[Resenha] Batendo à Porta do Céu

Batendo à Porta do Céu
Título Original: Llamando a las puertas del cielo
Autor(a): Jordi Sierra i Fabra
Editora: Biruta                     Páginas: 312
Lançamento: 2014               ISBN: 9788578481308
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Uma jovem estudante de medicina decide abrir mão de seu conforto, de sua família e de seu namorado para trabalhar como voluntária em um hospital na Índia, durante as suas férias de verão. Em sua jornada, Sílvia conhece as peculiaridades de um país muito diferente do seu, convive com a pobreza e conhece pessoas que se tornarão muito especiais e importantes em sua vida, como o voluntário Leo, a médica Elisabet Roca, as pequenas Viji e Narayan e o misterioso Mahendra. Inspirado em um caso trágico de uma voluntária espanhola, Batendo à Porta do céu expõe as reflexões da jovem Sílvia ao se deparar com a precariedade da infraestrutura indiana, as perdas, o medo e si própria. Sílvia mergulha em um momento de autoconhecimento, em que se questiona sobre o amor e suas variações, sobre a importância do apoio da família e sobre o valor da vida. Sua vontade de evoluir como médica cresce, ao mesmo tempo em que suas convicções vão sendo fortalecidas. De forma cativante, o autor Jordi Sierra i Fabra sensbiliza o leitor com suas indagações, e também com a realidade indiana, que se contrasta tanto com a vida da jovem espanhola.
Silvia é estudante de medicina, filha de médicos conceituados e famosos, resolveu em suas férias realizar um trabalho voluntário ajudando em um hospital da Índia, a terra dos trezentos mil deuses. A jovem de dezenove anos deu um passo importante em sua carreira com esta decisão, mas também em sua vida, que mudou consideravelmente desde o dia que embarcou nesta viagem, para ser mais sincera, posso dizer que antes mesmo de chegar na Índia as coisas passaram a ser diferentes, começando em casa, na relação com o pai, que foi totalmente contra o desejo da filha, ele não via sentido em uma jovem rica deixar o conforto de seu lar e passar semanas em uma região cheia de miséria, o que surpreendeu a filha, afinal o sentido de ser médico não era salvar vidas e ajudar pessoas doentes? Como seu pai, um médico, havia esquecido algo tão importante para o exercício de sua profissão?

Se não bastasse a reação negativa do pai e sair de casa sem estar falando com ele, Silvia enfrentou outra decepção com seu namorado Arthur, que ao lhe dar o apelido de Miss ONG, não só mostrou como não entedia os sentimentos e valores da moça, como também provou ser dono de uma insensibilidade sem tamanho e bem imaturo. Silvia embarcou de coração partido, mas disposta a provar que todos estavam errados.

A narrativa em terceira pessoa de Jordi Sierra i Fabra é sensível e delicada, mas não deixa de mostrar a dura realidade de um país de cultura tão diferente da nossa, onde a maioria das pessoas vive na mais pura miséria. A Índia é belíssima e seus costumes e tradições fascinantes, mas não esperem aqui um livro que romanceie totalmente o lugar, há sim um lado que abra portas para sentimentos de amor e romance, mas o foco é mostrar a importância do trabalho dos médicos voluntários e como eles abrem mão de si mesmos pelos pacientes.

A jornada não é de descobrimento apenas para o leitor, a personagem Silvia esta encarando a oportunidade de descobrir a si mesma, confesso que logo nas primeiras páginas seu jeito teimoso de ser não me fez acreditar em bondade, eu via uma garota que queria mostrar ao pai e ao namorado que tinha razão, que sabia o que estava fazendo, e não só isso, queria livrar-se do estereótipo de garota rica e bonita, filhinha do papai que todos lhe atribuíam, no entanto, pouco a pouco ela foi sendo envolvida pela atmosfera do local e os dramas das pessoas que estavam ali; interagir com as meninas que viviam uma realidade tão diferente da sua, onde o mais chocante era a falta de liberdade de escolha, fez Silvia ver tudo por outro prisma. Ela ficou amigas das jovens Viji e Narayan, apegou-se as crianças que eram pacientes, chegando a surtar quando perdeu uma delas e até mesmo foi a luz na vida de um jovem viúvo rico e recluso, ou seja, ao tornar-se parte de tudo aquilo, Silvia encontrou seu propósito de vida.

“Os que tentam salvar o mundo, talvez no fundo queiram ser salvos pelo mundo.”

É interessante observar o amadurecimento da personagem, seu período longe da família e amigos serviu para mostrar uma maneira melhor de viver com eles no retorno, a relação com o pai passa por mudanças significativas e finalmente chega ao ponto de um respeitar o ponto de vista do outro, o pai viu que a filha era uma adulta e ela entendeu o quanto ele só queria lhe proteger. No tocante a vida profissional, ficou claro o quanto a humanidade e amor são essenciais para ser um bom médico, ali a falta de recurso era compensada por gestos de dedicação e carinho, onde a esperança não mais existia, apenas segurar a mão de um paciente enquanto ele morria era o melhor tratamento.

E há romance no ar, não tórrido e devastador, os médicos mais velhos que cuidam do hospital Elisabete Roca e Lorenzo Ginir, têm uma relação mais madura que encanta Silvia, e ela própria se vê dividida entre três homens, o namorado que a decepcionou, Mahendra o viúvo indiano rico e fascinante e Leo, um médico voluntário como ela, teimoso e birrento, mas que tem um coração de ouro, mais uma vez não vamos testemunhar idas e vindas amorosas, são interações que mostram para Silvia a verdade que reside em seu coração.

O povo indiano é muito carismático e também muito carente, é impossível não sentir afeição pela sua doçura e simplicidade e tristeza pelas precárias condições em que vivem, existem pessoas ricas, mas a grande parte da população não têm nem condições dignas de higiene, quanto mais luxo. Batendo à Porta do Céu é uma obra que nos mostra uma realidade que encanta e assusta, uma oportunidade para nós leitores sairmos de nossa zona de conforto e pensar no valor da vida e em generosidade.

“Mas nesse mundo nunca faltariam pessoas dedicadas aos demais, a aliviar, mesmo que minimamente, o desastre do egoísmo e da avareza, a estupidez e a intolerância. Pessoas como Elisabete Roca e Lorenzo Ginir, como Leo. Talvez algum dia, ela mesma.”




15 comentários:

  1. Olá! Já tinha visto posts sobre esse livro, mas nunca tive interesse, depois dessa resenha fiquei muito intrigada e doida para ler, conheço pouco da Índia e acho que essa seria uma boa oportunidade, dica anotada!

    http://www.whoisllara.com/

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  2. Oi Cida!
    Nunca li nenhum livro que se passasse na Índia, mas fiquei interessada por esse. Gostei de saber que a narrativa é sensível e delicada sem deixar de mostrar a realidade.
    Adorei os quotes e a resenha!
    Beijos... Samantha Culceag.
    Só pra Menores

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  3. Oi Cida, tudo bom?
    Essa leitura me surpreendeu muito. Eu esperava uma outra coisa, mas fui surpreendida com uma narrativa que ensinou muitas coisas. Além da temática sobre voluntariado, acredito que a protagonista cresceu bastante e se tornou uma pessoa melhor durante o período em que esteve na Índia. Ela cresceu como pessoa e se tornou alguém mais ciente dos problemas no mundo e conseguiu também resolver seus próprios problemas familiares.
    Beijos!
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

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  4. Muito interessante esse livro, mostrando a realidade da miséria na Índia e o trabalho dos médicos voluntários. Fiquei com muita vontade de ler!
    Amei a resenha! Bjs, Cida <3

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  5. esse livro esta me encantado faz algum tempo, essa mistura de culturas muito me atrai, é um aprendizado cultural
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  6. esse livro esta me encantado faz algum tempo, essa mistura de culturas muito me atrai, é um aprendizado cultural
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  7. Oi Cida

    Já li outras resenhas sobre esse livro e apesar de serem muito elogiosas nenhuma conseguiu despertar meu interesse pela leitura como a sua. Esse é o tipo de livro que eu não costumo ler, mas que faz muita falta na minha estante. Uma história bonita e sensível, com importantes lições de vida.

    Beijos
    mundo-de-papel1.blogspot.com.br

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  8. Oi Cida!

    Nossa, que resenha linda! Adorei a premissa do livro, a história, tudo. Sou apaixonada pela Índia, e por suas histórias, mesmo sendo elas mais realistas e cruéis, porque lá é complicado apesar de lindo.
    Também amo livros, filmes ou séries sobre médicos, o clima desse tipo de história me fascina e me prende, então acho que este livro já se tornou um da wishlist! Preciso ler!! *---*

    Amei ter conhecido um livro que não é muito divulgado, de uma editora menor e tal, é uma boa chance pra ler algo bem diferente!

    Beijos!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/

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  9. Oi Cida, tudo bem???
    É a primeira vez que vejo um livro falando sobre a vida desses voluntários, que é muito complicada. Acredito que eles renunciam a própria vida para salvar outras que precisam muito deles. Esses lugares como a Índia e tantos outros estão muito carentes de tudo, o que acaba com o meu coração. Eu entendo o lado do pai e entendo o lado dela. Acho que no fundo todos temos medo.
    Adorei a história e sua resenha como sempre está ótima.
    Dica super anotada.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  10. Oi Cida!
    Conheço poucos livros que falam da Índia, e os que conheço, falam das belezas e da cultura e esquecem de citar o lado carente do lugar. Parece ser um livro que toca o leitor, e eu gostei muito da resenha. A evolução da personagem deve ser bem legal de acompanhar também, pelas experiências que ela vai passando ao longo da história, realmente é impossível não ser afetada. E o leitor deve sentir muito isso.
    Não conhecia, me interessei e pretendo por na lista de desejados!

    Beijos, Fer.
    http://viciosemtres.blogspot.com.br/

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  11. Oi Cida =)

    Adoro livros que trazem como tema outras culturas e costumes. E sou encantada por livros que falam da Índia. Este livro parece ser realmente encantador e emocionante, e trazer uma bela mensagem. Dara valor a vida e olhar ao redor. Espero ler este livro em breve. Adorei a resenha =)

    Beijos,
    Livy
    No Mundo dos Livros

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  12. Tenho certeza que deve ser um livro ótimo. Adoro histórias ambientadas na Índia, é um país muito rico em cultura com certeza, e a motivação da personagem, sua vontade de ajudar me cativou.

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  13. Silva parece ser uma personagem decidida, largar tudo o que está certo e estruturado e viajar para ter uma profissão, acho isso um característica de uma personagem forte. E mostra também sobre as diversidades do mundo, culturas e modo de vivência. Percebi que conta mais sobre o trabalho dela e sua viagem e conhecendo as culturas da Índia, bom, seriamente não me interessou muito, não tive apego com a personagem e nem como se passa o enredo, mas leria sim, vai que mudo de opinião ou tenha outra diferente.
    Beijos, ThaynáQ.

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  14. Cida, querida, que indicação preciosa! Lindo, lindo, quero ler já!
    Adoro histórias em culturas diferentes, com uma protagonista corajosa e tão sensível assim. Acho que vou ficar inebriada com a descrição do lugar - o misticismo e a espiritualidade indianos me encantam - mas tb sei que vou sofrer com o extremo das necessidades básicas.
    Amei!
    Beijo!

    Resenha nova de um livro impactante: A Vingança da Amante:
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  15. Eu não conhecia este livro, mas a premissa dele é muito interessante, acho que vou gostar muito deste livro.

    Beijos.

    http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/

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