{Resenha} A Última Nota

A Última Nota
Autor(a): Felipe Colbert e Lu Piras
Editora:  Novo Século              Páginas: 260
Lançamento: 2012       ISBN: 9788576798392                  Compare Preços

Quando Alícia Mastropoulos se apresenta pela primeira vez como a principal violinista na Orquestra de sua Universidade, ela não tem ideia dos acontecimentos que este fato desencadeará. Decidida a tocar uma composição inédita deixada por seu falecido avô, em vez da música programada, ela se emociona e erra a última nota, mas ninguém parece perceber. No dia seguinte, recebe a notícia de que um jovem desconhecido é encontrado no coreto próximo ao local da apresentação e levado para um hospital. Quando acorda, ele não se lembra de nada, apenas chama pelo nome dela. Ele, o belo e misterioso rapaz de olhos azuis, é exatamente o que Alícia precisa evitar.

Ela nunca pensou que a música transformaria sua vida... até aquele dia.

Ano passado fui em um evento literário que contava com a participação de vários escritores nacionais, entre eles Felipe Colbert. Neste dia ele falou sobre seu novo livro, em parceria com a escritora Lu Piras, um livro escrito à quatro mãos. 

Logo fiquei muito curiosa. O que eu poderia esperar desta obra criada por duas pessoas que escrevem sobre temas tão diferentes? Com a divulgação da capa, na semana seguinte, a minha vontade de ler foi consolidada. Nesta resenha, minha experiência com A Última Nota.

Alicia faz parte de uma tradicional família grega, embora seus pais façam questão de honrar as tradições desta cultura, a moça não incorpora bem esta ideia. Ela respeita, mas não sente que sua vida deva girar em função disto. Seu namoro, com um rapaz oriundo de outra família grega, Theo, também não é muito animador.

"Mesmo não sendo uma bolsa, sentia como seu meu namorado vivesse pendurado em mim, e não lembrava de nenhum acessório mais chamativo do que ele."

A jovem estuda música e tem como seu maior ídolo, o avô, já falecido, que foi um mestre nesta arte. Prestes a concluir seu curso, ela agora ocupa uma posição de destaque na orquestra da universidade, errar nem passa pela cabeça de seu mestre, e no dia que Alicia resolve tocar em uma apresentação uma composição de seu avô, ela não só desafia as regras, mas também transforma sua vida.

Além de ter que arcar com as consequência desta ousadia, ela encontra um jovem que perdeu as memórias e chama por ela, Sebastian, um enigma que precisa ser desvendado, e cabe à Alicia esta missão.

"Sebastian era como uma assombração, alguém sem passado e com um presente nebuloso, que me dizia coisas sem nexo e me fazia o tempo todo duvidar da minha capacidade de avaliar entre o certo e o errado. Ele tirava os meus pés do chão. Eu perdia a racionalidade com ele..."

A premissa inicial do livro é esta, mas ele consegue ir além, o enredo é enriquecido com um conteúdo, que percebemos facilmente que foi trabalho de uma apurada pesquisa. Narrado em primeira pessoa por Alicia, esta obra doce e poética, nos brinda com mistério, romance e muito amor.

Quando cito a pesquisa da obra, estou me referindo ao cenário cultural e musical que encontramos. A cultura grega é abordada de forma leve e conclusiva, nada de uma aula de história, algo mais sutil, mas de igual teor. Também temos a música, podemos adentrar este universo ao acompanhar o desenrolar da trama. O leitor passa a fazer parte do cotidiano de uma orquestra, de seus músicos e das composições. 

Os personagens são ótimos, pessoas como nós, que vivem cheias de anseios e dúvidas, na eterna busca por seu lugar no mundo e cheias de vontade de ser feliz. Bem construídos, foram feitos para cativar o leitor.

Eu virei fã de Alicia, ela é determinada e batalhadora, uma pessoa que luta pelo que quer. O crescimento dela no decorrer da trama é palpável, evolui tal como a música que ela está compondo. Na verdade a música e a jovem são como um único elemento, pois ao compor, Alicia se reescreve. Em sua música encontramos sua alma, primeiro uma criança começando a andar, e logo uma mulher realizada e madura. O que mais gostei foi que para impor sua vontades à família ela jamais faltou com respeito aos pais, ao manter isso, ela também foi respeitada.

E Sebastian é maravilhoso, que homem sensacional. Doce, misterioso, cativante, charmoso. Dá vontade de pegar no colo, ou melhor se jogar no colo dele. 

E tem um romance que vai além da razão. Envolto em um clima de mistério, faz o leitor devorar as páginas para entender como tudo aquilo é possível. A relação de Alicia e Sebastian é muito bonita, por mais absurda que seja, nos diverte e enche nosso coração de alegria. Não pensem que logo de início é aquele melado, não mesmo. Vamos ter muitas brigas hilárias entre o casal, afinal ambos são bem teimosos e persistentes. Um amor singelo e sonhador.

"Aquele parecia ser seu primeiro beijo. Às vezes desengonçado, fugidio, hesitante. Às vezes provocante, intenso,  insaciável."

Enfim, eu gostei demais do livro, foi além das minhas expectativas. Por mais que em algumas partes eu soubesse o que estava por vir, eu não consegui em momento algum descobrir o que aconteceria no final. Foi surpreendente, acredito que para alguns possa ser insatisfatório pela sua excentricidade, mas se você acreditar em seus sonhos, na vontade de encontrar um grande amor, não há como não gostar e entender.

Quando acabei de ler senti tamanha felicidade, que fica difícil de explicar. Nos deixa com um sorriso enorme, nos devolve a vontade de sonhar. Nos faz acreditar em nós mesmos e querer deixar o comodismo de lado. Lu Piras e Felipe Colbert criaram um conto de fadas moderno, uma história de amor cheia de encanto e magia. Um livro muito alto astral, que recomendo para todos.

"Eu esperei por você no prelúdio e esperarei até soar a última nota."