[Resenha] A Geografia de Nós Dois

A Geografia de Nós Dois
Título Original: The Geography of You and Me
Autor(a): Jennifer E. Smith
Editora: Galera Record         Páginas: 272
Lançamento: 2016               ISBN:9788501106223
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Lucy mora no vigésimo quarto andar. Owen, no subsolo... E é a meio caminho que ambos se encontram - presos em um elevador, entre dois pisos de um prédio de luxo em Nova York. A cidade está às escuras graças a um blecaute. E entre sorvetes derretidos, caos no trânsito, estrelas e confissões, eles descobrem muitas coisas em comum. Mas logo a geografia os separa. E somos convidados a refletir... Onde mora o amor? E pode esse sentimento resistir à distância? Em A Geografia de Nós Dois, Jennifer E. Smith cria tramas cheias de experiências, filosofia e verdade.
O primeiro livro que li de Jennifer E. Smith foi A Probabilidade Estatística do Amor À Primeira Vista e fiquei apaixonada pela escrita delicada, sensível e sentimental da autora. Quando menciono sentimental não é algo clichê, piegas ou mesmo apelativo e sim algo vivo e muito realista.

Entre os últimos lançamentos da Galera Record tivemos mais um livro dela, A Geografia de Nós Dois e eu estava querendo saber se esta história também me encantaria.

Um apagão. Quem sabe não fosse escuridão total, mas talvez uma luz no fim do túnel.

Lucy e Owen moravam no mesmo prédio. Ela lá no topo e ele no subsolo. Ambos jovens de realidades tão diferentes, mas com algo em comum, uma solidão palpável e latejante.

Quando a cidade de Nova Iorque passou por um grande blecaute de energia os dois ficaram presos no elevador e, se antes nunca tinham trocado uma palavra, o confinamento permitiu que pela primeira vez pudessem conversar. Ao sair do elevador a conversa continuou e naquela noite sem luz eles foram a luz um do outro. Abriram seus corações de uma forma honesta, algo provavelmente que não aconteceria em um dia normal. Lucy era uma moradora e ele filho de um empregado do prédio, assim improvável um contato maior.

Eles passaram a noite no terraço do prédio para afugentar o calor e na manhã seguinte Lucy acordou e Owen havia ido embora. Por mais que ambos desejassem um novo encontro a vida não quis assim, uma série de acontecimentos os afastou. Lucy foi para a Europa devido ao novo emprego do pai e Owen saiu de carro pelos Estados Unidos em uma situação oposta, ou seja, ao lado de pai na busca por um emprego.

E é deste encontro inusitado e desta separação inesperada que Smith nos conta a história de Owen e Lucy. Os dois arranjam um jeito diferente de manter contato, usando cartões postais para reforçar o laço que surgiu naquela noite. No entanto, a distância de alguma maneira interfere na relação.

Eram como dois asteróides que tinham colidido, ela e Owen, soltando faiscas breves antes de ricochetearem cada um para um lado outra vez, um pouco lascados, um pouco machucados e marcados, talvez, mas ainda com quilômetros e quilômetros a percorrer.
Quanto tempo se pode de fato esperar que uma noite dure? Até que ponto se pode esticar um conjunto pequeno de minutos? Ele era apenas um garoto em um terraço. Ela apenas uma garota em um elevador.


É uma relação que não sabem definir, assim como o sentimento que cresce em seus corações. É um elo indecifrável, mas que conforta em suas vidas solitárias.

Eles estão separados por uma distância enorme. Ao lado de Owen vamos conhecer os EUA de ponta a ponta e com Lucy a Europa.

Owen sente falta da mãe que morreu muito cedo e do pai que tinha antes desta tragédia, um homem tão forte e hoje frágil e triste. Já Lucy tem os dois pais em pleno vigor, mas tão centrados em si que nem notam a filha. Então vocês podem entender como uma conversa que começou no elevador teve impacto, pois os dois acharam ali alguém para ouvir e compartilhar.

Eles são muito jovens e não temos certeza de como suas vidas seguirão, não são adultos que com a vida encaminhada podem escolher um relacionamento em detrimento de outras coisas. Lucy e Owen precisam fazer o que os pais querem, escolher a faculdade e assim dar os primeiros passo para o futuro e, com isso, por mais que eu torcesse por um final lindo e romântico não tinha certeza se esta seria a escolha da autora. O que havia ali poderia não ser para sempre, apenas um marco fundamental em cada vida. 

Li com a expectativa crescente do reencontro, até mais do que pela definição da relação de ambos. Eu sabia que o que sentiam era sincero, mesmo sem poder nomear como amor ou amizade, era um sentimento grande e maravilhoso que foi se enraizando nos corações deles e amadurecendo.

Eu me encantei pela dupla de personagens que apesar de jovens possuem uma maturidade vinda da realidade de ter que aprender a se virar só. Os sentimentos de ambos são fortes e profundos e sem dúvidas apresentados de maneira tocante e sensível. E embora sejam pessoas não muito felizes, não transmitem pessimismo e mal humor e sim uma vontade enorme de encontrar algo melhor. Acreditam no impossível e têm esperança. Torci por Owen e Lucy em cada passo, independente do que a autora tivesse preparado

Além de emoções que saem das páginas, a narrativa é bem visual e poética. Temos belas descrições que dão ao leitor uma visão do cenário cheia de cores, sons e aromas. Nada preto no branco. A história tem uma atmosfera incrível.

Os capítulos finais são uma contagem regressiva para o momento de decisão e isso dá a trama um ritmo acelerado. Há um jogo com situações opostas que visa salientar e avivar toda a sorte de emoções que tomam os personagens. Um artifício inteligente que deixou a história mais intensa. As oposições se confrontam até chegarmos em uma sincronia ou mesmo ao inevitável.

Em Roma, Lucy lia. Em Tacoma, Owen aguardava... Em Londres, Lucy chorava. Em Seattle, Owen ria... Lucy respirou fundo. Owen soltou o ar... Em Londres, Lucy pensava em Owen. E bem longe em Seattle, Owen também pensava nela.

O final é lindo. Um giro de 360º nada fantasioso ou absurdo, então não esperem por algo feito para que possamos acreditar em contos de fadas. A jornada de Owen e Lucy é totalmente normal e crível e tem sua conclusão de uma forma que mesmo que seja fechada não é definitivamente um fim e sim um mar de possibilidades. Eu me peguei imaginando tantos caminhos futuros para eles.

Se ficaram juntos e superaram a distância é algo que não saberemos até a última página e enquanto isso vamos poder participar de uma jornada de crescimento, escolhas, perda, luto, amor, amizade e superação. Curti muito esta história, a dupla de protagonistas e recomendo do fundo do coração.

Nunca sabemos a resposta até fazer a pergunta.


12 comentários:

  1. eu li o livro anterior da autora e isso me animou a querer ler este livro, pois ela tem uma escrita leve, jovial e muito dinâmica que me atraiu bastante!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  2. eu li o livro anterior da autora e isso me animou a querer ler este livro, pois ela tem uma escrita leve, jovial e muito dinâmica que me atraiu bastante!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  3. Oi Cida!
    Tô doida pra ler esse livro. Também gostei muito da narrativa da autora quando li Probabilidade o que me animou mais ainda para conferir esse.

    Beijos,
    Epílogos e Finais

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  4. Boa noite!

    Menina, te juro que desde que eu vi esse lançamento no Skoob fiquei super ansiosa para ler, mas depois dessa resenha tirei duas conclusões:
    01 - Vou chorar;
    02 - Vou morrer de amorzinho.

    Suas resenhas são encantadoras!

    Beijocas,
    Rebeca Grauer, O Cafofo Literário

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  5. Aaaain ainda não consegui ler nenhum dos livros...Super ansiosa pra conferir logo!!
    Eu amei a resenha parabéns!!!

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  6. Só vejo coisas positivas sobre esse livro e cada dia desejo mais! Li apenas um livro da escritora e adorei a forma simples que ela escreve. Parabéns pela resenha!

    Beijos. (http://psamoleitura.blogspot.com.br)

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  7. Olá, Cida.
    Não sei porque mas fiquei com a impressão de que eles não terminam juntos hehe. Eu também li A probabilidade e me encantei com a história, por isso estou com muita vontade de ler esse livro. Assim que der eu vou comprar e conferir hehe.

    Blog Prefácio

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  8. Oi, Cida! Eu também gostei muito de "A probabilidade estatística". Achei fofo e ao mesmo tempo delicado ao tratar do amor dos protagonistas, mas também de temas mais tristes. Por isso me animei muito quando soube do lançamento de outro livro dela aqui e fiquei muito feliz ao ler sua resenha. Parece que a autora manteve algumas das características que tanto me agradaram no outro livro. Já estava na lista de desejados.

    Beijos, Entre Aspas

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  9. Oi Cida!!! Não peguei pra ler ainda, mas quero muito ler! E poxa, saber o final realmente só na última página, já tô vendo que vou morrer de ansiedade rsrsrsrs

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  10. Linda , a capa desse livro. bjus.
    https://pedagogaliteraria.blogspot.com.br/

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  11. Olá Cida,

    Essa é uma autora que eu conheço pouco. Os livros mais famosos dela eu não tive muito interesse em ler e acabei lendo um não tão bom o Ser feliz é assim. Esse livro me lembrou o Simplesmente acontece que curti, no caso, se tiver a oportunidade lerei. Quem sabe não tira a impressão ruim da autora. =)

    Bjs, @dnisin
    www.sejacult.com.br

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    Respostas
    1. Oi Denise! O Ser Feliz não tem uma história muito empolgante, leia este aqui ou A Probabilidade que são os melhores.

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