[Resenha] Bem-Vinda de Volta

Bem-Vinda de Volta
Autor(a): Paola Yuu Tabata
Editora: Seguinte                 Páginas: 200
Lançamento: 2024               Quadrinhos, Nacional
||Compre||     ||Skoob||  ||Goodreads||

 

Em uma história em quadrinhos emocionante e divertida, Paola (ou Papoulas Douradas na internet) conta a história de Hikari, uma garota amarela que enfrenta os desafios do início da vida adulta enquanto busca encontrar seu lugar no mundo. Hikari é uma jovem tentando entender quem é -- e quem quer ser. Seus avós vieram do Japão e, apesar de seus pais, ela e a irmã terem nascido em solo brasileiro, é difícil para a garota se sentir pertencente a um lugar que sempre a vê como diferente. Na escola, ela teve a sorte de encontrar outras meninas de ascendência asiática e, juntas, se fortaleceram e criaram uma rede de apoio. Mas agora que entrou na faculdade, Hikari vai ter que encarar alguns desafios sozinha: conhecer gente nova, dar o primeiro beijo, se apaixonar, dividir o tempo entre as novas e as antigas amizades... Em suas primeiras vezes, Hikari entra em contato com ideias novas e libertadoras, que poderão ajudá-la a se aceitar e, acima de tudo, a celebrar exatamente quem ela é! Nesta história em quadrinhos inspirada na própria vida, Paola mostra as alegrias e as dificuldades de crescer enquanto garota amarela no Brasil e como a amizade, a sororidade e a parceria com pessoas especiais e compreensivas é crucial para apoiar o combate aos preconceitos com leveza, alegria e acolhimento.

Bem-Vinda de Volta, de Paola Yuu Tabata, traz uma história em quadrinhos que nos apresenta Hikari, uma jovem universitária de ascendência japonesa que está entrando na vida adulta e tentando saber quem é e qual seu lugar nesse mundo. 

Os avós delas chegaram no Brasil de navio, vindos direto do Japão. Já seus pais, a irmã e ela, nasceram aqui, mas viveram sempre imersos na cultura asiática. Você percebe isso claramente nos diálogos entre eles, que misturam português com várias palavras e expressões japonesas, na comida e na maneira de viver.  Quando adolescente Hikari manteve-se próxima de outras meninas asiáticas, mas na faculdade há uma mistura de pessoas que não permite que ela mantenha um círculo tão restrito e com isso conflitos surgem em sua mente e coração. 

Hikari vive situações que mostram claramente preconceito em relação a pessoas amarelas, fazendo com que ela sinta ser uma estrangeira em nossa terra. São situações que a grande maioria vê como algo normal, mas são ações racistas. E isso a machuca, deixando a firme na decisão de manter distância de quem não é como ela. No entanto, ela também conhece pessoas que a tratam como o ser humano que é, independente de raça, cor e origem. 

E Hikari acaba desenvolvendo também um certo preconceito em relação as pessoas brancas, mas com o passar do tempo, felizmente ela vence essa resistência e passa a aceitar as pessoas apenas como pessoas. 

Hikari sente necessidade de pertencimento. Em determinado momento fica confusa e não sabe se é japonesa ou brasileira. Isso unido a outras mudanças em sua vida e muitos momentos de primeiras vezes, vai deixá-la meio sem chão. A base familiar forte, as boas amizades e a terapia serão de grande ajuda nesta fase de transição e amadurecimento.

Ela aprende muito observando, conversando e se permitindo viver de maneira mais livre. Não é algo que acontece da noite para o dia, e sim de maneira gradual.

É uma história de vida, que mostra de maneira delicada e muito assertiva as dificuldades de crescer e saber quem somos nesse mundo. Hikari é uma jovem como tantas outras que ama suas raízes, mas em certos momentos, na busca por aceitação, tenta negá-las. No entanto, percebe quem é por vir de onde veio e pode agregar a este seu eu muitas novas experiências e vivências. É assim que ela vai ser a Hikari que sente-se bem sendo ela mesma. 

Eu gostei muito da história, tanto por acompanhar essa jornada pessoal de Hikari, como por todo o lado que nos apresenta diversos aspectos da cultura asiática e todas as dificuldades que imigrantes e seus descendentes encontram onde resolveram formar um lar. Logo que abri a HQ lembrei da minha visita ao Museu da Imigração Japonesa, a história realmente leva você para dentro da história desse povo. 

Hikari por fim entende que é uma brasileira descendente de japoneses, que é uma mulher forte e que merece ser feliz. O título para mim significa que a própria Hikari está dando as boas vindas à si mesma, depois de uma jornada da qual voltou mais forte. 

Tadaima! Okaeri! *

expressões japonesas que significam "cheguei em casa" e "bem-vindo de volta"





6 comentários:

  1. Oi Cida, esse eu nunca li. Mas certamente traz uma mensagem muito bonita e necessária nos tempos de hoje. Então, vou levar a dica, =)
    Bjks!

    www.mundinhodahanna.com.br

    ResponderExcluir
  2. Não conhecia essa HQ, nem a autora, mas achei o enredo bem interessante. Gosto muito da cultura japonesa, e como convivo com muitos descendentes de japoneses, sei como os mais velhos acabaram muitas vezes "se fechando" com medo de perderem seus traços culturais e acabaram passando isso aos mais jovens. Tive uma amiga que passou pelo mesmo dilema de Hikari e só se entendeu como brasileira mesmo, ao morar por alguns anos no Japão.
    Com certeza essa é uma história que vou procurar ler. Obrigada pela dica!

    ResponderExcluir
  3. Oi Cida, tudo bem?
    Essa história parece fofa e, ao mesmo tempo, importante. O traço é fofo mas o racismo e o preconceito são temas pesados, mas relevantes de serem colocados sob a luz (ainda mais com a política mundial do jeito que está). Gostei da dica!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

    ResponderExcluir
  4. Achei muito interessante! Esse ano eu quero ler quadrinhos nacionais, vou adicionar esse na lista. A migração japonesa é algo que gostaria de estudar sobre e essa leitura tem cara de que vai me trazer um ponto de vista diferente do que estou acostumada a ler.
    Garota do 330

    ResponderExcluir
  5. Oi Cida, tudo bem?
    Achei a proposta do Hq interessante, se tiver uma oportunidade vou querer lê-lo.

    *bye*
    Marla
    https://loucaporromances.blogspot.com

    ResponderExcluir
  6. Oi!
    Que legal a proposta desse quadrinho, com essa abordagem eu só conheço o trabalho do Monge Han, gostei da dica!

    Beijão
    https://deiumjeito.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Obrigada por seu comentário.

Sua participação é muito importante.

Um grande beijo!