Habibi
Habibi é a saga de dois escravos fugitivos, unidos e separados pelo destino, vivendo no limite que separa a tradição da descoberta. Dodola, uma garota perspicaz e independente, foge de seus captores levando consigo um bebê. Eles crescem juntos no deserto, sozinhos em um navio naufragado na areia. Em meio a sentimentos cada vez mais conflitantes, os dois passam o tempo contando histórias. Assim, somos apresentados também à origem do islamismo e de suas tradições, conforme as narrativas se combinam numa trama de aventura, romance, filosofia e tragédia. Para contar a saga de Dodola e Zam, Craig Thompson recorreu ao Corão e às Mil e uma noites. Do primeiro, colheu o próprio estilo do livro, inspirado na caligrafia árabe, e também as narrativas do texto sagrado dos muçulmanos, recriadas com maestria pela pena do autor. Do segundo, tirou um cenário fantasioso, repleto de lendas e histórias, uma versão quase mitológica da nossa ideia de Oriente. Ambientado nos dias de hoje, Habibi não se passa em nenhum país conhecido. É uma terra igualmente fantástica e concreta, onde questões presentes se misturam a indagações ancestrais. Crítica social, questionamentos ecológicos, paralelos entre religião e amor: tudo encontra seu lugar nesta narrativa tão épica quanto particular. Fruto de sete anos de pesquisas e trabalho, Habibi é um monumento do quadrinho moderno e uma resposta atual a questões que nos perseguem desde sempre.
Oi! Eu sou a Jô. E de vez em quando vocês vão me ver por aqui.
Habibi, de Craig
Thompson, é uma obra prima em forma de quadrinhos. Não é uma
leitura para crianças, ao contrário, seu conteúdo denso possui cenas fortes e
críticas onde há demonstrações fortes de violência, sexo, política e religião.
A história tem como protagonista uma garota
que foi vendida ainda menina pelo pai para ser esposa de um escriba e quando
menos esperava tornou-se viúva e fugitiva. Tentando escapar do destino da
escravidão, Dodola se embrenhou no
deserto e ali, da melhor forma possível, tentou sobreviver. Neste jornada não
seguiu só, levou consigo um garotinho negro – Zam –, que passou a proteger como se fosse um
filho.
Nas areias do deserto, vivendo dentro de
uma embarcação abandonada, os dois se conectaram de maneira que seria por toda
uma vida. Dodola para conseguir alimentos vendeu o corpo e a alma, mas nunca
deixando Zam notar o preço da comida que consumia. Ela iluminava os dias do
garoto com histórias que uniam a religião de seu povo e também as fantásticas
lendas que eram parte daquela cultura tão permeada por violência, machismo e que
via mulheres e crianças mais como objetos do que como seres humanos.
Não é uma leitura fácil, mas é de uma
riqueza incomparável. Não nego que as cenas com abordagem sexual, mais
especificamente as de violência sexual, acabam sendo opressivas e repugnantes e
me vi revoltada boa parte do tempo pela forma como as mulheres eram tratadas.
Até mesmo nas passagens que a religião nos é apresentada, prevalece o machismo.
E há ainda a miséria que assola o povo de Dodola, as condições precárias que
vivem e totalmente desesperadoras. Você achar que em algumas parte somos
remetidos as Mil e Uma Noites, pode até mesmo romantizar o enredo, mas não
deixem-se enganar. Habibi é honesto e cruel em sua narrativa, mostrando não
cores e sim preto no branco.
Não digo que inexista amor, apenas que não
é unicamente um romance. Há, sim, uma abordagem mais sentimental oriunda da relação e dos
laços entre Zam e Dodola. A relação deles é complexa e vive em constante
metamorfose. Ambos irão lidar com perda, afastamento, um crescimento individual
penoso e transformador. Nem todos vão aceitar suas decisões, mas é fato que o
que os une faz ter esperança de dias melhores em um cenário de precariedade e
morte.
Habibi não é aquela história em quadrinhos
para ler descontraidamente, é fruto de um longo trabalho de pesquisa e pode ser
considerada uma aula de História. As belas ilustrações são dignas de aplauso,
ora poéticas, ora gritos de alerta. Não suavizam a profundidade da trama e sim
nos transportam para dentro de um mundo novo para nós que vivemos uma realidade
tão menos dominadora e mais livre.
Oi Cida,
ResponderExcluirQue diferente! Acho que nunca li algo assim.
Na verdade, nem conhecia a obra.
Até porque não sou muito ligada nas HQs.
Beijos
https://estante-da-ale.blogspot.com.br
Não conhecia a obra, mas pelo que vi na resenha (muito bem escrita e explicada, aliás!) parece ser um livro bem pesado, forte em seus aspectos ao retratar a realidade sem diminui-la. A trajetória da protagonista é sofrida desde o início, uma sofridão que comove e também revolta, e espero muito que ao menos ela tenha algo próximo de um final feliz!
ResponderExcluirxx Carol
http://caverna-literaria.blogspot.com.br
Leia a resenha do meu livro O Poder da Vingança lá no blog e aproveite para adquirir o seu exemplar!
um enredo diferente e chamativo, traz muita reflexão
ResponderExcluircurti
http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Oie Cida =)
ResponderExcluirNão conhecia a obra, mas já estou adicionando na minha lista. Gosto de obras que abordam temas mais pesados de forma real, ao mesmo tempo conseguem passar a mensagem de forma "leve". Algo que pelo visto acontece aqui.
Adorei a dica!
Beijos;***
Ane Reis | Blog My Dear Library.
Oi Cida, só de ler a sinopse eu consegui sentir o quão pesada deve ser a leitura! Imagino que algumas cenas sejam mesma indigestas, mas parece uma obra rica, reflexiva do tipo que a gente demora um pouco pra digerir. Curti a indicação.
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Olá Cida,
ResponderExcluirParece ser um livro de quadrinhos bem intenso.
Acho a trama interessante, mas não sei se pegaria para ler nesse momento.
Bjs
http://diarioelivros.blogspot.com.br
Oi, Jô!
ResponderExcluirNão conhecia essa HQ mas fiquei super interessada, principalmente depois do que você falou sobre as ilustrações.
Beijos
Balaio de Babados
Participe das promoções em andamento e ganhe prêmios maravilhosos
Lindo!! Resenha linda e bem emocionante. Tenho faz tempo, mas ainda não tive coragem de me aventurar por essas páginas.
ResponderExcluir♥
Oi Jô! Eu tenho Habibi em minha estante e concordo com você que é uma obra com cenas fortes e criticas, visualmente muito bonita mas nem sempre mostra coisas bonitas. Todas as vezes que me pego pensando sobre Habibi me pergunto se gostei ou não desse livro e nunca sei a resposta acredita?
ResponderExcluirJaci
Uma Pandora e Sua Caixa