[Resenha] O Pequeno Caderno Das Coisas Não Ditas

O Pequeno Caderno Das Coisas Não Ditas
Título Original: The Authenticity Project
Autor(a): Clare Pooley
Editora: Verus                                Páginas: 364
Lançamento: 2022                         Ficção de Cura, Romance    
Tradução: Ana Rodrigues 
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O pequeno caderno das coisas não ditas é um bálsamo para os tempos atuais, que os leitores vão levar no coração e ler com verdadeiro prazer. Um caderninho verde, seis estranhos e uma amizade inesperada - quem sabe até amor... Julian Jessop, um artista excêntrico e solitário, acredita que as pessoas não são realmente honestas umas com as outras. Mas e se fossem? Então ele escreve a verdade sobre a própria vida em um caderno verde e o deixa no café do bairro. O local é administrado pela organizada e eficiente Monica, que furtivamente adiciona sua história e deixa o caderno no bar de vinhos do outro lado da rua. Em pouco tempo, as outras pessoas que se deparam com o caderno acrescentam suas verdades mais íntimas - e acabam se encontrando pessoalmente no café da Monica. Os personagens de O pequeno caderno das coisas não ditas - incluindo Hazard, o viciado charmoso que faz a promessa de ficar sóbrio; Alice, a fabulosa mãe influenciadora cuja vida real é muito menos perfeita do que parece online; entre outros - são peculiares e engraçados, devastadoramente tristes e dolorosamente reais. Esta é uma história sobre ser corajoso e mostrar seu verdadeiro eu - e descobrir que isso não é tão assustador quanto aparenta. Na verdade, se parece muito com felicidade.

O Pequeno Caderno Das Coisas Não Ditas, de Clare Pooley traz uma histórias de pessoas que se encontraram por causa de um caderno, pessoas estas que cansadas da solidão, estavam em busca de conexões. 

Julian já foi um artista muito famoso, convivia com gente badalada e adorava ter um caso amoroso. Não é uma má pessoa, mas foi um marido péssimo. Já um idoso e sozinho, amarga o luto pela perda da esposa. Teme se desprender do passado, vivendo em meio a uma série de coisas antigas que acumulou. Ele sente que precisa ao menos ser honesto uma vez na vida e deixando as aparências de lado, cria o Projeto Autenticidade. Tal projeto consiste em um caderno onde se escreve a verdade sobre si e sobre o que sente, a seguir deixa-se o caderno em um lugar para que outra pessoa o encontre e faça o mesmo. 

"Todo mundo mente sobre a própria vida. O que aconteceria se, em vez disso, você compartilhasse a verdade. Aquela única coisa que define você, que faz todo o resto a seu respeito se encaixar? Não na internet, mas com as pessoas reais ao seu redor."

O caderno é encontrado por Monica, a dona da cafeteria no bairro defensora da independência feminina, mas que não deixa de sonhar com um marido e filhos. Depois chega em Hazard, um homem que quer se livrar do vício de drogas e álcool e ter em sua vida relacionamentos que durem mais que uma noite. Depois vem Riley o australiano que viaja o mundo. Alice a influenciadora que posta na internet a vida perfeita de mãe e esposa, quando na verdade está sofrendo, perdida na maternidade e infeliz no casamento. Há outros, que devido ao caderno se encontram e passam a conviver juntos, dando início a esta história que toca fundo em nosso coração. 

Eu já havia lido desta autora As Pessoas na Plataforma 5 e amei. Assim estava em busca de outro livro dela e acabei me deparando com esta obra. É uma história sobre pessoas comuns (poderia ser você ou eu ali no papel) que estão em busca de conexões, que precisam de amor, amigos, companhia, um lugar seguro para desabafar, para se sentir em segurança e acolhido. É tocante, explorando com sensibilidade emoções que nem sempre conseguimos demonstrar

Eu amo este tipo de história, que nos faz refletir e também traz conforto para o coração. Acredito que este livro também possa ser encaixado no gênero ficção de cura, embora não seja de origem oriental como os primeiros que foram lançados aqui. Enfim, é um tipo de história que fala de pessoas para pessoas e gera muita empatia e identificação.

Os personagens de Clare Pooley são sempre bem desenvolvidos. Ela dá espaço para cada um na história e permite ao leitor conhecê-los profundamente. Você se vê interessado neles, e o tom muito íntimo da narrativa, como um grande desabafo, faz com que a gente se sinta parte do que está acontecendo. Nosso interesse em acompanhar aonde eles chegarão aumenta a cada página.

Você pode gostar de todos, não gostar ou mesmo gostar dele em alguns momentos e em outros não. Não é dessa mesma forma na vida real? Pessoas são complexas e nem sempre conseguimos agradar.

Além dessa abordagem humana, a autora aborda muitos assuntos relevantes na história, e destaco a crítica em relação a viver de aparências e evitar mostrar o nosso eu real. Alice e sua internet são o exemplo mais forte, mas, mesmo sem redes sociais, muitas vezes nos escondemos e nos protegemos atrás de imagens falsas para não demonstrar fraqueza. Julian é o exemplo mais gritante, pois mente consideravelmente sobre seus feitos, a ponto de, em determinado momento, não conseguir mais diferenciar o real do imaginário.

A história é envolvente, divertida e emocionante. Eu me vi totalmente imersa na trama, torcendo para que aquelas pessoas fossem felizes. Fui até mesmo surpreendida por uma reviravolta final relacionada a Julian, que me deixou sem chão. Há apenas um aspecto da história que eu gostaria que tivesse sido diferente, pois deixou o final um tanto agridoce. Dona Clare Pooley, apesar de mostrar uma verdade universal, poderia ter poupado meu coração.

Eu recomendo muito para quem gosta de história sobre amizades, autenticidade, insegurança, solidão, gentileza. É sobre abrir o coração e acolher quem precisa. 


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