[Resenha] Herança Macabra

Herança Macabra

Título Original: La Herencia

Autor(a): Verónica E. Llaca

Editora: Faro                                   Páginas: 288

Lançamento: 2024                          Romance

Tradução: Carol Aquino

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QUANDO A MALDADE PERCORRE AS VEIAS, O SANGUE DOS INOCENTES ESCORRE PELAS MÃOS. Na fúnebre atmosfera do México dos anos 1940, as ruas de uma cidade tornaram-se palco dos atos macabros de Felícitas Sánchez Aguillón. Apelidada de “A Ogra do bairro Roma”, a parteira corrompeu sua nobre profissão assassinando dezenas de crianças sem deixar rastro de humanidade. A captura e subsequente condenação de Felícitas marcaram definitivamente a consciência coletiva da comunidade. Décadas mais tarde, Ignacio Suárez, um escritor da era contemporânea, tropeça em um legado de brutalidade que se recusa a permanecer enterrado. Fotografias enigmáticas de mulheres mortas chegam às suas mãos, trazendo o passado cruel para o seu mundo de palavras. As imagens carregam uma sinistra coincidência com cenas presentes em suas obras, obrigando-o a confrontar o fato de que o horror que imaginava escrever agora é apresentado em forma real com novas vítimas cruzando o seu caminho. Com o ressurgimento de pistas que remetem à falecida Felícitas, enigmas começam a tecer uma ponte entre eras e segredos ocultos na trama histórica. O enredo torna-se ainda mais intrincado quando a inesperada morte de uma figura central na investigação sugere que o perigo é uma entidade onipresente, um perseguidor incansável. O único artefato que restou é um manuscrito envolto em mistério, potencialmente ostentando a chave para desvendar verdades sinistras e estagnar a continuidade do derramamento de sangue. Ao navegar entre a história de Felícitas e os temores atuais que consomem Ignacio, Verónica Llaca nos conduz ao precipício de uma escuridão reveladora, onde as facetas mais sombrias da natureza humana emergem despidas de camadas de pretensão. O leitor é convidado a mergulhar neste labirinto onde eventos de épocas distantes se entrelaçam numa valsa macabra, levantando a questão: Por que será que certos eventos sombrios emergem, de tempos em tempos, assombrando-nos persistentemente como se fossem inevitáveis?

Nesta obra de crime e mistério, a escritora mexicana Verónica Llaca, entrelaça a história real de Felícitas Sánchez Aguillón (parteira, enfermeira e assassina de bebês) com a história de seus escritor fictício Ignacio Suárez. 

A narrativa é dividida entre passado e presente. No passado, através de relatos do filho de Felícitas, vamos tomando conhecimento das atrocidades cometidas por essa mulher em parceria com o marido e como seus dois filhos cresceram perturbados naquele ambiente manchado de sangue. No presente conhecemos Ignacio, um autor de crimes misterioso e cheio de segredos, que se vê aflito quando recebe fotos de duas garotas assassinadas, reproduzindo cenas de um de seus livros. Ele vê neste ato uma mensagem de alguém que não vê há muito tempo. E na busca por investigar a origem das fotos, acaba também perdendo a vida. Quem matou as garotas? Quem mandou as fotos para Ignacio?

Não há crimes que não sejam brutais, mas neste livro os crimes de Felícitas superam totalmente os demais crimes que teremos na história. O que essa mulher fazia é assustador e se você não tiver estômago forte, recomendo que nem tente saber detalhes da jornada desta parteira. Eu parei a leitura diversas vezes para respirar, para ter coragem de seguir adiante. A autora não tenta amenizar, ela descreve em detalhes a brutalidade e crueldade de Felícitas. É macabro. Então fica o alerta. 

No entanto, se você tiver coragem de enfrentar este lado muito pesado, há um mistério que prende o leitor do começo ao fim acontecendo no presente, me refiro ao assassinato das garotas e ao próprio Ignacio, que não era quem dizia ser. Nem ex-mulher, nem amante, nem filhos, nem amigos... ninguém sabia de fato nada sobre este homem. 

Conforme o assassinato das garotas é investigado, uma série de segredos daquela cidade vai sendo revelado, colocando homem poderosos em maus lençóis, revelando esquemas de corrupção, abuso de menores e, claro, novas mortes. 

O passado que envolve Felícitas se entrelaça no presente e aos poucos vamos tendo respostas, percebendo que esta mulher deixou uma herança má para as pessoas no futuro. Que Ignacio tinha muitas histórias para contar e não eram aquelas que publicou em seus livros. 

É uma história com boas reviravoltas, que une o real e a ficção com maestria e nos apresenta um cenário assustador na mesma medida que é intrigante.  Não deixem de conferir.

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