponderExcluirSua resenha está muito boa e pretendo ler Fragmentados em breve.
Cida, Fragmentados é uma leitura que estou aguardando ferozmente. Estou super curioso para embarcar neste novo mundo criado por Neal Shusterman e observar todos os riscos que os personagens, com características bem fortes, correm. Inclusive, conhecer mais sobre a fragmentação dos corpos.
ResponderExcluirFragmentados me interessa pois traz um debate interessante e necessário: a questão da importância da vida, a religião e, principalmente, os conceitos morais. Dessa maneira, acredito que leria porque, além de parecer ser um bom livro, pode contribuir de maneira a exercitar a reflexão.
ResponderExcluirÓtima dica,
Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de outubro. Serão seis livros para três vencedores.
Oi Cida! Eu também empurro pro final da lista os febres do momento kkkkkkk Mas se vc gostei de Fragmentados e achou uma distopia inteligente vou dar uma chance a ele então
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Oi, Cida!
ResponderExcluirDesque vi o lançamento de Fragmentados, eu já fiquei curiosa. Sou louca por distopias e essa me pareceu ser tudo aquilo que eu amo em um livro. Apesar de gostar de leituras leves e sem grande profundidade, as minhas preferidas são aquelas que trazem algum debate, que faz com que o leitor pense e se coloque no lugar dos personagens, e pela tua resenha percebi que é isso que acontece com Fragmantados. Se antes eu já estava querendo ler, agora eu preciso desse livro para ontem!
Beijos!
Books and Movies
www.booksandmovies.com.br/
Oi, Cida, tudo bem?
ResponderExcluirEstou vindo lá da Estante, onde tu comentou no post sobre Dumas.
Primeiro de tudo: preciso dizer que adorei ver que tem mais gente além de mim apaixonada pelas histórias dele. Espero que tu goste do especial!
Sobre tua dica de leitura: também não sou muito apegada a ler livros novos e é muito difícil vê-los na minha estante, mas no modo como tu apresentou a história, me lembrou "Admirável mundo novo". Não sei se tem algo a ver, mas ao ler sobre as punições meu inconsciente lembrou Huxley...
Bom fim de semana! Beijo!
Oi, Cida, tudo bem??
ResponderExcluirEu não li a sua resenha, apenas o último parágrafo, me perdoa? hahahaha
Não é por medo de spoiler, porque acho que você avisaria se tivesse algum, mas é que eu estou querendo mergulhar bem crua nesse livro, sabe? Não li nenhuma resenha dele! hahahaha
Eu comprei o livro mas não consegui ler ainda!!!!
Mas pelo último parágrafo deu pra perceber que você gostou da leitura!! Meu emocional é mais ou menos... hahahaha
Beijo
- Tamires
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Oi Cida!
ResponderExcluirEu também deixo os livros "modinha" um pouco de lado pois tenho medo de me decepcionar... Mas já li Fragmentados e adorei, esse livro me surpreendeu! Legal saber que você também gostou.
Espero que a NC publique a continuação por aqui, apesar de eu achar que nem precisava ter continuação.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Oi!!!
ResponderExcluirAchei o máximo a premissa desse livro e com certeza vou ler.
Como você, gosto muito de distopias e não resisto à leitura. Nunca tive problemas em conhecer toda a história antes de ler, eu chego a implorar por spoilers enquanto estou lendo o livro porque isso me faz querer chegar na parte e ver com meus próprios olhos rsrsr.
Não conhecia nada do autor. É tão bom quando uma distopia é tão bem apresentada que nos pega pensando se nosso mundo não acabará chegando a isso. Senti muito isso quando li Reiniciados da Teri Terry.
Beijos!!
Quer Falar de Livros?
Cida!
ResponderExcluirTive oportunidade de fazer a leitura desse livro e confesso que apesar de ter gostado demais do livro, ainda não engulo essa história de que os fragmentados tem sua parte viva em outra pessoa, acho que é forçar demais...
“Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo.”(Friedrich Nietzsche)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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