[Resenha] Não Sou Uma Boa Garota

Não Sou Uma Boa Garota
Título Original: You Know I'm No Good
Autor(a): Jessie Ann Foley 
Editora: Faro                        Páginas: 256 
Lançamento: 2021               ISBN: ‎ 9786559570140
Tradução: Carlos Szlak
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Quando tudo está contra você, é hora de fazer algo diferente. Mia Dempsey tem 17 anos, é inteligente, durona, engraçada, mas muitos a veem como uma garota problema! Péssimas notas na escola, bebida alcoólica em excesso, e, num ataque de raiva, resolve dar um soco na madrasta... Essa foi a gota d’água. Mia sabe que passou dos limites, mas nunca imaginou que seu pai tomaria medidas tão drásticas: ela é enviada para um internato distante de qualquer lugar civilizado. Agora, perdida entre dor e revolta, Mia se vê obrigada a olhar para o passado e entender por que fez escolhas tão devastadoras. Esse é o ponto de virada! Ao lado de outras garotas-problema, Mia precisa descobrir o que a estimula à autodestruição, antes que seja tarde. Para isso, terá de lidar com algo que escondeu de todos, um evento que simplesmente tentou esquecer e pode estar por trás de tudo que enfrenta agora. “Este livro pode parecer só um romance de adolescente rebelde, mas mostra, entre tantas coisas, como lidamos com os jovens e o que eles são capazes de fazer quando se sentem acuados.”

Não Sou Uma Boa Garota, de Jessie Ann Foley, publicação da Faro Editorial, é um YA que fala sobre perda, luto, relações familiares, violência, abuso, amizades e recomeços (aviso de gatilhos).

A história nos apresenta Mia Dempsey, uma garota de dezessete anos que é muito inteligente, mas não gosta de se dedicar aos estudos e tirar boas notas. Mia gosta de viver a vida em baladas, saindo com caras que querem apenas usar seu corpo e exagerando no álcool.

Ela tem uma relação conturbada com a madrasta e quando uma discussão delas acaba com Mia socando a cara da outra, o pai resolve mandá-la para um centro de cuidados para adolescentes problemáticas.

A Academia Red Oak se propõe a orientar garotas desajustadas e colocá-las de volta nos trilhos. Lá, Mia conhece garotas que são mais problemáticas do que ela, mas isso não impede que se entendam e percebam que mesmo na dor da perda e do abandono, podem encontrar amizades sinceras e compreensão.

Eu fui cativada pela protagonista logo de cara e a leitura me despertou muitas emoções. Eu, em momento algum, aprovei a atitude do pai e da madrasta da Mia. Ainda que a garota fosse bem rebelde, não acho que o isolamento e internação fosse a melhor solução. Posso dizer que nem no final consegui gostar dos dois, além de o pai ser daqueles que finge que está tudo bem e não conversar honestamente com a filha, a madrasta era muito filha da mãe. Quando a Mia lhe deu um soco, ela havia dito algo bem ofensivo para a garota.

Na minha opinião, o pai preferia fingir que a vida era perfeita com a nova esposa e filhas e achar que se ele estava bem, a filha do primeiro casamento também ia ficar. O problema é que a morte da mãe de Mia foi muito violenta. Um evento muito traumático para uma garota tão jovem como ela entender e absorver. Isso deixou a Mia sem rumo, sem chão e precisando de apoio. A história dela e da mãe era muito complexa e o pai foi se preocupar em fazer uma nova família ao invés de cuidar da que já tinha.

A madrasta, era bem óbvio que fingia aceitar a Mia, mas na real só se preocupava com as filhas dela. A Mia não tinha lugar nem em casa. Como ela ia se ajustar?

Bem, eu não gostei deste dois e por isso me apeguei bastante a protagonista e torci para que ela conseguisse uma vida melhor. Embora eu não ache que Red Oak era o lugar dela, o lugar não era tão ruim quanto imaginei. Diferente de lugares semelhantes que vi em outras histórias, onde os internos eram tratados de maneira bem ruim, aqui o pessoal que administrava o local era bem humano e não restringia tanto as garotas. Havia regras a serem seguidas, mas o clima do lugar era amistoso e lá Mia teve mais família que na própria casa.

A autora não foca só em Mia, mas também explora os dramas das outras internas. São casos interessantes e as meninas acabam por ganhar o carinho do leitor. Acho que as histórias mais dolorosas foram daquelas que não tinham vontade mais de sair dali, pois não se viam mais achando seu lugar no mundo. É bem triste ver alguém tão jovem acreditar que se isolar é o melhor caminho, quando há ainda tanto para viver.

A jornada de Mia também não é simples, quando é revelado tudo que ela viveu, o coração da gente se parte. Ela foi usada, negligenciada, infeliz e mesmo assim continuava de pé. O pior é que ela nem se dava conta de que estava sendo tão maltratada. Ela não sabia mais distinguir o que lhe fazia bem e o que não fazia.

Distúrbios psicológicos são um tema delicado e a autora abordou isso com bastante respeito e sensibilidade. A jornada de Mia e das outras meninas é cheia de altos e baixos, mas ao menos a protagonista, posso afirmar, acabou conseguindo se fortalecer e pensar em possibilidades boas para seguir adiante.

A Mia apesar de rebelde, de fazer muitas besteiras, não me pareceu uma menina imatura. Ela estava muito ferida e infeliz, neste processo perdeu sua auto-estima e acabou se ferindo mais ainda. No entanto, quando se deu conta do que estava fazendo a si mesma, foi corajosa o bastante para encarar o problema de frente. Acredito que uma de suas atitudes de voltar atrás em um decisão, lá quase no final da história, mostrou muita maturidade.

Não Sou Uma Boa Garota foi um livro que me surpreendeu positivamente com uma trama complexa, dolorosa, mas também cheia de esperança e com lindos laços de amizade. Filho não vem com manual de instruções, criar alguém é um missão muito difícil e se você se habilita para por um ser no mundo, deve no mínimo ter coragem de lidar com o que virá e não simplesmente varrer os problemas para debaixo do tapete ou jogar nas mãos de outra pessoa.

O pai de Mia foi um cara esquivo, bem covarde e acho que se tivesse estado mais presente para a filha, teria evitado que ela sofresse tanto. O apoio psicológico era ideal para ambos, não apenas para um. Ainda bem que ela se reencontrou e conseguiu ver um novo horizonte para si. A história é bem tocante. Recomendo. 

 


9 comentários:

  1. Oie, a proposta parece bem interessante, mas não é o tipo de livro que me chama atenção no momento. Apesar disso, vou anotar a dica para quando quiser uma leitura nesse estilo.

    Bjs

    Imersão Literária

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  2. Eu vi comentários que a história era bem forte mesmo e pelo teus alertas de gatilho, eu já imagino.
    Nossa, mas esse pai hein? Todo esse contexto me lembrou demais aquele O que há de estranho em mim, da Gayle Forman
    Beijos
    Balaio de Babados

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  3. Amei o post, achei bem interessante, a Mia realmente parece uma dessas adolescentes desenhacinhada e que se perde por qualquer coisa, mas a atitude do pai em mandar ela para um lugar distante e estranho foi realmente ruim. Acredito que lidar com a adolescência seja a parte mais difícil da vida dos pais, pois é a transição entre criança e adulto, entre ser responsável o irresponsável, as escolhas definem milhões de coisas e eles ficam confusos, eu tenho um filho, e tenho muito temor quando essa hora chegar, mas espero saber lidar com ele da melhor forma possível, amei o seu texto, foi fácil de lê e inspirador, ainda não li esse livro, mas com suas palavras realmente chamam a nossa atenção, grande abraço flor.

    www.mulhernovaera.com.br

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  4. Olá, Cida.
    Eu estou comentando agora mas já tinha lido sua resenha ontem porque estava procurando resenhas desse livro para saber se solicito ele ou não para a editora hehe. E apesar de ter achado a história bem interessante, acredito que o livro não é para mim não hehe.

    Prefácio

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  5. Oi, Cida! Tudo bom?
    Eu tô fugindo de tudo que é contemporâneo e com adolescentes, então esse definitivamente não é um livro pra mim UHASUHSAUHSAUH

    Beijos, Nizz.
    www.queriaestarlendo.com.br

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  6. Olá...
    Já li várias resenhas sobre esse livro e todas me fazem ficar com vontade de ler esse livro! O livro possui temas pesados e é, sem dúvida, uma leitura complexa e pesada,as, ainda assim quero ler... quero saber como a autora traz essa esperança para a trama.
    Beijos

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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  7. Oi Cida,

    Parece ser uma leitura intensa e cheia de aprendizados, mas confesso que a premissa não me chamou muita atenção a ponto de ler.
    Mas que bom que você acabou sendo surpreendida com o livro.

    Bjs
    https://diariodoslivrosblog.blogspot.com/

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  8. Oie,
    A capa do livro remete a algo mais divertido, passa a sensação de Chick lit e não YA, haha. E a base da história dele lembra muito os livros Garota Interrompida e O que Há de Estranho Em Mim, que também fala sobre garotas "pertubadas" em internatos. Achei bacana que a autora sobre trabalhar o assunto de distúrbios psicológicos corretamente dentro da história, além do abandono parental.
    Gostei de conhecer mais sobre o livro.
    Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥

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  9. Caramba, eu já tinha visto esse livro, mas ainda não tinha parado para saber do que se tratava. Ele é bem forte pelo visto, e acho que teria muita raiva pelo pai da Mia. É bem como você disse, filho não tem manual de instruções, a gente tem que ter coragem para encarar a responsabilidade e não mandar internar para "resolver o problema".
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
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