[Resenha] Amber House

Amber House

Título Original: Amber House (The Amber House Trilogy #1)

Autor(a): Kelly Moore, Tucker Reed, Larkin Reed

Editora: Jangada      Páginas: 352

Lançamento: 2013      ISBN:  9788564850446

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Sarah nunca tinha pisado em "Amber House", a imponente propriedade pertencente à família havia três séculos, onde dizem estar escondidos diamantes entre aquelas paredes. Ao se mudar com seu irmão e sua mãe, a garota logo se sente atraída tanto pelo belo Richard, que lhe apresenta um mundo de riqueza e privilégios, quanto pelo enigmático Jackson, que a desafia a encontrar os diamantes. Sarah começa a ter visões da história da mansão e pouco a pouco, descobre os segredos de Amber House: crimes antigos e traições recentes. Ela precisa descobrir logo as respostas para todos os enigmas existentes, antes que o passado aprisione a todos para sempre.

Um passado que assombra o presente com seus ecos e que irá definir o futuro.

Amber House, publicado no Brasil pela Editora Jangada, é o primeiro volume da trilogia de mesmo nome das autoras Kelly Moore, Tucker Reed e Larkin Reed. Kelly iniciou esta trama em meados de 1980, mas acabou deixando o projeto parado, há alguns anos atrás suas filhas encontraram o manuscrito e retomaram o trabalho. Eis aqui o resultado.

Esta história reúne elementos bem atrativos como uma casa antiga cheia de segredos, romance, mistério, lendas, visões do passado, traição e crimes adormecidos. Uma mescla bem casada, que prende o leitor do começo ao fim.

Eu gosto de histórias passadas em casas antigas, isso exerce um fascínio sobre mim difícil de explicar, é um sentimento de exploradora que surge e quero desvendar todos os segredos que tal lugar esconde. Quando comecei a ler Amber House estava com as expectativas elevadas e posso dizer alegremente que foram atingidas, a casa não é uma casa apenas, é um lugar que existe há mais de três séculos, com enigmas ocultos em seus espelhos, jardins e passagens secretas. A casa é um personagem, tem vida e nos permite uma viagem no tempo através dos ecos dos passado.

Com a morte da avó, Sarah Parsons finalmente conheceu Amber House, a casa construída por sua família em sua chegada ao EUA, um local lindo, rico em relíquias e história, e possivelmente assombrado. O lar de piratas e pessoas loucas. Lá, a garota teve a oportunidade de conhecer suas origens e um dom especial... Sarah conseguia voltar ao passado ao tocar os objetos e assim viu toda a vida de cada pessoa que viveu ali, inclusive a de sua mãe. A garota percebeu que nunca soube nada sobre a história de sua família, ao passo que todos os moradores daquele local pareciam saber tudo, a casa era venerada por toda e qualquer pessoa nas redondezas, e Sarah não conseguia entender por qual motivo. Sua curiosidade aumentou ao notar o rancor que a mãe tinha do local e ao saber por um jovem que lá residia, que ali havia um tesouro escondido. Usando de certas artimanhas, a menina convenceu a mãe a permanecer mais tempo ali, assim poderia buscar as respostas para tantas perguntas.

É a partir deste interesse de Sarah na casa que o história segue, as autoras usaram de uma narrativa em primeira pessoa, pela voz da protagonista, para nos inserir em uma trama cheia de peças soltas e muito suspense. Seguimos com a garota por este local mágico e cheio de vida, para descobrir uma história intrigante e com uma pitada de sobrenatural muito interessante. A história tem uma atmosfera envolvente e obscura (senti medo em muitas partes), sabia que havia ali muito escondido, mas nada foi revelado rapidamente, as autoras souberam criar um clima carregado de tensão e mistério, de forma a despertar a nossa curiosidade.

Sarah é uma excelente personagem, que cresce conforme a trama avança. Uma menina agradável, gentil, boa filha e boa irmã. Dona de uma paciência enorme para lidar com a mãe, uma mulher oportunista, fria e arrogante. Se a mãe é totalmente detestável, não posso dizer o mesmo do irmão caçula, Sammy, um garotinho autista de nos cativa prontamente. É a mocinha que convence em sua jornada, ela começa totalmente perdida e vai aos poucos absorvendo a nova realidade que encontrou, ela não acredita em tudo de maneira repentina, pelo contrário, vai aceitando conforme a razão permite, mas é claro que em determinado momento não há mais como negar que aquele local é fora do comum, então ela mergulha de vez na alma de Amber House.

“…me fascinava e me repugnava. Senti-me triste. O passado e o futuro de alguma forma haviam se confundido, aqui em Amber House. Eu não gostava disso. Eu só queria ser meu antigo eu de novo. Alguém mais simples. Mais inocente.”

Além dela, temos uma gama de personagens ligados a casa, cada um parte daquela história, com cicatrizes fundas e muitas e muitas camadas. São poucos os livros que encontro os personagens cebola, e este foi um deles, eu particularmente aprecio este desnudar, onde a cada camada tirada vemos uma alma mais e mais densa.

Não vou entrar em detalhes sobre cada fato que é descoberto ali, mas posso dizer que literalmente o passado e o futuro se encontram. E enquanto isso, o presente também traz cenas deliciosas de acompanhar, como o interesse amoroso de dois jovens por nossa doce protagonista, mas não pensem em um triângulo amoroso clichê, é algo muito mais profundo que liga estes corações.

A narrativa segue uma evolução perfeita, introduzindo, ambientando e nos levando até um desfecho totalmente inesperado. Eu acreditava em um final leve depois de tanta tensão, mas as autoras conseguiram fazer algo ainda mais forte e chocante. É um final fechado, mas não deixa de abrir portas para novas aventuras de Sarah.

Com uma pesquisa histórica apurada, cenários ricamente descrito em detalhes e aquele clima de suspense, além de personagens com uma profundidade única, Amber House é um dos melhores livros que li, um YA extremamente inteligente, com uma trama única.

“Mas, e por que não? Esta era Amber House, afinal de contas, onde o passado nunca estava morto e enterrado.”

Próximo volume, Neverwas