{Resenha} Vítimas do Silêncio

Vítimas do Silêncio

Autor(a): Janethe Fontes

Editora: Baraúna

Páginas: 307

Lançamento: 2008

ISBN: 9788579233784

Violentada sexualmente, ela preferiu manter o silêncio. Porém, o preço do seu silêncio pode ter-lhe custado alto demais...

... Um caso de abuso sexual ...

... Uma tentativa de fuga ...

... Um novo crime e ameaças ...

... O reencontro com o inimigo ...

Uma garota é vítima de estupro e tenta reconstruir sua vida. Mas, quando finalmente acredita ter encontrado o caminho da felicidade e esquecido aquela noite fatídica,
um novo episódio a faz despertar para a apavorante certeza de que é absolutamente impossível fugir do passado... E só existe uma alternativa para que a paz retorne ao seu coração e se faça prevalecer a justiça: confrontar seu pior e mais temível inimigo.

A escritora Janethe Fontes aborda neste livro um assunto muito forte, o abuso sexual, que considero um crime pior que matar, pois as sequelas que deixa na vítima, são uma morte diária, marcas para toda a vida. 

Quando comecei esta leitura, não imaginava o quanto ficaria refém do livro, isso mesmo, fiquei presa e só fui libertada quando acabei de ler, o que durou um dia. Eu imaginava sim uma leitura cheia de emoções, falando muito da violência sexual, mas encontrei em Vítimas do Silêncio, uma linda história de superação e amor.

Guida é a personagem central da trama, quando menina foi estuprada por seu padastro e por medo das consequências, preferiu calar -se ao invés de denunciá - lo, decidiu que o melhor seria deixar seu lar, para viver no Sul do Brasil com seus tios. 
Guardando sua vergonha e seus temores a sete chaves, a  moça começa uma nova vida, porém seus tios possuem ideias muito antiquadas, quando ela e seu primo Marcos começam a envolver -se e passam uma noite juntos, os tios consideram o acontecimento impróprio de uma família de respeito, o rapaz é mandado para fora do país e Guida não é mais bem vinda naquela casa. Paralelo a estes acontecimentos, a mãe da moça resolve ir procurá - la, e agora que separou - se do padrasto de Guida, elas voltam a viver juntas.

Não pensem que a vida de Guida melhora,  pois a mãe logo reata o casamento e toda aquela tortura recomeça, Guida é atacada pelo padrasto novamente, e desta ela resolve partir para bem longe e nunca mais voltar. Nossa protagonista tenta outro recomeço, desta vez em São Paulo, sem dinheiro, sem conhecer ninguém, ela passa a viver em péssimas condições, lutando para conseguir um emprego que possa garantir sua sobrevivência e para completar a difícil situação, a noite que passou com seus primo, teve suas consequências.

Além da jovem e seus familiares, temos outros personagens, como a família Fraga, composta pelo casal Otávio e Eloísa e  seu filho William, um jovem de 25 anos que ao sofrer um acidente ficou paraplégico. O casal trava a batalha de convencer o jovem a tratar -se e recuperar a alegria de viver. Otávio procura alguém para ser acompanhante de William e Guida precisa de um trabalho, desta forma eles encontram -se, e a alegria começa a preencher a vida de nossos personagens.

Nas dores que cada um  traz consigo, o destino unirá seus caminhos. A fraqueza de um, será força para o outro e ao compartilharem suas dificuldades, medos, amores e amizade, eles criarão laços afetivos para toda a vida. Guida será uma luz na vida de William, ao mesmo tempo que a família Fraga aceita a moça, em seu seio, de braços abertos, mais que um trabalho, a jovem encontra uma nova família.

Dizem que alegria de pobre dura pouco, eu digo mais, a de Guida também, pois ao escolher calar -se em relação ao seu estupro, ela selou sua vida com tragédias, que irão arrastar todos aqueles que ela ama à um trágico destino, ou seja, os dias alegres com os Fraga logo acabam.

Eu gostei muito de Guida, ela poderia ser daquelas mocinhas que passam a história toda fazendo um drama, mas ao contrário, ela enterra sua tragédia e luta para ser feliz. Claro que ela fica marcada, e não consegue falar disso com ninguém, mas ergue a cabeça, batalha por um emprego e sonha em ser advogada, e mais ainda consegue dar forças para as pessoas que estão ao seu redor, ela é imprescindível na recuperação de William, com sua doçura ela encanta o rapaz. Ela ama incondicionalmente, por mais que tenha sofrido, ela mantém seu coração aberto, contagiando as pessoas.

O livro é muito reflexivo, cada situação nos faz entrar na pele do personagem, e nos colocar nos mesmos dilemas. Eu acho que toda vítima de um crime deve denunciar o criminoso, mas não julgo quem se cala. No caso de Guida, sua mãe amava o padrasto, será então que ela acreditaria na filha? Lendo o livro, enxerguei na mãe, uma mulher dependente do marido, e sinceramente eu acho que ela não acreditaria nela.
Não estou generalizando, até porque em muitos casos, eu sei que a jovem teria um voto de confiança, isso também será mostrado na história, o que foi muito bom, pois temos os dois lados de uma mesma situação.

A família Fraga é muito cativante, o que não posso dizer da família de Guida, achei a maior parte deles muito egoísta, salvando somente uma prima e a irmã caçula. Carlos é o padrasto, que homem sujo e deplorável e Marcos o tal primo, é fraco demais, e jamais dá qualquer apoio para Guida.

O que achei um ponto negativo, foi a participação de Carlos nas cenas finais, ele volta de forma repentina, e vai embora do mesmo jeito, eu gostaria de algo mais detalhado, melhor desenvolvido.

Não há nada mais que tenha à dizer, além de que vocês deveriam ler para tirar suas próprias conclusões. Tive em mãos um livro tocante e sensível, não lembro de ter encontrado erros durante a leitura, foi uma leitura rápida, concisa e nada cansativa, recomendo com certeza.