[Resenha] Gélido

Gélido

Título Original: Ice Cold

Autor: Tess Gerritsen

Editora: Record      Páginas: 368

Lançamento: 2013      ISBN:   9788501092328

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Quando a médica-legista Maura Isles reencontra um antigo amigo de faculdade durante um congresso, parte em uma viagem com ele e seu grupo. Porém, um acidente com o carro em meio a uma nevasca os leva ao inóspito vilarejo de Kingdom Come, onde algo terrível parece ter ocorrido. Enquanto isso, a detetive Jane Rizzoli recebe a notícia do desaparecimento da amiga e decide investigar seu destino. Assim, enquanto tenta descobrir o que houve com Maura, embrenha-se em uma trama envolvendo uma misteriosa seita e segredos do passado.

Arrepiante! E garanto que não é por causa do frio.

Apesar de ter na minha estante, faz um tempinho, O Clube Mefisto e Relíquias, este foi o primeiro livro de Tess Gerritsen que li, e sinceramente me arrependo de não ter conhecido seu trabalho antes. 

Gélido é o oitavo livro da série Rizzoli & Isles, publicado no Brasil pela Editora Record. Apesar de fazer parte de uma série, é aquele tipo de livro que você pode ler tranquilamente sem ter lido os anteriores, pois trazem histórias independentes em cada volume, protagonizadas pela patologista Maura Isle e pela detetive Jane Rizzoli.

Eu não senti nenhuma dificuldade neste leitura, consegui entender perfeitamente a trama e não senti falta de ler os outros livros, claro que agora eu quero ter toda a coleção, mas confesso que já vou ler os dois que tenho, depois compro os demais. 

Maura Isle é uma pessoa regrada, que gosta de manter sua vida sob controle, no entanto, seu último relacionamento amoroso quebrou esta regra. Apaixonada por alguém que não pode corresponder suas expectativas, está vivendo um momento conturbado e triste em sua vida, pois sabe que este romance não vai chegar em lugar nenhum, algo simplesmente incontrolável. Participando de um congresso médico, reencontra um antigo colega de faculdade, Doug, um cara boa pinta e super otimista, algumas vezes até demais. Um menino crescido, bem charmoso. Interessado em Maura, convida a doutora para esquiar com ele, a filha e um casal de amigos. Ela, disposta a fugir de sua rotina, aceita, no entanto não imaginava o quanto aquela viagem mudaria sua vida.  

O que deveria ser apenas um final de semana tranquilo, começa a dar errado quando o carro deles atola em uma vala, em uma estrada deserta. O local, além de estar inacessível devido a uma forte nevasca, fica longe de tudo, não há possibilidade de voltar, e a única alternativa é um vilarejo próximo, conhecido por Kingdom Come, mas lá não há ajuda, somente doze casas vazias, com fortes sinais que os moradores saíram as pressas, deixando até mesmo o jantar no prato, intocado.

O que aconteceu naquele local? Onde estão seus moradores?

Sabem aqueles filmes de suspense bem assustadores, que assistimos bem encolhidinhos no sofá e qualquer barulho nos faz dar aquele pulo? Bem, foi esta a sensação que me acompanhou durante esta leitura, e mesmo com medo, eu curti demais.

Uma trama onde tudo e todos são muitos suspeitos, fingem ser o que não são. Não sabemos onde esta história vai nos levar, a única certeza que temos, é que a série de fatos que vão sendo apresentados resultarão em algo terrível. Mas as razões não são apresentadas de cara, e isso instiga o leitor a seguir adiante em busca de uma explicação coerente. A história prende, quem é curioso, como eu, vai virar as páginas sem perceber, em busca de mais e mais, e os capítulos curtos ajudam muito, sempre alternando nos diversos cenários da história, finalizam com algo impactante.

O cenário não fica restrito ao local em que Maura está isolada, mesmo ali sendo onde mais o leitor fica assustado, é apenas a ponta de um iceberg, pois quando a amiga da doutora, Jane entra na trama investigando o que ocorreu com Maura, vemos uma universo de corrupção, mistério, assassinatos e fanatismo religioso abrir-se para nós. 

Jane é quem dá o toque policial em tudo. Na busca por Maura, não mede esforços, mostra que é capaz de mover montanhas pelo bem dos que ama. Percebemos aqui um laço de amizade muito forte, mesmo tendo outros amigos, família e companheiros, uma é o verdadeiro porto seguro da outra.

Esta relação suaviza um pouco a tensão do enredo, mas não ao ponto de aliviar o que encontramos, pois existe uma carga emocional muito forte neste livro. O que mais mexeu comigo foi a questão da fé cega e desmedida, que permite pessoas oportunistas tirar proveito dos mais simples e crédulos, mascarando assim crimes horrendos, como a pedofilia. 

Mas também existem cenas que emocionam. Em sua busca por sobrevivência, Maura encontra um jovem de dezesseis anos, abandonado pela família, muito doce e carente. Rato é um menino excelente, que mesmo sofrido e assustado, não deixa de estender a mão amiga para as pessoas e mexe profundamente com a doutora e conosco.

Em situações onde a morte é mais certa que a vida, vemos as pessoas fazerem coisas que não acreditavam serem capazes e mudar seu jeito de ser.

Rancor, vingança, quarenta e um corpos e tantos outros elementos já citados, que poderiam tornar este livro confuso, mas que a autora conseguiu unir de forma tão justinha, que ao final temos um desfecho conclusivo e satisfatório, que agrada todo fã do gênero. 

Eu agora preciso ler os outros livros desta série, pois a dupla de protagonistas, cheia de humanidade, me conquistou, são mulheres fortes e corajosas, que nos permitem identificação com seus valores e personalidades. Despertam admiração e muito simpatia.

Podem ler tranquilamente sem ter lido os demais, garanto um ótimo entretenimento, mas não me responsabilizo pelo vício imediato.