[Resenha] A Distância Até A Cerejeira

A Distância Até A Cerejeira

Título Original: The Distance Between Me and the Cherry Tree

Autor(a): Paola Peretti 

Editora: Planeta (Outro Planeta)      Páginas: 224                        

Lançamento: 2019                           ISBN: 9788542216660

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Uma história emocionante, ideal para fãs de O Pequeno Príncipe. Todas as crianças têm medo de escuro. O escuro é um quarto sem portas nem janelas, com monstros que nos prendem e nos devoram em silêncio. Eu tenho medo só do meu escuro, aquele que tenho dentro dos olhos. Para Mafalda, de nove anos, o escuro é a sua única certeza e o seu destino: em algum momento nos próximos seis meses ela perderá a visão. Diante de um futuro assustador e desconhecido, Mafalda – com a ajuda de sua família e seus amigos – precisará descobrir o que realmente importa conforme sua visão começa a falhar.

A Distância Até A Cerejeira, de Paola Peretti, nos relata a trajetória de Mafalda, uma menina que aos nove anos precisa lidar com a perda da visão.

Mafalda possui a doença de Stargadt, que causa a perda progressiva da visão até levar a pessoa a cegueira total. Ele é uma criança que ao invés de estar lidando com as coisas típicas da idade e se preparando para a entrada da adolescência, precisa pensar em como viver “no escuro”.

No decorrer da leitura acompanhamos um período da vida da menina no qual ela já perdeu quase toda a visão e está prestes a ter que deixar a escola. Neste tempo ela se apresenta ao leitor, fala da família, da avó que já partiu, do seu livro preferido de histórias, do seu gato Otimo Tucaret, da amiga Estella (um das funcionárias da escola) e de outras crianças que fazem parte de seu dia a dia.

A narrativa da autora é sensível e delicada, além de muito realista. Seguir com Mafalda é seguir por um caminho comovente, não há como não sentir um aperto no peito ao imaginar uma pessoa tão jovem passando por algo tão sério.

No entanto, apesar de a ideia geral da história passar a sensação de vamos ficar apenas lendo sobre a doença, não é isso o que ocorre. A doença está ali, sim, mas a vida de Mafalda vai além dela. No tempo que passamos com a protagonista também vamos entender mais sobre perdas, sobre valorizar as pequenas coisas da vida e ver muitos exemplos de amizade.

Achei bem positivo a autora mostrar um outro lado das crianças que nem sempre vemos ser abordado. No geral, em boa parte das histórias, quando mostram ambientes escolares sempre tem aquela turma que gosta de abusar do mais frágil. Neste obra o que ocorre é o contrário, vamos ver o menino tido como o valentão da turma dando a mão para Mafalda e sendo uma pessoa não apenas generosa e gentil, mas um amigo e confidente de todas as horas.

A obra é num todo de um tom bem inocente, mas tem aspectos mais profundos e para fazer refletir. Tanto o leitor mais maduro, quanto o mais jovem, terão uma boa experiência de leitura, pois é uma história de tocar o coração. A linguagem é objetiva e direta, não é simples, mas de fácil acesso para todos e permite uma boa conexão com a protagonista e sua luta.

Mafalda sente medo, teme o dia que tudo vai escurecer e é doloroso demais saber que para sua doença ainda não existe uma cura. A doença de Stargadt existe de verdade e fui surpreendida ao ler a biografia da autora e saber que ela a possui. Acredito que o tom tão realista da obra veio da experiência pessoal de Paola. Espero que vocês também possam conhecer a Mafalda!

Todas as crianças têm medo de escuro. O escuro é um quarto sem portas nem janelas, com monstros que nos prendem e nos devoram em silêncio. Eu tenho medo só do meu escuro, aquele que tenho dentro dos olhos.

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